Cânion do rio Poty, em Crateús, e Riacho da Matinha, no Crato, recebem proteção ambiental legal
Ao todo, decreto estadual dá proteção legal a três áreas, ampliando para 28 o número de unidades estaduais de conservação.
O Ceará ganhou mais três áreas de conservação ambiental. São duas na região Norte, que abrangem o rio Poti - o Parque Estadual do Cânion e a Área de Proteção Ambiental (APA) - e a Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) no Riacho da Matinha, no Cariri cearense.
As três áreas agora passam a ter proteção ambiental de forma oficial a partir de assinatura de decreto pelo governador Camilo Santana, criando o trio de unidades de conservação, nesta segunda-feira (28).
O Parque Estadual do Cânion Cearense do Rio Poti tem uma área de 3.680,55 hectares e está localizado nos municípios de Crateús e Poranga. Ainda no entorno do curso do rio foi implantada a Área de Proteção Ambiental (APA) do Boqueirão do Poti, que tem mais de 63 mil hectares e abrange os municípios de Crateús, Ipaporanga e Poranga.
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No Cariri cearense, no município de Crato, foi criada a Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) Riacho da Matinha, que fica no entorno do Parque de Exposições, em área urbana.
Mediante a implantação oficial desses espaços de proteção ambiental, o biólogo e ambientalista, Dauyzio Alves Silva, frisou que “quando as comunidades participam, ganham-se aliados na conservação".
O ambientalista Dauyzio Silva mostrou também a importância para o turismo ecológico.
É um passo importante para a manutenção da qualidade de vida da população dessas cidades atendidas e esperamos que as pessoas abracem, reconheçam e visitem essas unidades”
Para o governo estadual, as três áreas têm potencial para atraírem turistas e se transformarem em locais de visitação ao longo do ano. “Há outras áreas de conservação que estão em estudo e em breve devem receber proteção legal”, anunciou Camilo Santana. “Agora podemos ter controle e maior proteção nessas unidades”.
Estudos técnicos da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), em fragmentos analisados, revelam diversidade biológica nas três áreas protegidas, em meio ao espaço urbanizado. Foram observados ciclos em processos ecológicos de nutrientes, água, regulação do microclima local, qualidade do ar, controle da erosão e fertilidade do solo.
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Cânion
O Parque Estadual do Cânion Cearense do Rio Poti fica em um espaço rural e se destaca por sua beleza natural, preservação de sítios arqueológicos de gravuras rupestres e de um sítio paleontológico de icnofósseis (pegadas, marcas de mordidas etc).
Abrangendo uma área de mais de 63 mil hectares, a APA do Boqueirão do Poti, vai além do espaço proposto para o Parque Estadual. O ambiente tem presença de fragmentos conservados de vegetação, assegurando o fluxo gênico das espécies habitantes, dos dois lados da Chapada da Ibiapaba, que separa o Ceará do Piauí.
A APA do Boqueirão do Poti preserva nascentes, assegura recarga hídrica do aquífero local, permite a perenidade do rio Poti no trecho caracterizado pelo cânion.
Cariri
A proteção legal para a Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) da Matinha trouxe um sentimento de alegria para os gestores locais. Inserida, em sua integralidade, sob a aplicação da Lei da Mata Atlântica, bem como na Área Prioritária para Conservação da Caatinga CA139 – Chapada do Araripe, e localizada no entorno do Parque de Exposições do Crato, é classificada por importância biológica e por necessitar de conservação.
É denominada de Riacho da Matinha porque é cortada por um curso de água. “Será um espaço para caminhada e de oferta de serviço ecológico para o espaço urbano”, pontuou Camilo Santana. “O marco legal atende uma reivindicação dos gestores”.
A Arie do Crato vai ofertar o projeto Via o Parque, conforme adiantou o secretário de Meio Ambiente do Estado, Artur Bruno. “É uma área verde, preservada e está no entorno da cidade”, destacou. “Vamos levar ações culturais para que a população possa participar e usufruir dessa unidade”.
Desafio
O secretário de Meio Ambiente do Crato, Stepheson Ramalho, revelou que os gestores municipais estão otimistas com o marco legal e felizes. “A gente já aguardava essa decisão que vai permitir uma maior preservação, o encaminhamento de projetos de conservação”, disse. “Para nós foi um passo gigantesco”.
A Arie Riacho da Matinha dispõe de 6,9 hectares e abriga o Viveiro de Mudas Nativas do Crato e a sede do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Lá se encontram pés de sabiá, jatobá, aroeira, pau d’óleo (copaíba), abricó de macaco, coco babaçu, macaúba e frutíferas da Chapada do Araripe.
“O nosso desafio é conviver com o seu contorno que sofre o impacto urbano, da presença do homem e assegurar a preservação para as gerações futuras”, finalizou Ramalho.
A orientadora de Célula da Coordenadoria de Biodiversidade (Cobio/SEMA), do Crato, Andrea Moreira, pontuou que a Unidade de Conservação “está inserida em local de relevância ambiental, científica e histórico-cultural, com forte apelo para a manutenção de remanescentes de ecossistemas naturais”.
Andrea Moreira disse que será “priorizada a instalação de processos de recuperação da mata ciliar do riacho da Matinha e de sua qualidade ambiental”.