Leite da janaguba tem propriedade medicinal

Escrito por Redação ,
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Mesmo sem comprovação científica para o leite da janaguba, a medicina popular atesta curas pela planta

Crato.
O Crato está vendendo mais de 1.000 litros de leite de janaguba por mês, uma planta nativa da Serra do Araripe que, de acordo com a medicina popular, é "um santo remédio" no combate ao câncer e no tratamento de tumores, furúnculos, edemas, artrites e ainda como vermífugo e laxante.

Apesar de vários casos de curas atribuídas ao uso da planta, não há conhecimento público da realização de ensaios clínicos para a comprovação ou negação da eficácia e segurança terapêutica deste vegetal. A aplicação do leite de janaguba contra o câncer foi feita pelo médico cratense José Ulisses Peixoto, depois de comprovar vários casos de cura em seu consultório. Até então, a única informação era de que a planta era utilizada como cicatrizante pelos índios.

Tradição

O uso popular de plantas medicinais é uma arte que acompanha o ser humano desde os primórdios da civilização, sendo fundamentada no acúmulo de informações repassadas oralmente de geração para geração. Ao longo dos séculos, os produtos de origem vegetal constituíram a base para tratamento de diferentes doenças no Mundo. No Brasil, a exploração de recursos genéticos de plantas medicinais está relacionada, em grande parte, à coleta extensiva e extrativa do material silvestre. Apesar do volume considerável de exploração das várias espécies medicinais na forma bruta ou de seus subprodutos, as pesquisas básicas ainda são incipientes.

Padre Ibiapina

A administração e controle do extrativismo e da comercialização da janaguba foi repassada à Fundação Padre Ibiapina, entidade da Diocese do Crato, com o compromisso de promover um estudo sobre a planta. Porém, a entidade perdeu o controle da exploração da planta. Hoje, existem mais de dez postos de venda do leite de janaguba no Município do Crato. O preço varia entre R$ 13,00 e R$ 15,00.

O pioneiro na venda do leite de janaguba na região é Marcos Cartaxo Esmeraldo, que mantém em sua casa uma relação de dezenas de pessoas que se dizem curadas de câncer. São relatos dramáticos de pessoas que estavam desenganadas pelos médicos e desesperadas. Marcos vende para todo o Brasil cerca de 360 litros de leite de planta por mês. Esta semana, ele recebeu uma encomenda de um funcionário do Palácio do Planalto, em Brasília.

Para Marcos, a comercialização "é uma forma de evangelização". Com lágrimas nos olhos, ele diz que é gratificante amenizar a dor de pessoas que já procuraram todos os recursos médicos. "Eu me tornei um verdadeiro cristão, Já fui convidado para ser ministro das Eucaristia", comemora.

Controle

A coleta da seiva de janaguba é controlada pelos órgãos ambientais e por pessoas autorizadas e habilitadas para a função. O músico Luiz Galdino, residente na Serra do Araripe teve que fazer um curso de extrativismo. A coleta só pode ser feita na sexta-feira em áreas delimitadas pelo Ibama. Cada um dos extrativistas tem a sua área de atuação.

A extração será paralisada nos meses de outubro e dezembro. É o período do descanso da árvore para que ela posse se recuperar. Por ocasião da coleta é retirada uma casca, em sentido vertical, com cerca de um metro. O trabalho é demorado. Com a retirada da casca, a madeira começa a soltar uma seiva branca que é recolhida com uma colher para dentro de um copo e, posteriormente, acondicionada num depósito de vidro ou plástico.

Para ter um uso correto, deve-se agitar bem a seiva já misturada com água. Recomenda-se tomar duas colheres das de sopa após o café, duas colheres depois do almoço e duas depois do jantar. Nos cânceres uterinos e retais, fazer duchas com a seiva de três em três dias, além de ingerir normalmente por via oral. Nos cânceres externos aplicar diariamente a seiva sobre a lesão, continuando normalmente a dose oral.

CRISTÃO

"Eu já me tornei um verdadeiro cristão. Já fui convidado até para ser Ministro da Eucaristia"

Marcos Cartaxo Esmeraldo
Vendedor de janaguba

Fique por dentro
Árvore nativa

A janaguba pertence à família das apocináceas, da chapada do Araripe, do gênero pluméria, e variedade botânica não identificada até o hoje. É uma árvore de porte médio e produz uma seiva leitosa que transpira quando se retira um pedaço da casca. A serva da janaguba é colhida no natural e, quando conservada em temperatura média de 4 graus centígrados, isopor com gelo, ou em geladeira, pode durar até 90 dias. Quando em estado de repouso, o látex se condensa no fundo do recipiente. O tratamento terá duração mínima de1 ano.

MAIS INFORMAÇÕES
Marcos Cartaxo Esmeraldo
Rua Luiz Pereira, 14, (88) 3521.0696
Luiz Galdino, Sítio Belmonte - zona rural do Crato, (88) 3523.8721

ANTÔNIO VICELMO
Repórter