Benefício foi desviado para não cadastrados
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Redação
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Hidrolândia. As irregularidades no repasse das verbas do programa Bolsa Família, neste município, atingem pessoas com as mais variadas situações econômicas. Uma delas é a empregada doméstica Antônia Gerlene de Oliveira. Segundo ela conta, o cartão do benefício não havia sido liberado no momento em que mais precisou. “Tive que pedir esmola e implorar as pessoas para comprar o leite para o meu filho”, afirma, completando que o bebê tem intolerância à lactose e só pode se alimentar com o leite Nan, que custa R$ 80,00 em média na cidade.
Para ter acesso ao benefício, Gerlene lembra que a ex-coordenadora do programa em Hidrolândia, Moema Timbó, entregou um papel com o Número de Identificação Social (NIS) do Bolsa Família.
“Era para eu ir na agência da Caixa Econômica Federal, em Ipu, e procurar o Antônio Carlos. Como eu não encontrei, falei com outra pessoa. Aí fui informada que aquele papel não valia nada e que haviam tirado R$ 800 do meu benefício”, denuncia Gerlene.
“Depois que o Antônio Carlos chegou no banco, ele me repreendeu, dizendo que aquele assunto só poderia ser tratado com ele próprio. Quando voltei, a Moema disse que era mentira do funcionário do banco, que não tinham sacado os R$ 800”, diz. Com a falta do benefício, Gerlene enfrentou muitas dificuldades para manter o filho saudável. Lembra que, no momento mais complicado de sua vida, teve que vender os móveis da casa para comprar o Nan do filho Davi. “Nessa época, eu fiz três cadastros e nunca recebi o dinheiro”, salienta.
Além disso, a principal prova de que Moema teria ficado com dinheiro das famílias beneficiadas pelo programa é que cerca de R$ 300 foram devolvidos a uma das famílias. “No programa de rádio local, o prefeito informou que há irregularidades com o pagamento do programa e que Moema havia devolvido R$ 300 de saque”, diz o vereador Jailson Timbó.
Loteria
De acordo com a ex- funcionária da casa lotérica, Carmem Lúcia Martins, um funcionário indicado por Moema, por mais de uma vez, sacou os benefícios, utilizando vários cartões. “Por vários momentos, Moema pedia para que o saque do dinheiro fosse efetuado com o objetivo de ajudar a população mais carente. No início, a gente achava que ela fazia para ajudar mesmo. Não tinha como maldar. Ela ligava e pedia pra gente retirar o dinheiro de cinco ou seis cartões, sempre dizendo que as pessoas não podiam perder o transporte. Mas depois, quando demorava muito, ela mesma pegava o dinheiro na lotérica, quando as pessoas já tinham ido embora”, destaca. “Se for apurar realmente tudo isso, a nossa participação é mínima”.
Sobre os saques que já haviam sido efetuados, Carmem conta que era comum os beneficiados irem à lotérica sair de lá sem o dinheiro, pois o saque já havia sido efetuado. “Isso acontecia demais. As pessoas iam lá e não tinham como receber dinheiro”, afirma.
Segundo o prefeito de Hidrolândia, Afrânio Mesquita, as irregularidades foram apresentadas e foi solicitada a exoneração do cargo de Moema. “Pedimos explicações à ela para o que estava acontecendo, mas nada aconteceu. Demos outro prazo para ela e mesmo assim não nos apresentou nada”.
Conforme o gestor, uma das irregularidades apresentadas estão relacionadas aos saques realizados mesmo quando os beneficiados receberam novo cartão. “Com o novo cartão, o antigo deveria ter sido quebrado, mas não aconteceu isso. Foi aí que as pessoas, quando iam tirar dinheiro, recebiam a informação de que o saque foi realizado. E todas as senhas que ela tinha acesso pelo sistema haviam sido canceladas”, conta o prefeito.
Ele também denuncia que o nome do vereador Jailson Timbó constava no cadastro do Bolsa Família, como forma de aumentar as chances de um de seus tios ser beneficiado com o dinheiro do programa do governo federal.
BENEFÍCIOS ILEGAIS
Caixa desconhece problema
Hidrolândia. A reportagem manteve contato por telefone com o gerente regional de canais da Caixa Econômica Federal, Gilberto Barden, mas foi informada que nenhuma denúncia referente ao funcionário Antônio Carlos havia chegado à instituição. Segundo afirmou, o programa realiza-se dentro da legalidade na região. “Já estou há três anos no Ceará e até agora não havia recebido denúncias sobre irregularidades em Hidrolândia”.
Para resolver esta situação, Gilberto diz que a Caixa deve ser informada pelos denunciantes sobre as supostas irregularidades no programa do governo federal. Porém, adiantou que se as pessoas continuarem recebendo o benefício somente com o NIS deve questionar junto à agência, “porque um dia o cartão chega”.
Para Rute Barrocas, gerente do Núcleo de Transferência de Renda da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Estado, o prefeito foi orientado para seguir os procedimentos para a fiscalização do repasse do benefício. “O objetivo é acompanhar e orientar para que o gestor saiba como proceder diante das irregularidades apresentadas”.
´AFASTAMENTO VOLUNTÁRIO´
Ex-coordenadora nega irregularidades
Hidrolândia.Mesmo com as irregularidades apresentadas pelo vereador Jailson Timbó, por famílias do município que ficaram sem o repasse, pela ex-funcionária da agência lotérica e da confirmação do prefeito da cidade, Afrânio Marques, a ex-coordenadora do programa Bolsa Família, Moema Timbó, nega qualquer tipo de irregularidade referente à sua gestão. Para ela, tudo não passa de mais um “jogo político” na cidade, porque ela pretende se candidatar a vereadora para as eleições do próximo ano.
De acordo com Moema, Jailson iniciou a denúncia porque foi descoberto que seu nome constava no cadastro do Bolsa Família para beneficiar um tio. “Ele, como vereador, deveria ter pedido para cancelar seu cadastro. Ele deveria ter dado exemplo à população”, diz Moema. Para ela, todas as acusações do vereador deverão ser comprovadas para “tirar essa história a limpo”.
Além disso, Moema diz que o seu afastamento da coordenadoria foi voluntário e não que o prefeito a tenha exonerado do cargo. Mas um documento enviado ao Diário do Nordeste pela Prefeitura Municipal de Hidrolândia, comprova que Moema Timbó foi exonerada no dia 14 de novembro. “Eu saí porque eu quis, para cuidar do meu filho e não ter complicações na minha gravidez”, conta Moema Timbó.
Em relação às reclamações apresentadas pelas famílias, Moema diz que cada família passa por situações diferentes e que existem casos em que o benefício é cancelado, por depender da renda, da assiduidade do aluno na escola e dos componentes de cada família. “No caso da Gerlene, ela teve o benefício cancelado porque o pai levou um de seus filhos para o Rio de Janeiro e fez o cadastro da criança lá também”, esclarece. “No caso da Jucilene, ela está recebendo o benefício normalmente e a próxima data está marcada para agora, no dia 20 deste mês. O cartão dela está funcionando normalmente”, diz Moema.
De acordo com a ex-coordenadora, o trabalho que foi desempenhado por ela no município teve repercussão nas comunidades mais carentes, principalmente por aumentar a quantidade de beneficiados em Hidrolândia. “Quando começamos, tivemos um aumento muito grande na quantidade de famílias a serem beneficiadas. E sem contar com os ofícios solicitando o retorno do pagamento às famílias”, diz.
Para ter acesso ao benefício, Gerlene lembra que a ex-coordenadora do programa em Hidrolândia, Moema Timbó, entregou um papel com o Número de Identificação Social (NIS) do Bolsa Família.
“Era para eu ir na agência da Caixa Econômica Federal, em Ipu, e procurar o Antônio Carlos. Como eu não encontrei, falei com outra pessoa. Aí fui informada que aquele papel não valia nada e que haviam tirado R$ 800 do meu benefício”, denuncia Gerlene.
“Depois que o Antônio Carlos chegou no banco, ele me repreendeu, dizendo que aquele assunto só poderia ser tratado com ele próprio. Quando voltei, a Moema disse que era mentira do funcionário do banco, que não tinham sacado os R$ 800”, diz. Com a falta do benefício, Gerlene enfrentou muitas dificuldades para manter o filho saudável. Lembra que, no momento mais complicado de sua vida, teve que vender os móveis da casa para comprar o Nan do filho Davi. “Nessa época, eu fiz três cadastros e nunca recebi o dinheiro”, salienta.
Além disso, a principal prova de que Moema teria ficado com dinheiro das famílias beneficiadas pelo programa é que cerca de R$ 300 foram devolvidos a uma das famílias. “No programa de rádio local, o prefeito informou que há irregularidades com o pagamento do programa e que Moema havia devolvido R$ 300 de saque”, diz o vereador Jailson Timbó.
Loteria
De acordo com a ex- funcionária da casa lotérica, Carmem Lúcia Martins, um funcionário indicado por Moema, por mais de uma vez, sacou os benefícios, utilizando vários cartões. “Por vários momentos, Moema pedia para que o saque do dinheiro fosse efetuado com o objetivo de ajudar a população mais carente. No início, a gente achava que ela fazia para ajudar mesmo. Não tinha como maldar. Ela ligava e pedia pra gente retirar o dinheiro de cinco ou seis cartões, sempre dizendo que as pessoas não podiam perder o transporte. Mas depois, quando demorava muito, ela mesma pegava o dinheiro na lotérica, quando as pessoas já tinham ido embora”, destaca. “Se for apurar realmente tudo isso, a nossa participação é mínima”.
Sobre os saques que já haviam sido efetuados, Carmem conta que era comum os beneficiados irem à lotérica sair de lá sem o dinheiro, pois o saque já havia sido efetuado. “Isso acontecia demais. As pessoas iam lá e não tinham como receber dinheiro”, afirma.
Segundo o prefeito de Hidrolândia, Afrânio Mesquita, as irregularidades foram apresentadas e foi solicitada a exoneração do cargo de Moema. “Pedimos explicações à ela para o que estava acontecendo, mas nada aconteceu. Demos outro prazo para ela e mesmo assim não nos apresentou nada”.
Conforme o gestor, uma das irregularidades apresentadas estão relacionadas aos saques realizados mesmo quando os beneficiados receberam novo cartão. “Com o novo cartão, o antigo deveria ter sido quebrado, mas não aconteceu isso. Foi aí que as pessoas, quando iam tirar dinheiro, recebiam a informação de que o saque foi realizado. E todas as senhas que ela tinha acesso pelo sistema haviam sido canceladas”, conta o prefeito.
Ele também denuncia que o nome do vereador Jailson Timbó constava no cadastro do Bolsa Família, como forma de aumentar as chances de um de seus tios ser beneficiado com o dinheiro do programa do governo federal.
BENEFÍCIOS ILEGAIS
Caixa desconhece problema
Hidrolândia. A reportagem manteve contato por telefone com o gerente regional de canais da Caixa Econômica Federal, Gilberto Barden, mas foi informada que nenhuma denúncia referente ao funcionário Antônio Carlos havia chegado à instituição. Segundo afirmou, o programa realiza-se dentro da legalidade na região. “Já estou há três anos no Ceará e até agora não havia recebido denúncias sobre irregularidades em Hidrolândia”.
Para resolver esta situação, Gilberto diz que a Caixa deve ser informada pelos denunciantes sobre as supostas irregularidades no programa do governo federal. Porém, adiantou que se as pessoas continuarem recebendo o benefício somente com o NIS deve questionar junto à agência, “porque um dia o cartão chega”.
Para Rute Barrocas, gerente do Núcleo de Transferência de Renda da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Estado, o prefeito foi orientado para seguir os procedimentos para a fiscalização do repasse do benefício. “O objetivo é acompanhar e orientar para que o gestor saiba como proceder diante das irregularidades apresentadas”.
´AFASTAMENTO VOLUNTÁRIO´
Ex-coordenadora nega irregularidades
Hidrolândia.Mesmo com as irregularidades apresentadas pelo vereador Jailson Timbó, por famílias do município que ficaram sem o repasse, pela ex-funcionária da agência lotérica e da confirmação do prefeito da cidade, Afrânio Marques, a ex-coordenadora do programa Bolsa Família, Moema Timbó, nega qualquer tipo de irregularidade referente à sua gestão. Para ela, tudo não passa de mais um “jogo político” na cidade, porque ela pretende se candidatar a vereadora para as eleições do próximo ano.
De acordo com Moema, Jailson iniciou a denúncia porque foi descoberto que seu nome constava no cadastro do Bolsa Família para beneficiar um tio. “Ele, como vereador, deveria ter pedido para cancelar seu cadastro. Ele deveria ter dado exemplo à população”, diz Moema. Para ela, todas as acusações do vereador deverão ser comprovadas para “tirar essa história a limpo”.
Além disso, Moema diz que o seu afastamento da coordenadoria foi voluntário e não que o prefeito a tenha exonerado do cargo. Mas um documento enviado ao Diário do Nordeste pela Prefeitura Municipal de Hidrolândia, comprova que Moema Timbó foi exonerada no dia 14 de novembro. “Eu saí porque eu quis, para cuidar do meu filho e não ter complicações na minha gravidez”, conta Moema Timbó.
Em relação às reclamações apresentadas pelas famílias, Moema diz que cada família passa por situações diferentes e que existem casos em que o benefício é cancelado, por depender da renda, da assiduidade do aluno na escola e dos componentes de cada família. “No caso da Gerlene, ela teve o benefício cancelado porque o pai levou um de seus filhos para o Rio de Janeiro e fez o cadastro da criança lá também”, esclarece. “No caso da Jucilene, ela está recebendo o benefício normalmente e a próxima data está marcada para agora, no dia 20 deste mês. O cartão dela está funcionando normalmente”, diz Moema.
De acordo com a ex-coordenadora, o trabalho que foi desempenhado por ela no município teve repercussão nas comunidades mais carentes, principalmente por aumentar a quantidade de beneficiados em Hidrolândia. “Quando começamos, tivemos um aumento muito grande na quantidade de famílias a serem beneficiadas. E sem contar com os ofícios solicitando o retorno do pagamento às famílias”, diz.