Após queda de estoques na pandemia, doações de sangue voltam a subir no Ceará

Entre janeiro e junho deste ano, o número de bolsas captadas voltou a crescer e chegou a 48.292, número aproximando ao existente no mesmo período de 2019

Escrito por Honório Barbosa , regiao@svm.com.br
Hemocentro de Iguatu / doação de sangue
Legenda: Uma estratégia usada pelo hemocentro de Iguatu para manter o estoque é a captação externa
Foto: Honório Barbosa

A pandemia do novo coronavírus trouxe um impacto negativo na doação de sangue no Brasil e, recentemente, o Ministério da Saúde reforçou a importância do ato para aumentar os estoques. No Ceará, já há sinais de retomada de doações se aproximando da quantidade anterior à pandemia.

Na manhã desta quinta-feira (2), o eletricista Sildervan Mendes, 41, na cidade de Iguatu, na região Centro-Sul cearense, foi um dos que voltaram a doar sangue. “Sempre gostei de ser doador, mas com essa pandemia fiquei com medo e esperei a situação melhorar e agora decidi fazer a doação”.

Entre janeiro e junho deste ano, o número de bolsas captadas voltou a crescer e chegou a 48.292, número aproximando ao existente no mesmo período de 2019 (49.594).

No primeiro semestre de 2020, com o início da pandemia do coronavírus, as doações captadas no Ceará foram de 44.701 bolsas de sangue, uma queda de 10,1% em comparação com igual período de 2019 (49.594).

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Uma estratégia usada pelo hemocentro de Iguatu para manter o estoque é a captação externa. Nesta quarta-feira (1º), a equipe técnica foi à cidade de Acopiara, no Centro-Sul cearense e, nesta quinta-feira, à Parambu, na região dos Inhamuns, em busca de doadores. Nessas duas últimas campanhas, foram recolhidas cerca de 200 bolsas.

“Somos um dos hemonúcleos que mais conseguem captação externa e fazemos de forma agendada e segura, mas houve períodos da pandemia em que as cidades estavam sob lockdown e as doações caíram 8% na média”, disse o diretor de captação do Hemocentro de Iguatu, Emanuel Matias da Silva.

Agora a gente já observa a volta dos doadores”
Emanuel Matias da Silva
Diretor de captação do Hemocentro de Iguatu

O diretor observa, entretanto, que se houve queda nas doações de sangue, também ocorreu diminuição da demanda, porque “houve redução no número de acidentes, as cirurgias eletivas foram suspensas e até a criminalidade caiu”.

Protocolos para doação segura

Nágela Lima, coordenadora da captação de doadores do Hemoce em Fortaleza, pontuou as medidas de segurança adotadas em todas as unidades. “Trabalhamos seguindo os protocolos de distanciamento, afastamento das cadeiras, uso de máscara, álcool em gel e com doações agendadas, com dia e horário definidos”, frisou. “Mesmo durante a pandemia, o Hemoce mantém o estoque em níveis de segurança transfusional e até mandamos sangue para outros Estados, graças à solidariedade do cearense”.

Mais de 90% das doações recebidas no Ceará são espontâneas, ou seja, feitas por doadores voluntários, e não de reposição, aqueles chamados por parentes de quem precisa receber transfusão. “O estoque está dentro da margem de segurança com atendimento para mais de 12 dias”, pontuou Nágela Lima.

Homem doando sangue na unidade do Hemoce em Fortaleza
Legenda: Segundo Nágela Lima, coordenadora da captação de doadores do Hemoce em Fortaleza, medidas de segurança são adotadas em todas as unidade, com distanciamento, afastamento das cadeiras, uso de máscara, álcool em gel e agendamento
Foto: Hemoce/Divulgação

Estratégias

Valdiene Fernandes, diretora do Hemoce de Quixadá, no Sertão Central, traz um aspecto diferenciado à doação de sangue naquela unidade durante a pandemia, obtendo número de bolsas recolhidas superior ao período anterior da pandemia. “Usamos a estratégia de fazer agendamentos e de convocar os doadores por telefone, mensagem de WhatsApp e deu certo, vencendo essa situação tão difícil”.

Para a diretora do Hemocentro Regional do Crato, no Cariri cearense, “os estoques foram mantidos dentro da segurança graças ao trabalho em rede entre todas as unidades e às ligações feitas para todos os doadores cadastrados”.

Fabíola Alencar observou ainda que “hoje percebemos que a situação começou a voltar à normalidade (anterior à pandemia), tanto em Crato, quanto no hemonúcleo de Juazeiro do Norte”. No Cariri as coletas externas em 28 municípios também reforçam o estoque de bolsas de sangue.  

Hemocentro de Iguatu / doação de sangue
Legenda: Entre janeiro e dezembro de 2020 foram coletadas 92.524 bolsas de sangue no Ceará
Foto: Honório Barbosa

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Entre janeiro e dezembro de 2020 foram coletadas 92.524 bolsas de sangue no Ceará. Esse número representa uma queda de 8% do total de doações no mesmo período em 2019.

Essa diminuição não chegou a comprometer o atendimento ou interferir nas transfusões no Estado. Nesse período, o Hemoce manteve o atendimento a todos os pacientes do Ceará e chegou a enviar bolsas de sangue para outros estados, como São Paulo, Minas Gerais, Sergipe e Paraná.

Além da sede, em Fortaleza, o Hemoce conta com hemocentros regionais nas cidades de Crato, Sobral, Quixadá e Iguatu, e um hemonúcleo em Juazeiro do Norte. Na capital cearense, o Hemoce conta, ainda, com os postos de coleta da Praça das Flores e do IJF.

 
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