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PT quer filiar outros 10 prefeitos e assumir hegemonia de prefeituras no Ceará antes de 2024

Após conquistar a presidência e o Governo do Estado, somado à crise vivida pelo PDT, partido se encaminha para ter maior número de prefeitos no Estado

Escrito por Luana Barros , luana.barros@svm.com.br
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Legenda: Com a eleição de Lula e Elmano de Freitas, o PT se fortaleceu no Ceará e pode chegar em 2024 como maior partido em número de prefeituras
Foto: Thiago Gadelha

O Partido dos Trabalhadores pode chegar a 2024 como o partido com o maior número de prefeituras no Ceará — um número que a sigla pretende que seja ampliado após as eleições municipais do próximo ano.

O novo cenário é resultado do crescente número de filiações de prefeitos ao PT — que ganhou força após a legenda eleger o presidente Lula (PT) e o governador Elmano de Freitas (PT) — somado a uma debandada dos gestores municipais do PDT, até então a legenda com o maior número de prefeituras no Estado. 

No próximo sábado (16), serão, pelo menos, 8 novos prefeitos que chegam ao PT em grande evento de filiação que deve marcar também a entrada do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará (Alece), Evandro Leitão. O número de adesões, no entanto, pode ser maior, chegando a 10 novos gestores municipais petistas. 

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Com isso, o partido chega às 40 prefeituras comandadas por petistas — atualmente, são 32. Foram confirmados os prefeitos Professor Marcelão (de São Gonçalo do Amarante), Ítalo Brito Alencar (de Nova Olinda), Laís Nunes (de Icó) e Zé Dival (de Itatira). 

Outros seis estão em negociação e precisam ter pedido de filiação referendado na reunião da Executiva estadual nesta quinta-feira (14) para participarem da solenidade de filiação no sábado. 

Líder do PT na Assembleia Legislativa, De Assis Diniz citou os gestores de Uruoca, Kennedy Aquino, e de Granja, Anibal Filho como gestores que o PT também estará "recepcionando" em suas fileiras. 

Novos petistas

Outros gestores municipais haviam anunciado a filiação ao PT ao longo de 2023. A última delas foi a prefeita de Jati, Mônica Mariano. Eleita pelo PSD em 2020, ela anunciou a filiação ao PT em agosto deste ano.

Também desembarcaram na sigla os prefeitos de Amontada, Flávio Filho (eleito pelo PTB), e de Cascavel, Tiago Ribeiro (eleito pelo Cidadania). 

A solenidade de filiação deste sábado deve contar com uma presença maior de prefeitos desembarcando na sigla, já que a previsão é de 8 a 10 gestores municipais filiados. 

O último evento com volume parecido de filiações ocorreu em janeiro 2022, quando o PT filiou 12 prefeitos egressos de siglas como PDT, PSB, PCdoB, Psol e Republicanos. Deste, apenas o prefeito Francisco das Chagas Mendes, conhecido como Meu Deus, acabou saindo da sigla para se filiar ao PSB

Prefeito de Milagres, Cícero Figueiredo foi eleito em 2020 pelo PDT e retornou aos quadros do PT em 2022 durante o período pré-eleitoral. "Concorri em 2020 pelo PDT por força de uma questão local aqui em Milagres, em concordância com o próprio PT, e, logo que pude retornei ao partido", ressalta.

Ele explica que percebe o movimento de colegas prefeitos "buscando essa migração" para o Partido dos Trabalhadores. "Principalmente devido à boa relação com o ministro (da Educação) Camilo Santana", destaca, citando especificamente a importância da liderança do ex-governador no Cariri. 

O prefeito ressalta que o retorno do PT ao governo é uma "nova oportunidade" dada ao partido. "É hora da gente atualizar, evoluir dentro de uma perspectiva de política nova, diferenciada. E no Cariri a gente tem que fortalecer o partido, de maneira sólida, ser visto aqui como uma unidade regional", aponta.

'O PT já é hoje o maior partido'

A debandada de prefeitos do PDT pode ser formalizada ainda na próxima semana. Pelo menos, 43 gestores informaram que devem sair da sigla pedetista após divergência com a ala comandada pelo presidente nacional interino do PDT, deputado federal André Figueiredo (PDT), e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT). 

O senador Cid Gomes (PDT), que lidera o grupo que está de saída do PDT, pretende definir a nova agremiação em reunião na próxima segunda-feira (18). A meta do senador é que todo o grupo desembarque junto em uma única sigla — além dos gestores municipais, 20 parlamentares (entre titulares e em exercício) pediram carta de anuência para desfiliação. 

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Para De Assis Diniz, o PDT tem "desconfigurada" a posição como maior partido do estado após o anúncio da saída de prefeitos e parlamentares. "O PT já é, hoje, o maior partido", destaca o deputado, ressaltando que, no sábado, o número de prefeitos petistas pode chegar a 43. 

"Nós trabalhamos para que o PT tenha candidatura própria nas grandes cidades e possamos manter a cidade que já governamos e quem sabe ampliar", ressalta De Assis. Ele considera que o objetivo do partido é conquistar entre 50 e 60 prefeituras, mas que não descarta a "meta ambiciosa" do PT chegar ao comando de 70 prefeituras cearenses. 

A deputada estadual Jô Farias (PT) reforça a opinião do colega de bancada e considera que o PT "tem tudo para ser o maior partido do Ceará". Ela acredita que novas filiações devem ser anunciadas até 2024, porque existem pedidos de filiação de prefeitos e de vereadores no aguardo de análise. 

Presidente do PT de Horizonte, ela disse que tem participado de diálogos sobre a entrada e cita que existem lideranças municipais do "Vale do Caju" interessadas em ir para o partido, como em Pacajus e Ocara. Em outros casos, como em Cascavel e São Gonçalo do Amarante, a entrada dos gestores já foi efetivada ou está encaminhada. 

"A articulação está sendo feita pela (Executiva) estadual. Temos que poder agregar a todos e somar. Está feito com cuidado e maestria para que possa ajudar o presidente Lula e o governador Elmano", ressalta. 

Ela cita que este cuidado é necessário, inclusive, porque o PT faz parte de "guarda-chuva" de legendas que apoia o Governo Elmano no Ceará. "Vai ser importante para a construção política do Estado. Precisa desses braços que possam ajudar o presidente Lula a governar e precisa que o governador Elmano tenha tranquilidade para governar", diz. 

Diretrizes para 2024

Com as perspectivas de receber novos prefeitos até abril do próximo ano, Conin elencou três diretrizes que devem guiar as estratégias do PT para as eleições municipais. A primeira delas é a reeleição de quem, atualmente, já está no comando do Executivo municipal. 

"Para isso a gente está tentando fazer todo um esforço de acompanhamento das gestões. Como estão essas gestões, qual a avaliação delas. Tem umas que estão bem avaliadas, outras com alguma dificuldade. O partido precisa estar junto, acompanhando, orientando no que for possível, apoiando no que for possível", exemplifica. 

Para o dirigente partidário, o apoio do governo federal e estadual — comandados por Lula e Elmano — são importantes para atingir essa meta. "Para os prefeitos incrementarem as suas ações nesse final de ano e no próximo ano", reforça. 

A segunda diretriz, segundo ele, é "recuperar gestões". "Municípios que já governamos, que a população já conhece o PT, já experimentou o modo petista de governar, está sendo governado por outro projeto e pode comparar", diz. 

Entre os exemplos, está Fortaleza, que já foi governada por Maria Luiza Fontenele (na época, no PT), e pela deputada federal Luizianne Lins (PT), que é novamente pré-candidata ao cargo de prefeita da Capital. Outros municípios citados por ele são Crateús, Senador Pompeu, Quixadá e Salitre. 

Por último, devem ser priorizados os municípios "importantes para o PT e para a geopolítica do estado". Neste caso, ele cita as cidades da Região Metropolitana de Fortaleza como exemplos. "Municípios que têm importância geopolítica para o estado e que têm lideranças do PT, do nosso campo, muito bem posicionadas para disputar as eleições do ano que vem", reforça.

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