PGR solicita ao STF inquérito para investigar André Janones por suposta rachadinha
O deputado federal pode ter obtido vantagens financeiras de funcionários para pagar gastos com campanhas, segundo áudio vazado
A Procuradoria-geral da República (PGR) solicitou a abertura de um inquérito para investigar o suposto esquema de "rachadinha" no gabinete do deputado federal André Janones (Avante-MG). O pedido foi encaminhado nesta sexta-feira (1º) ao Supremo Tribunal Federal (STF). Uma denúncia contra o parlamentar foi feita nesta semana por um ex-assessor do mandato, com a divulgação de um áudio.
O pedido da PGR foi assinado pela vice-procuradora-geral Ana Borges. No documento, ela pede que seja esclarecido se o deputado federal se associou a assessores para cometer crimes contra a administração pública.
A procuradoria quer saber se houve "sistemáticos repasses ao agente político de parte dos recursos públicos destinados ao pagamento das remunerações desses servidores públicos, mediante prévio ajuste, prática popularmente conhecida como 'rachadinha'".
Janones pode ter obtido "vantagens econômicas indevidas", segundo o pedido. O parlamentar nega a prática e afirma que a denúncia é infundada e baseada em ilegalidades. Nessa quarta-feira (29), o Partido Liberal (PL) entregou à Mesa Diretora da Câmara dos Deputados um pedido de cassação contra o deputado.
Em nota nesta sexta ao g1, a assessoria de André Janones disse que ele vê a solicitação da PGR com "alegria", pois não praticou crime: "Ele recebeu com extrema alegria a notícia, ninguém tem mais pressa do que ele que isso seja esclarecido".
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PF já investiga suposto esquema
A Polícia Federal (PF) já investiga, desde 2021, se no gabinete de André Janones havia rachadinhas". A possibilidade foi levantada após o ex-assessor do deputado, Cefas Luiz, divulgado um áudio à imprensa.
No áudio, Janones disse que é injusto ele ganhar R$ 25 mil e usar R$ 15 mil para pagar a dívida de sua campanha à Prefeitura de Ituiutaba em 2016. "O Mário vai ganhar R$ 10 mil. Eu vou ganhar R$ 25 mil líquido. Só que o Mário, os R$ 10 mil é dele líquido. E eu, dos R$ 25 mil, R$ 15 mil eu vou usar para as dívidas que ficou de 2016. Não é justo, entendeu?", afirma.
A gravação possui 49 minutos e se passa em uma reunião de funcionários de Janones em fevereiro de 2019, quando ele foi eleito pela primeira vez deputado.
“Algumas pessoas aqui, que eu ainda vou conversar em particular depois, vão receber um pouco de salário a mais. E elas vão me ajudar a pagar as contas do que ficou da minha campanha de prefeito. Porque eu perdi R$ 675 mil na campanha. ‘Ah isso é devolver salário e você tá chamando de outro nome’. Não é. Porque eu devolver salário, você manda na minha conta e eu faço o que eu quiser", diz Janones, supostamente, no áudio.