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Parlamentares no Ceará minimizam crise no 7 de setembro e miram eleitorado

Deputados e vereadores devem aproveitar atos do feriado para marcar posição junto a eleitores

Escrito por Felipe Azevedo , felipe.azevedo@svm.com.br
manifestantes a favor de bolsonaro na praça portugal, em fortaleza
Legenda: Praça Portugal deve receber manifestantes em Fortaleza no dia 7 de setembro
Foto: Helene Santos

Os protestos mobilizados por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em Fortaleza e em outros municípios cearenses, no dia 7 de setembro, devem contar com a presença de deputados federais, estaduais e vereadores ligados ao presidente.

Apesar da tensão em torno da mobilização e do teor antidemocrático de pautas que devem ser defendidas no ato, parlamentares minimizam conflitos e devem aproveitar eventos para se aproximar das bases eleitorais.

Ao comentarem questões sobre supostas ameaças ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Congresso Nacional, parlamentares minimizam o teor anticonstitucional da manifestação. Segundo eles, o motivo de irem às ruas é pela harmonia entre os Poderes.

Em Fortaleza, estão previstas carreata por ruas da cidade e concentração na Praça Portugal, no bairro Aldeota. Há expectativa de atos também em cidades como Quixeramobim, Maracanaú e São Gonçalo do Amarante. 

Vereadores da Capital têm feito mobilização nos bairros onde atuam.

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É o caso dos vereadores Márcio MartinsJulierme Sena, ambos do Pros. Segundo eles, no dia 7, sairão dos bairros onde exercem liderança em “mini carreatas”, até encontrar os demais manifestantes na Praça Portugal.  

Esse movimento evidencia uma estratégia de reafirmação das bases às vésperas de nova disputa eleitoral, com nomes que devem tentar reeleição ou vagas nos Legislativos estadual e federal. 

Também com representação no Legislativo de Fortaleza, os vereadores Inspetor Alberto (Pros), Priscila Costa (PSC) e Sargento Reginauro (Pros) confirmaram presença na manifestação da próxima terça-feira.  

“É importante que não se transforme os atos do 7 de setembro em atos bolsonarista. Existem pessoas que não são simpatizantes do Bolsonaro, mas que não aceitam a 'ditadura da toga', esse abuso por parte dos ministros”, destaca Márcio Martins, em referência a STF.  

Julierme Sena diz que os atos são em defesa da democracia, e não contra as regras constitucionais.  

O deputado estadual Soldado Noélio (Pros) segue a mesma linha e afirma que não é possível classificar os atos como antidemocráticos, uma vez que eles ainda não aconteceram.   

“Eu vejo cidadãos que estão insatisfeitos com as instituições e têm direito de fazer cítricas; todo mundo critica os deputados e o presidente, por que não pode criticar o STF? A gente tem que guardar o dia 7 pra dizer que os atos serão antidemocráticos”, pontua o deputado. 

Para o deputado federal Dr. Jaziel (PL), que também confirmou participação nas manifestações do feriado, "falar sobre ser ato antidemocrático é um escárnio, é forçar a barra. É um direito que as pessoas têm de se expressar. É preciso que os poderes se alinhem".

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Discurso dos presidentes

A tensão gerada em torno dos protestos de 7 de Setembro fez com que os presidentes da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão (PDT), e da Câmara Municipal de Fortaleza, Antônio Henrique (PDT), discursarem em defesa da democracia e alertando sobre os riscos de uma ruptura democrática no País.

Na sessão da quinta-feira (2), o deputado Evandro Leitão questionou manifestações de apelo autoritário. Ele pediu uma reflexão da sociedade sobre a importância do Estado Democrático de Direito. 

Na Câmara Municipal, o vereador Antônio Henrique seguiu a mesma linha do correligionário.

“A democracia se faz a partir do diálogo e da articulação de pensamentos divergentes em busca de um consenso. Um bem-estar da maioria. Pensar diferente não nos faz inimigos: sem dialogar, nós fazemos uma escolha pela ruptura. Apenas a partir do diálogo e da boa convivência podemos construir uma sociedade melhor e um País mais justo, igualitário e livre", argumentou.

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