No Ceará, Lula faz aceno ao Congresso, critica Bolsonaro e reforça liderança de Camilo e Izolda
O presidente assinou medida provisória que estabele o programa Escolas de Tempo Integral, em Fortaleza
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou evento em Fortaleza para falar sobre a relação com o Congresso Nacional e ressaltou que pretende "conversar com todo mundo". Lula também criticou o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e elogiou a gestão de Camilo Santana (PT) e Izolda Cela no Ceará – e como os resultados obtidos no estado foram fundamentais para levá-los para o comando do Ministério da Educação.
A declaração foi feita durante evento no Centro de Eventos, nesta sexta-feira (12), quando o presidente também assinou medida provisória que estabelece o programa Escolas de Tempo Integral. A previsão é a ampliação do modelo com oferecimento de mais 1 milhão de matrículas.
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O presidente iniciou o discurso explicando o motivo da escolha de Camilo para comandar a pasta da Educação. "O Ceará sempre foi qualificado como o estado de melhor qualidade de educação. Então, na hora de escolher o ministro da Educação, eu não tive dúvidas de escolher o Camilo", ressaltou.
"Mas aí era preciso que o Camilo tivesse a pessoa que ajudou a fazer ele essa educação, que era a Izolda. Eu falei: 'então, eu vou trazer o Camilo e a Izolda para fazer uma revolução educacional nesse país. Para que, em alguns anos, esse país não deva nada a ninguém na qualidade da educação do nosso povo".
Em outros momentos do discurso, o presidente ressaltou outras medidas que têm sido adotadas por Camilo à frente do Ministério da Educação, como a reunião com reitores de universidades e institutos federais e as ações adotadas para combater ataques violentos em escolas no País.
"O Camilo propôs R$ 3 bilhões para combater a violência estimulada pela utilização da internet. (...) Nós vamos tentar combater a violência nas escolas e o Camilo já colocou R$ 3 bilhões à disposição. Claro que precisamos de todos os prefeitos do Brasil, todos os governadores", citou Lula.
Relação com o Congresso Nacional
Após sofrer duas derrotas no Congresso Nacional, o presidente Lula aproveitou a passagem pelo Ceará para fazer acenos a deputados federais e senadores. "Não é o Congresso que precisa do governo, é o governo que precisa do Congresso. Por isso, a relação tem que ser civilizada", disse o petista.
Ele ressaltou que, ao chegar ao governo, o gestor "faz ou não faz" e que para implementar as medidas, ele irá "conversar com todo mundo".
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Na semana passada, o Governo Lula não conseguiu votos suficientes para votar a chamada PL das Fake News, que regula o funcionamento das plataformas digitais no Brasil, na Câmara dos Deputados. O projeto é uma das prioridades do presidente e, apesar do apoio do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), teve que ter a votação adiada.
Além disso, o Congresso acabou derrubando mudanças feitas pelo Executivo no Marco do Saneamento. Um dos principais problemas tem sido que, mesmo partidos que integram a gestão federal, não têm ainda votado de maneira unificada junto com o governo, como o União Brasil, MDB, PSB e PSD.
"Não tem que perguntar que partido que é, tenho que pedir para votar em nós", ressaltou. "Eu tenho que conversar com quem gosta de mim e com quem não gosta de mim", discursou.
'Esse país foi desgovernado'
Sem citar o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula criticou o governo do antecessor e adversário nas eleições presidenciais de 2022. "Nos últimos quatro anos esse país foi desgovernado. Parece que uma praga de gafanhoto passou por esse país e conseguiu destruir um monte de coisa que estava construída", disse.
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Ele citou medidas que não foram adotadas durante o governo do ex-presidente, como a ausência de reajuste de servidores federais, e a falta de diálogo com estados e municípios. "Esse governo que saiu não conversava com governador, com prefeito, com sindicato, com nenhuma organização", criticou.
Ele ainda citou os atos golpistas que depredaram o Palácio do Planalto e as sedes do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, no último dia 8 de janeiro, e as recentes investigações contra Bolsonaro por suspeita de fraude no cartão de vacinação.
"Agora tá dentro de casa com o rabinho preso, está prestando depoimento. Ele vai saber o quão ruim é mentir durante o processo do governo. Até o cartão de vacina ele falsificou. Imagina que qualidade do presidente da República, numa pandemia, matando 700 mil pessoas e ele falsificou o cartão de vacina".
"Deus queira que nunca mais esse País tenha alguém tão antidemocrático", completou. "É esse o país que eles construíram, o país do ódio, da mentira, da venda das nossas empresas públicas, do desmonte do estado brasileiro. Nós vamos reconstruir esse país", disse.
O presidente também aproveitou para reforçar medidas que devem ser implementadas, como a volta da Farmácia Popular e o aumento anual do salário mínimo "acima da inflação".