Militar integrante dos Kids Pretos que morou no Ceará será ouvido pela PF na próxima semana
Tenente-coronel é apontado pela Polícia Federal como integrante do plano para matar o presidente Lula, Alckmin e Moraes; defesa diz que as suspeitas 'não condizem com a realidade'
O tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, um dos presos preventivamente desde a última terça-feira (19), apontado pela Polícia Federal (PF) como envolvido na articulação de um plano para capturar ou matar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o vice Geraldo Alckmin (PSB), deve prestar depoimento na próxima semana à PF.
Ele, que integra um grupo especial de elite do Exército Brasileiro conhecido como "kids pretos", morou no Ceará e estudou em um colégio cearense antes de ingressar nas Forças Armadas.
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O relatório final sobre a trama golpista tem 884 páginas e está sob sigilo de Justiça no STF. A expectativa é que o ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito na Corte, envie o documento à Procuradoria-Geral da República (PGR) na próxima segunda-feira.
O tenente-coronel é o único alvo de prisão preventiva da Operação Contragolpe que não consta na lista dos 37 indiciados pela PF por suposta participação em um plano de golpe de Estado. A PF deve ouvir Rodrigo Bezerra Azevedo na próxima semana e deve fazer complementos ao documento no qual consta a lista.
O que diz a defesa?
Segundo as investigações, Azevedo integrava o grupo da rede Signal chamado de "Copa2022". Nesse chat secreto, militares identificados com codinomes de países debatiam o itinerário e o monitoramento do ministro do STF Alexandre de Moraes por Brasília. No grupo, Azevedo recebia o nome de "Brasil".
"Tais fatos evidenciam que Rodrigo Azevedo associou-se à ação clandestina que tinha a finalidade de prender/executar o ministro Alexandre de Moraes, empregado técnicas de anonimização para se furtarem à responsabilidade criminal, visando consumar o golpe de Estado", diz o relatório da PF.
A defesa de Azevendo, o advogado Jeffrey Chiquini, em nota, diz que está "reunindo e organizando documentos e provas para apresentar às autoridades, com o objetivo de esclarecer os equívocos presentes no relatório da polícia judiciária. Tudo será devidamente demonstrado e comprovado. A prisão do oficial foi equivocada e desnecessária".
Também foi solicitado que o tenente-coronel que está preso no Rio de Janeiro seja transferido para Goiânia.
Afastamento do cargo
Além da prisão preventiva, o ministro Alexandre de Moraes determinou o afastamento de Azevedo do cargo. No fim de 2022, ele servia ao Comando de Operações Especiais, em Goiânia.
Segundo a PF, o tenente-coronel Azevedo também fazia parte de um grupo no WhatsApp chamado "Dosssss!!!", administrado pelo tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. No dia 30 de dezembro de 2022, ele postou uma mensagem, lamentando a falta de ação das Forças Armadas.
"Rapaziada esse grupo aqui pra mim perdeu a finalidade.... deixo aqui um abraço pra FE de verdade que fizeram o que podiam pra honrar o próprio nome e as Forças Especiais... qqq coisa estou no privado!! Força!!", escreveu ele.