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Empresários que defenderam golpe pelo WhatsApp são alvos da PF; cearense está na lista

Um dos alvo é Afrânio Barreira Lima, dono do Coco Bambu. A medida foi determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes

Escrito por Redação ,
alexandre de moraes
Legenda: Buscas foram determinadas pelo ministro Alexandre de Moraes
Foto: Carlos Moura/SCO/STF

A Polícia Federal cumpre, na manhã desta terça-feira (23), mandados de busca e apreensão em imóveis de oito empresários que compartilharam no WhatsApp mensagens em defesa de um golpe de Estado no Brasil. Os alvos são de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Ceará, cujo investigado é Afrânio Barreira Filho, do restaurante Coco Bambu.

Os mandados foram determinados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que também incluiu o bloqueio das contas bancárias dos empresários, bloqueio das contas nas redes sociais, tomada de depoimentos e quebra de sigilo bancário. 

Antes disso, advogados e entidades já haviam solicitado que os empresários fossem investigados no âmbito do inquérito das milícias digitais. Isso porque, segundo o portal Metrópoles, empresários apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) passaram a defender um golpe de Estado caso Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, vença as eleições deste ano. 

Quem são os empresários alvos da PF

Além de Afrânio Barreira Filho, do grupo Coco Bambu, outros supostos integrantes do grupo são:

  • Luciano Hang (dono da Havan); 
  • Ivan Wrobel (da construtora W3 Engenharia);
  • Marco Aurélio Raymundo, o "Morongo" (dono da marca de surfwear Mormaii);
  • José Isaac Peres (dono da gigante de shoppings Multiplan) 
  • José Koury (dono do Barra World Shopping, no Rio de Janeiro).
  • Também são citados Luiz André Tissot e Meyer Joseph Nigri.

 Afrânio Barreira

O mandado contra o empresário cearense foi cumprido na rua Osvaldo Cruz, no bairro Meireles, em Fortaleza, onde Afrânio Barreira mora.

A defesa de Afrânio Barreira, representada pelo advogado Daniel Maia, afirmou que "o mandado de busca e apreensão foi originado de denúncias falsas e infundadas, baseadas em uma perseguição política e pessoal que o Afrânio está sofrendo".

Segundo Maia, o empresário e familiares não se encontravam na residência durante o cumprimento do mandado judicial pela PF, porque estão em viagem. Apenas dois aparelhos celulares foram apreendidos. O próprio advogado acompanhou a diligência. 

Formado em Engenharia, Afrânio Barreira é dono da rede de restaurantes a la carte Coco Bambu. O empresário já atuou na mesma área em que é graduado, em lava-jato e pastelaria.

O advogado Daniel Maia reforçou ainda que a operação não tem como alvo o Coco Bambu. "O Afrânio está absolutamente tranquilo e disposto com a colaborar com a investigação. Ele tem interesse em mostrar a verdade, porque a verdade é que vai arquivar esse processo".

O próprio empresário também se pronunciou, por nota, alegando que se manifestou sobre o caso apenas com um "emoji". Ele afirma, ainda, estar tranquilo e confiar na justiça. 

“Estou absolutamente tranquilo, pois minha única manifestação sobre o assunto foi um “emoji” sinalizando a leitura da mensagem, sem estar endossando ou concordando com seu teor. Confio na justiça e vamos provar que sempre fui totalmente favorável à democracia. Nunca defendi, verbalizei, pensei ou escrevi a favor de qualquer movimento anti-democrático ou de “golpe”. Assim, sou a favor da liberdade, democracia e de um processo eleitoral justo", disse Afrânio Barreira.

Luciano Hang

Em nota divulgada no Twitter, Luciano Hang disse que "estava trabalhando em sua empresa, às 6h da manhã, quando a Polícia Federal o abordou e recolheu seu telefone celular". Ele afirma que a matéria do site Metrópoles "foi irresponsável e não retratou a verdade", e destaca que "nunca" falou "de STF ou de golpe" no grupo.

"Sigo tranquilo, pois estou ao lado da verdade e de consciência limpa [...]. Em minhas mensagens em um grupo fechado de WhatsApp está claro que eu nunca, em momento algum, falei sobre golpe ou sobre STF", declarou Hang na nota.

Luiz André Tissot

De acordo com o portal g1, a assessoria de Luiz André Tissot informou que a empresa e o empresário não irão se manifestar sobre o tema.

Marco Aurélio Raymundo

A defesa de Marco Aurélio Raymundo informou que o cliente "ainda desconhece o inteiro teor do inquérito, mas se colocou e segue à disposição de todas autoridades para esclarecimentos".

Ivan Wrobel

A defesa de Ivan Wrobel informou que o cliente tem "histórico de vida completamente ligado à liberdade". "Em 1968 foi convidado a se retirar do IME por ser contrário ao AI5. Nada na vida dele pode fazer crer que o posicionamento daquele momento tenha mudado. Colaboraremos com o que for preciso para demonstrar que as acusações contra ele não condizem com a realidade dos fatos", informou.

Teor das mensagens

No grupo "Empresários & Política", criado no aplicativo WhatsApp, os apoiadores de Jair Bolsonaro defendem uma possível ruptura democrática caso Lula (PT) seja eleito no pleito de outubro, derrotando o atual presidente.

O empresário José Koury comentou preferir "um milhão de vezes" um golpe de Estado à volta do Partido dos Trabalhadores.

"Prefiro golpe do que a volta do PT. Um milhão de vezes. E com certeza ninguém vai deixar de fazer negócios com o Brasil. Como fazem com várias ditaduras pelo mundo", disse. 

André Tissot, por sua vez, opinou que se o golpe tivesse ocorrido "nos primeiros dias de governo, teríamos ganhado outros 10 anos a mais". 

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