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'Conselhos', descontração e apoio político: veja bastidores da agenda de Geraldo Alckmin no Ceará

Evento no Palácio da Abolição contou com a participação de diversas autoridades

Escrito por Luana Barros , luana.barros@svm.com
Geraldo Alckmin
Legenda: O vice-presidente Geraldo Alckmin tem primeira agenda oficial no Ceará nesta sexta-feira (29)
Foto: Fabiane de Paula

A primeira agenda pública do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) no Ceará, nesta sexta-feira (29), foi marcada por discurso cheio de bom humor do também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. 

Ele esteve no Palácio da Abolição para o encontro Diálogos Exporta Mais Brasil. Ao lado, além do governador Elmano de Freitas (PT), teve o colega da Esplanada dos Ministérios, o ministro da Educação, Camilo Santana (PT). 

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O evento contou com forte participação de parlamentares e ex-parlamentares cearenses, entre os quais alguns ex-apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — que também chegou a capital cearense nesta sexta-feira. 

O Diário do Nordeste conta os bastidores da primeira agenda oficial do vice-presidente no Ceará. 

Conselhos aos candidatos a prefeito

Em discurso descontraído, o vice-presidente Geraldo Alckmin aproveitou para dar uma 'dica' para os que forem ser candidatos a prefeito em 2024. 

"Quem for ser candidato aqui (...)", iniciou o vice-presidente, interrompido brevemente por grito do deputado estadual Osmar Baquit (PDT): "Evandro!", disse em referência ao presidente da Assembleia Legislativa, Evandro Leitão, cotado como um dos pré-candidatos à Prefeitura de Fortaleza. 

A citação ao nome de Evandro arrancou uma risada de Alckmin e de algumas outras autoridades presentes no palco. 

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Na sequência, o vice-presidente continuou a dar conselhos e citou debate eleitoral que participou quando concorreu à Prefeitura de São Paulo, no ano 2000. 

Na época, ele concorreu contra Paulo Maluf, Marta Suplicy, Dr. Enéas e Fernando de Collor Melo — este último, acabou tendo a candidatura indeferida pela Justiça Eleitoral.

Alckmin falou que, durante o debate, Enéas perguntou a Collor de Melo qual a "composição do ar atmosférico" do distrito de Marsilac, localizado na cidade de São Paulo. "Que era o percentual de nitrogênio, oxigênio, monóxido de carbono e dióxido de carbono", contou ele, arrancando risos das autoridades presentes. 

"Não precisa dizer que o vexame foi total. Primeiro não sabia nem onde era o distrito de Marsilac", disse o vice-presidente, rindo. "Então, se preparem que pode cair, viu? Esse negócio de debate é um perigo". 

'Quórum' da Assembleia Legislativa

A forte participação de deputados estaduais no evento com o ex-presidente acabou virando brincadeira tanto nos discursos do ministro Camilo Santana como do governador Elmano de Freitas. 

No total, 13 parlamentares estaduais de partidos como PT, PDT, MDB e PMN prestigiaram o vice-presidente Geraldo Alckmin. "Portanto, há quórum para iniciar a sessão da Assembleia", brincou o governador após cumprimentar os deputados presentes, antes do discurso. 

Geraldo Alckmin Palácio da Abolição
Legenda: A agenda do vice-presidente contou com forte participação de parlamentares estaduais e federais
Foto: Fabiane de Paula

Também antes do discurso, Camilo Santana cumprimentou os parlamentares estaduais "no nome" do presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, Evandro Leitão. 

"Eu acho que a Assembleia está quase completa aqui hoje, viu Alckmin?", completou o ministro da Educação. 

Muitos parlamentares da bancada cearense no Congresso Nacional também estiveram presentes. Nove deputados federais, incluindo o líder do Governo Lula na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT), estiveram no evento, além da senadora Augusta Brito (PT). 

Ausência de Cid Gomes

O senador Cid Gomes (PDT) havia sido uma das presenças confirmadas no encontro Diálogos Exporta Mais Brasil, mas não compareceu ao evento. 

Ele, no entanto, veio para o Ceará na comitiva do vice-presidente Geraldo Alckmin e publicou vídeo da recepção a Alckmin no aeroporto de Fortaleza. 

Apesar de não ter estado no Palácio da Abolição, Cid foi citado em quase todos os discursos por conta de iniciativas adotadas por ele enquanto ainda era governador do Ceará, como a implementação da Zonas de Processamento de Exportação (ZPE). 

A atuação dele como presidente da Comissão Especial do Hidrogênio Verde do Senado Federal também foi citada durante as falas das autoridades presentes. 

A assessoria do senador informou que Cid deve participar do encontro de Geraldo Alckmin com empresários na Federação de Indústrias e Comércio do Ceará (Fiec).

'Salvamento' da indústria têxtil

O deputado Osmar Baquit também protagonizou uma troca de figurinhas com Geraldo Alckmin no meio do palco. Ao chegar no evento, pouco depois do discurso de Evandro Leitão, ele aproveitou o rápido momento de silêncio para fazer um agradecimento ao vice-presidente. 

"O Alckmin é o homem que salvou a indústria têxtil, o vice-presidente Alckmin, que recebeu e resolveu o problema", disse o parlamentar.

O momento gerou risos dos presentes e Camilo Santana aproveitou para brincar: "Chega atrasado", ao que Baquit retrucou dizendo que gostaria de receber Alckmin "na minha terra" quando o vice-presidente voltar ao Ceará.

No final do próprio discurso, Alckmin citou a fala de Baquit. "Quero agradecer a indústria têxtil", disse o vice-presidente. Baquit aproveitou para citar que a resolução do problema foi feita por meio do senador Cid Gomes. 

O vice-presidente contou então sobre conversas que teve com o senador cearense não apenas sobre a indústria têxtil, mas também a de calçados e a de siderurgia. 

Ex-bolsonaristas

Entre aqueles que prestigiaram o evento, estavam ex-apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Eleito pelo partido de Bolsonaro, Yury do Paredão saiu da legenda após manifestações de apoio ao Governo Lula. 

Agora, ele aguarda o aval do ministro Camilo Santana para escolher em qual legenda irá embarcar. 

Quem também esteve presente no público do evento foi o ex-deputado federal Heitor Freire (União). Aliado de primeira ordem de Bolsonaro na campanha eleitoral de 2018, Freire rompeu com o ex-presidente ainda no primeiro ano de governo, em 2019.

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Em maio, Heitor Freire foi nomeado, pelo Governo Lula, para a diretoria de Gestão de Fundos, Incentivos e Atração de Investimentos da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene).  

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