Legislativo Judiciário Executivo

Coletivo de mulheres do PT no Ceará cobra expulsão do vereador Ronivaldo Maia do partido

A nota manifesta "desconforto" com demora do procedimento interno instaurado para avaliar a conduta do político, investigado por tentativa de feminicídio

Escrito por Luana Severo ,
O vereador Ronivaldo Maia na tribuna da Câmara Municipal de Fortaleza.
Legenda: O vereador Ronivaldo Maia reassumiu seu mandato na Câmara Municipal de Fortaleza na semana passada.
Foto: Érika Fonseca/Cmfor

O coletivo de mulheres do Partido dos Trabalhadores (PT) no Ceará cobrou, nesta terça-feira (3), que o diretório estadual da legenda expulse de seus quadros o vereador de Fortaleza Ronivaldo Maia, investigado por tentativa de feminicídio. Para o grupo, o PT demora a dar uma resposta ao caso. “O tempo da política não é o mesmo do tempo burocrático”, critica. 

De acordo com a nota, divulgada nas redes sociais da Secretaria Estadual de Mulheres do PT, o procedimento disciplinar interno que corre contra o político desde dezembro do ano passado, na Comissão de Ética do partido, demora a dar uma solução para “este gravíssimo episódio” que, segundo o coletivo, foi cometido contra uma “companheira filiada” — Ronivaldo foi preso em flagrante em novembro de 2021 após, numa discussão, avançar o carro contra uma mulher de 36 anos.

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O coletivo disse ainda que "muito envergonha a luta das mulheres que a Câmara Municipal de Fortaleza tenha arquivado sumariamente o pedido de cassação do mandato do vereador" e que o parlamentar tenha retomado o exercício de seu mandato na última semana "impunemente", "como se nada houvesse acontecido".

"O Coletivo Estadual Ampliado de Mulheres do PT Ceará se dirige à nossa direção estadual, na pessoa do seu presidente, para: manifestar seu desconforto com a demora de uma solução para este gravíssimo episódio; comunicar ao conjunto do PT sua posição pela expulsão definitiva do referido vereador dos quadros partidários", completou a nota.

Ronivaldo está suspenso da executiva do PT na Capital desde dezembro. Segundo o vereador Guilherme Sampaio (PT), que preside a executiva municipal, "os trabalhos [da Comissão de Ética] estão adiantados, já tendo ocorrido várias reuniões". Ele também informou que o colegiado deve "brevemente" emitir "juízo sobre o caso" e enviar o parecer à direção estadual do partido, que será responsável por dar a palavra final sobre a expulsão.

O presidente do PT Ceará, Antônio Filho, o Conin, informou à coluna da jornalista Jéssica Welma que o processo disciplinar contra Ronivaldo Maia deve ser concluído em até um mês após o Conselho de Ética encerrar os procedimentos. Na manhã desta terça-feira (3), segundo ele, houve uma audiência de instrução na comissão para tratar do assunto.

"Se a instrução for concluída hoje, terá dez dias para alegações finais, e a Comissão de Ética apresentará o parecer para levar ao Diretório. Não deve levar mais de 30 dias para julgar no Diretório", pontuou o presidente, que ressaltou que o PT "não vai pactuar, de forma alguma, com nenhum tipo de violência, mas não vai fazer julgamento de exceção e suspender o direito de defesa de ninguém".

O Diário do Nordeste procurou o vereador Ronivaldo Maia para saber como ele se posiciona sobre a nota das mulheres do PT e aguarda retorno.

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Entenda o caso


Ronivaldo foi autuado em flagrante em novembro do ano passado por tentativa de feminicídio contra uma mulher de 36 anos com quem mantinha um relacionamento extraconjulgal. O vereador e a mulher teriam discutido em um carro e, depois disso, ele teria avançado o veículo contra ela e a arrastado alguns metros na rua.

O parlamentar, que estava licenciado da Câmara Municipal desde dezembro, chegou a ficar preso por dois meses. Ele foi solto em fevereiro deste ano.

Pedido de cassação


Em fevereiro, devido às investigações enfrentadas por Ronivaldo, a bancada do Psol na Câmara entrou com pedido de cassação contra o parlamentar por infração ao Código de Ética e Decoro da Casa. No entanto, o processo foi arquivado no início de abril pelo Conselho de Ética e Decoro, que só teve um voto contrário — o da vereadora Cláudia Gomes (PSDB), a única mulher que compõe o colegiado. 

Após o arquivamento, a bancada do Psol tentou reagir e angariar assinaturas para interpor recurso contra a decisão do Conselho. Porém, até o último dia 27 de abril, dia em que se encerrou o prazo para a ação, só haviam quatro assinaturas coletadas. Eram necessárias nove para reativar o caso na Câmara.

Mais informações em instantes.

 

 

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