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'Arquiteto do golpe': as acusações que levaram à prisão de Braga Netto

A prisão do general é resultado do inquérito responsável pela investigação da tentativa de golpe de estado

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Legenda: Braga Netto foi nomeado interventor em 2018 com a criação do Gabinete da Intervenção Federal (GIF)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Preso na manhã deste sábado (14), o general Braga Netto integrava dois dos seis núcleos criados para articular a tentativa de golpe de estado no Brasil após as eleições que resultaram na eleição de Lula, em 2022. 

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Segundo as investigações da Polícia Federal, ele era "responsável por incitar militares a aderirem ao golpe de Estado" e pelo núcleo de "oficiais de alta patente com influência" e apoio a outros departamentos criados para essa finalidade. 

Conforme documento de 800 páginas, um grupo de 37 pessoas, incluindo Braga Netto, teria se estruturado por meio de uma divisão de tarefas, o que teria permitido a "individualização das condutas", assim como a verificação da existência de grupos entre eles. Com isso, seis grupos foram descobertos. Confira:

  • Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
  • Núcleo Responsável por Incitar Militares a Aderirem ao Golpe de Estado;
  • Núcleo Jurídico;
  • Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
  • Núcleo de Inteligência Paralela;
  • Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas. 

Nesse contexto, Braga Netto, considerado arquiteto do golpe, é suspeito dos seguintes crimes:

  • Abolição violenta do Estado democrático de Direito;
  • Golpe de Estado;
  • Organização criminosa.

Entre os crimes investigados nesse esquema, estão os planos se assinar as seguintes autoridades:

  • Presidente Lula;
  • Vice-presidente Geraldo Alckmin;
  • Ministro do STF Alexandre de Moraes.

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Veja a lista de todos os investigados pela PF:

  1. Ailton Gonçalves Moraes Barros
  2. Alexandre Castilho Bitencourt Da Silva
  3. Alexandre Rodrigues Ramagem
  4. Almir Garnier Santos
  5. Amauri Feres Saad
  6. Anderson Gustavo Torres
  7. Anderson Lima De Moura
  8. Angelo Martins Denicoli
  9. Augusto Heleno Ribeiro Pereira
  10. Bernardo Romao Correa Netto
  11. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha
  12. Carlos Giovani Delevati Pasini
  13. Cleverson Ney Magalhães
  14. Estevam Cals Theophilo Gaspar De Oliveira
  15. Fabrício Moreira De Bastos
  16. Filipe Garcia Martins
  17. Fernando Cerimedo
  18. Giancarlo Gomes Rodrigues
  19. Guilherme Marques De Almeida
  20. Hélio Ferreira Lima
  21. Jair Messias Bolsonaro
  22. José Eduardo De Oliveira E Silva
  23. Laercio Vergilio
  24. Marcelo Bormevet
  25. Marcelo Costa Câmara
  26. Mario Fernandes
  27. Mauro Cesar Barbosa Cid
  28. Nilton Diniz Rodrigues
  29. Paulo Renato De Oliveira Figueiredo Filho
  30. Paulo Sérgio Nogueira De Oliveira
  31. Rafael Martins De Oliveira
  32. Ronald Ferreira De Araujo Junior
  33. Sergio Ricardo Cavaliere De Medeiros
  34. Tércio Arnaud Tomaz
  35. Valdemar Costa Neto
  36. Walter Souza Braga Netto
  37. Wladimir Matos Soares 

Quem é Braga Netto

Braga Netto e Bolsonaro 2
Legenda: Braga Netto esteve a frente de dos ministérios durante o Governo Bolsonaro: Casa Civil e Defesa
Foto: Isac Nóbrega/PR

Natural de Belo Horizonte, em Minas Gerais, Walter Souza Braga Netto nasceu no dia 11 de março de 1956. 

Ele se formou na Academia Militar das Agulhas Negras – mesma instituição onde o presidente Jair Bolsonaro é formado. O fato de virem da mesma academia das Forças Armadas já foi, inclusive, ressaltado pelo presidente como uma das semelhanças entre os dois. 

Foi alçado a General do Exército em 2009, ponto mais alto da hierarquia das Forças Armadas. Passou à reserva em 2019, quando foi convidado para o Ministério da Casa Civil, por indicação do General Luiz Eduardo Ramos, na época ministro da Secretaria de Governo. 

Braga Netto substituiu Ônix Lorenzoni, que foi para o comando da pasta de Desenvolvimento Regional. Em 2020, foi nomeado para comandar o comitê de crise do governo para o enfrentamento da pandemia de Covid-19. 

O objetivo era concentrar as ações do Palácio do Planalto no comitê e diminuir o protagonismo do então ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Na época, Mandetta vinha tomando decisões e tendo posicionamentos divergentes ao do presidente Bolsonaro. 

O Tribunal de Contas da União (TCU) chegou a abrir procedimento para apurar a conduta de Braga Netto, apontando indícios de "graves omissões" na condução feita por ele. 

A Casa Civil não foi o único ministério comandado pelo agora candidato a vice-presidente. Em 2021, ele passou ao comando do Ministério da Defesa. Já neste ano, antes de deixar o governo para concorrer na disputa eleitoral, ele atuou como assessor especial da presidência da República.  

Veja a carreira do general Braga Netto

Interventor
Legenda: Braga Netto atuou como interventor do Rio de Janeiro durante o Governo Temer
Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Braga Netto ingressou no curso de cavalaria da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) em 1975. Formado na turma de 1978, ele tornou-se aspirante a oficial do Exército. 
 
Também passou pela Escola de Educação Física do Exército em 1981 e pela Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO) em 1988. Também concluiu a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) entre 1993 e 1994.

Foi alçado ao cargo de General do Exército, posto mais alto da hierarquia das Forças Armadas, em 2009.

Ainda no Exército, ocupou alguns postos-chave no Brasil e no exterior. Em 2011, por exemplo, foi designado como adido de defesa junto à Embaixada do Brasil nos Estados Unidos. 

Em 2013, foi designado como secretário de segurança presidencial e chefe da Casa Militar da Presidência da República, durante o governo da presidente Dilma Rousseff (PT). Também foi coordenador-geral da assessoria especial dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio de Janeiro, que aconteceram em 2016.

Durante o governo do ex-presidente Michel Temer, foi nomeado interventor da segurança pública no Rio de Janeiro, cargo que detinha responsabilidade pelas polícias civil, militar e pelos bombeiros da capital carioca. 

Braga Netto, inclusive, já tinha atuado antes na cidade. Ele ficou em evidência ao participar da ocupação do Complexo da Maré feita pelo Exército entre 2014 e 2015. Também comandou a 3ª Divisão do Exército e o Estado-Maior do Exército (EME). 

Passou à reserva do Exército no início do Governo Bolsonaro, quando foi convidado para chefiar a Casa Civil. Ele se filiou pela primeira vez em 2022, para concorrer ao cargo de vice-presidente na chapa de Jair Bolsonaro, integrando o PL, mesmo partido do atual presidente. 

 

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