Valor do metro quadrado na área do Castelão salta 25,6%

Escrito por Redação ,
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Bairro passa por um momento em que valores dos imóveis seguem a expectativa de benefícios que obras futuras trarão

Diante da iminência das obras da Copa do Mundo de Futebol, em 2014, a região que circunda o estádio governador Plácido Aderaldo Castelo, o Castelão, está cada vez mais cobiçada por construtoras, imobiliárias e os próprios habitantes da cidade. A procura fez com que o valor do metro quadrado apontasse uma alta de 25,64%, atingindo os R$ 3.599,26, no comparativo entre os quatro primeiros meses de 2011 frente aos de 2010, segundo o Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Locação de Imóveis do Ceará (Secovi-CE), com base em dados do Instituto de Pesquisas e Estatísticas do (Inpes). A valorização é confirmada por corretores que comercializam imóveis nos arredores daquela região, como João Gomes Filho, da Paulo Maia Imóveis. De acordo com ele, só nos últimos dois meses deste ano, março e abril, o residencial vendido pela imobiliária onde trabalha teve um aumento de 10% no preço da unidade.

Sendo o primeiro empreendimento da empresa nos entornos do Castelão, João garante que, "se tiver terreno disponível para mais um condomínio residencial ou edifício nos bairros daquela região, a imobiliária vai ter mais negócios lá".

Perspectiva de expansão

Com uma margem de aumento mais alargada, a gerente da Viva Imóveis, Daniela Prado, garantiu que a variação no preço das cerca de 80 unidades comercializadas pela empresa só nos bairros do Castelão, Passaré e Cajazeiras atingiu os 25%. "E acreditamos que isso irá dobrar, chegando a 50%, nos próximos quatro anos", completou.

Contabilizando o ticket médio de R$ 300 mil para os clientes que adquirem casas ou apartamentos naquela área, Daniela também reforça a tese da alta procura, ao contar que, diferente do ano passado, quando vendeu 30 casas no intervalo de seis ou oito meses, em 2011, a previsão é de metade desse tempo para esgotar as ofertas.

Mais caro até 2014

Já o presidente da Rede Imobiliária Cearense (RIC), Sílvio Oliveira, aposta em um aumento real de 40% até o ano do Mundial, em 2014. Ele também defende que, "com a proximidade do evento, toda aquela área ter um aquecimento do mercado imobiliário". "Enquanto corretor, eu também posso garantir isso", afirmou Paulo Siqueira, da Suporte Imobiliário. De acordo com ele, enquanto um imóvel de 96 unidades no Passaré foi vendido em quatro meses, em 2010, neste ano, outro empreendimento de 60 apartamentos já tem 2/3 vendidos em apenas 20 dias de oferta.

"Pura especulação"

No entanto, os números e expectativas apontados e que indicam o aumento latente dos preços de imóveis nos bairros próximos ao Castelão não têm justificativa, de acordo com o presidente da Secovi, Sérgio Porto. Para ele, o bairro, agora, passa por um momento onde os valores dos imóveis acompanham apenas as expectativas sobre os benefícios que as obras da Copa trarão. "Afinal, o que valoriza mesmo uma área são obras de infraestrutura - de acesso, fluxo, etc - e obras de saneamento. No momento, nada disso ocorreu no Castelão, tudo é pura especulação", analisou. E, colaborando para embasar a tese de Porto, estão os próprios moradores da região. "Tinha imóvel que vendíamos por R$ 100. Hoje, o pessoal coloca R$ 130 brincando", conta a gerente da Síntese 7 Imobiliária, argumentando que esse tipo de atitude é tomada "por as pessoas enxergarem suas casas e apartamentos mais como um investimento, por conta da Copa". "E tem gente que se especializa neste tipo de atividade", ressaltou o presidente da Secovi. Lembra que isso toma proporções maiores com o bom momento da economia, quando o crédito continua acessível.

Mais conforto

Outro ponto destacado por Porto é o perfil da área que circunda o estádio, o qual, apesar de esperar grandes investimentos comerciais, manterá o caráter residencial. Com bases nos dados do Inpes, ele ainda atesta uma procura maior por casas e apartamentos que possuam, em média, três quartos.

"Eu, particularmente, vejo o Passaré como era a Cidade dos Funcionários anos atrás, sem grandes supermercados, grandes colégios e grandes redes de lojas", argumentou a gerente da Viva Imóveis, lembrando que, atualmente, os clientes já não buscam mais o apartamento padrão e, sim, modelos mais sofisticados, que ofereçam, inclusive, áreas de lazer. Para ela, quanto para os outros corretores e imobiliárias entrevistadas, a aposta é de que, em breve, cheguem mais empreendimentos de grande porte para atender população local, tão confiantes na especulação mencionada por Porto quanto as construtoras e os moradores.

ARMANDO DE OLIVEIRA LIMA
REPÓRTER
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