Lula fala de novo, mercado gosta, a Bolsa sobe e o dólar cai

O presidente disse que só pode gastar o que arrecada e que seus ministros estão fazendo um pente fino parba reduzir seus gastos. As declarações repercutiram positivamente

Legenda: Os quase 40 ministérios estão fazendo um pente fino para cortar despesas. Na foto, a Esplanada dos Ministérios, em Brasília
Foto: Agência Brasil

Nos últimos dias, o presidente Lula vem cumprindo uma agenda que privilegia entrevistas à imprensa. Ontem, ele falou para uma emissora de rádio de Belo Horizonte, menos de 24 horas depois de haver falado para o site do uol. É como se houvesse alguma novidade que merecesse o pronunciamento diário do presidente da República.

Lutando para recuperar sua popularidade, que se mantém em baixa, Lula manda recados para a sua base eleitoral, que são os extratos mais pobres da população.

Na entrevista de ontem, ele voltou a dizer que os programas sociais do seu governo manter-se-ão intactos, a começar pelo Bolsa Família. Mas revelou uma boa notícia para o mercado, que se mantém preocupado com a política fiscal do governo. 

Lula informou que mandou que os seus mais de 30 ministros façam um pente fino no orçamento de cada ministério para a redução de despesas.
 
Ora, reduzir gasto é tudo de que o governo precisa hoje para equilibrar as suas contas, que estão desequilibradas desde 2014. Mas o corte de gastos que vier a ser feito no orçamento dos ministérios será insuficiente para alcançar o equilíbrio, ou seja, para zerar o déficit orçamentário.

O presidente Lula também disse que seu governo está fazendo um estudo profundo com o objetivo de cortar gastos, mas esses cortes jamais serão feitos para prejudicar os mais pobres. Porém, mesmo os mais pobres, só receberão os benefícios dos programas sociais se realmente tiverem direito a eles. 

Em determinado momento da entrevista, ele disse que só pode gastar o que arrecada, e isto teve repercussão positiva junto ao mercado.

Na mesma entrevista, Lula voltou a criticar o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que, segundo ele, enveredou por um caminho equivocado. E afirmou que fará a indicação do próximo presidente do Banco Central, esperando que isso possa baixar a bola de Roberto Campos Neto, cujo mandato terminará no dia 31 de dezembro deste ano.

Lula elogiou o economista Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do Banco Central, nomeado por ele, cujo nome é muito cotado para presidir o Banco Central. Para o presidente, Galípolo é um menino de ouro, com todas as condições para presidir a instituição. Mas disse que não está pensando nisso agora.

Lula deixou claro que aproveitará a indicação do futuro presidente do Banco Central para, em combinação com os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, tentar mudar a lei que deu independência à instituição.

 Lula quer que o mandato do presidente do Banco Central coincida com o mandato do presidente da República.

As boas declarações de Lula levaram a Bolsa de Valores a fechar em alta ontem. Foi uma alta forte, de 1,36%, retomando o patamar dos 124 mil pontos, algo que não acontecia desde maio passado, ou seja, havia um mês.

O dólar caiu um pouquinho, fechando o dia cotado a R$ 5,50, três centavos a menos do que na véspera.

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