Lula: 'Brasil será um dos poucos que não terão recessão'

Escrito por Agência Estado ,

Apesar de dizer que acredita na reversão do quadro de desaceleração da economia, o presidente Luiz Inácio Lula Silva, ao ser indagado nesta terça-feira (10) sobre a possibilidade de o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano ser próximo de zero, respondeu: "Mesmo que seja próximo de zero, o Brasil será um dos poucos países do mundo, dos emergentes, que não terão recessão, como terão os países ricos", disse Lula, após almoço, no Itamaraty, com o presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez.

O presidente ressaltou que estamos no começo do ano e disse que as obras de infraestrutura estão "acontecendo com força". Ele lembrou ainda que o governo vai lançar o programa de habitação. Segundo ele, o que é preocupante é a situação nos Estados Unidos e o que é preciso é estancar a crise. Embora diga que esta situação é preocupante, Lula acrescentou que está muito otimista com o quadro que se desenha.

O presidente Lula afirmou que o resultado do PIB do quarto trimestre de 2008 "já era esperado pela equipe econômica". O PIB caiu 3,6% em relação ao terceiro trimestre, o maior recuo trimestral apurado pelo IBGE desde o início da atual série histórica, em 1996. Lula disse que o governo sabe que o primeiro trimestre deste ano também será fraco, mas mostrou-se confiante na retomada. "Temos a consciência de que podemos dar a volta por cima já que março começou a ter sinais de recuperação em várias áreas", disse.

Indagado se descartava a meta de crescimento de 4% do PIB neste ano, o presidente respondeu: "não descarto nada enquanto não terminar o ano. A única clareza que tenho é que esta crise está exigindo que a gente trabalhe mais, tenha mais criatividade e mais ações", disse. Questionado se incluía nessas ações a redução da taxa de juros, o presidente sorriu e não respondeu. O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reúne-se hoje e amanhã para decidir a taxa Selic, juro básico da economia brasileira, hoje em 12,75% ao ano.

Ao comentar que vários setores estão apresentando sinais de recuperação, Lula afirmou: "já gastamos o estoque (de produção) que tínhamos e era muito estoque". Segundo o presidente, "o susto já passou e o crédito aqui no Brasil começa a normalizar". Ele destacou que falta normalizar o crédito no resto do mundo e este será um dos assuntos que vai tratar, não só no encontro com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama (no próximo final de semana, em Washington), mas também na reunião do G-20, no início de abril, em Londres.

Para Lula, a partir de março e abril, começa um período de crescimento. "Poderemos chegar ao fim do ano com uma boa recuperação da economia", disse. Indagado se algum sinal vermelho foi acionado com os últimos dados divulgados, o presidente disse que não precisava de sinal vermelho, porque o mais grave "é que não sabemos o tamanho do buraco nos Estados Unidos, ou do rombo na Europa e cada dia tem uma novidade". Para Lula, esta é uma oportunidade não para ficar chorando, mas para agir de forma diferente de como se agia antes para que o sistema financeiro não se descole do setor produtivo.

Lula voltou a defender a retomada da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a condenar o protecionismo, lembrando que quem achar que sendo protecionista vai beneficiar seu país vai acabar criando um problema muito maior. "Precisamos é de mais comércio, mais comércio e mais comércio. É preciso restabelecer a confiança do consumidor", disse.

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