Explosão em Beirute: importador de frutas do CE, Líbano pode ter negócios abalados devido a acidente

Terminal da capital libanesa é principal porta de entrada de produtos. Além de frutas, país ainda compra calçados, plásticos e peças de vestuário produzidas em empresas cearenses

Escrito por Redação ,
Legenda: A categoria de frutas, casca de frutos cítricos e melões também ocupava as primeiras colocações entre as mercadorias enviadas ao Líbano, principalmente melão, coco e castanha de caju.
Foto: Natinho Rodrigues

O Líbano é destino de parte dos produtos cearenses, principalmente calçados e frutas, além de plásticos e vestuário e acessórios. Ao longo da última década, o valor em mercadoria que chegou ao país asiático vinha reduzindo significativamente por conta da guerra civil instaurada na localidade. A explosão na área portuária de Beirute, na tarde desta terça-feira (04), pode enfraquecer ainda mais o elo Ceará-Líbano.

A gerente do Centro Internacional de Negócios da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Karina Frota, aponta que, pela explosão ter acontecido na área portuária da capital libanesa, as importações em geral do país podem cair. "O que pode acontecer é, a partir dessa momento, as importações para o Líbano diminuírem, e isso inclui as exportações do Ceará. Além disso, o porto de Beirute era a principal porta de entrada do Líbana, e ele vai precisar passar por uma reconstrução", afirma.

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Ela lembra que, antes mesmo da pandemia do novo coronavírus e da explosão, já era visível a expressiva redução do valor exportado nos últimos anos. Em 2010, o Estado enviou US$ 11,4 milhões em produtos ao Líbano, cifra que passou para US$ 2,15 milhões no ano passado. Neste ano, até o momento, foram registrados apenas US$ 183,8 mil.

"Um dos setores cearenses mais afetados pela etração dos últimos anos, foi o setor de calçados. No ranking dos produtos exportados para o referido mercado, o setor ocupava habitualmente a primeira posição. Alguns setores também tiveram relevante diminuição, como o setor de couros e o setor de massas", detalha Frota.

Além desses, a categoria de frutas, casca de frutos cítricos e melões também ocupava as primeiras colocações entre as mercadorias enviadas ao Líbano, principalmente melão, coco e castanha de caju.

A gerente da Fiec ressalta que o Líbano já vivia o pior momento político e econômico da sua história, com a desvalorização da moeda libanesa e o empobrecimento da classe média. "Esses fatores, em um país que depende seriamente de importações, fizeram o preço da comida aumentar ao mesmo tempo que o poder de compra despencou. Todos os bens já estavam bem caros. O país é marcado por uma guerra civil, atentados terroristas, tem a presença de refugiados palestinos e sírios, e enfrenta uma pobreza acentuada", revela. 

Frota acredita que essa situação, somada ao momento de pandemia global e a recente explosão, torna a condição no país extremamente grave, em que quase 80% da população libanesa precisará de ajuda para sobreviver.

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