Empresários e Estado têm relações internacionais afetadas por vírus

Segundo representantes dos principais setores da economia cearense e do Governo do Ceará, algumas missões ao exterior foram adiadas, assim como as negociações presenciais, que estão sendo preteridas

Escrito por Redação ,
Legenda: Estado tem buscado realizar negociações em espaços restritos ao público

O novo coronavírus já começa a causar impactos nas negociações que envolvem a economia cearense. Entidades de classe e o Governo do Estado têm tomado precauções maiores e buscado alternativas para abordar rodadas de negociação com empresas estrangeiras e evitar novos casos de contaminação. 

Entre as medidas de cautela, estão os cuidados com higienização pessoal – como lavar as mão e evitar contato pessoal desnecessário – até adiar missões ao exterior para realizar tratativas com representantes de fora do País. A situação, contudo, não tem impedido a confirmação de novos acordos internacionais ou reduzido a venda de produtos ao mercado externo.

Segundo o secretário para Assuntos Internacionais do Governo do Ceará, Cesar Ribeiro, as negociações presenciais têm, sim, sofrido um pouco com o avanço da contaminação do coronavírus em alguns países da Ásia e da Europa. Representantes do Estado têm buscado alternativas para contornar a situação ao aproveitar espaços restritos ao público geral, como os consulados e embaixadas no Brasil.

“O coronavírus, de fato, altera a condução das negociações do Estado em relação a projetos e parcerias internacionais. A questão presencial da reunião ou da visita é importante e isso está difícil, pois o vírus saiu da China e chegou à Europa. Mas as negociações continuam, com reuniões em escritórios e embaixadas”, disse. 

“O que nos preocupa são as relações das empresas com o ciclo comercial da China, que é uma dos maiores fornecedores de matéria-prima do mundo”, completou Ribeiro.

Agenda

A indústria cearense também teve os planos alterados para o primeiro semestre de 2020. Duas das missões internacionais que contariam com representantes da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) tiveram de ser adiadas. No entanto, a iniciativa partiu pela organização dos eventos, segundo Karina Frota, gerente do Centro Internacional de Negócios da Fiec. 

O Salão Internacional do Móvel, em Milão, e uma feira em uma província chinesa foram cancelados pela organização dos respectivos eventos. A justificativa para a medida está relacionada ao fato de Itália e China serem países onde o coronavírus se desenvolveu com rapidez, gerando um número considerável de casos de contaminação. 

Karina, no entanto, ponderou que as negociações continuam acontecendo e que a Fiec não tem uma política de coibir viagens aos empresários. Mas a instituição tem alertado sobre os riscos do novo coronavírus e reforçado as recomendações de proteção.

O empresário Thomas Reeves, diretor comercial da Naturayo e exportador de rosas, iria participar em abril do Salão Internacional do Móvel de Milão, uma das maiores feiras de design do mundo, mas o evento foi adiado para junho, em razão da epidemia. 

“Como o setor de floricultura e plantas tem muito a ver com as tendências, eu ia para uma feira de design que acontece em Milão que acho que seria interessante, mas vai ser adiada”, aponta. “As principais feiras internacionais para o setor já aconteceram”.

Ontem, a realização da ITB Berlim, feira internacional da indústria de turismo que aconteceria na Alemanha na próxima semana, foi cancelada.

Impacto

O cenário não é tão diferente para o comércio. De acordo com Freitas Cordeiro, presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL), os empresários do setor foram recomendados a não desistir de nenhum compromisso internacional contanto que todos os cuidados necessários fossem tomados. Ele ainda afirmou que, dadas as circunstâncias do cenário mundial, é preciso considerar, também, a importância de cada viagem e evitar aglomerações de pessoas. 

“Todo mundo está atento. A gente precisa tomar todas as precauções. E todas são válidas. Quem puder ficar restrito e evitar aglomerações, é melhor se resguardar. Não é deixar de ir (às viagens). Mas se não tem necessidade, não precisa ir”, explicou Cordeiro.

O presidente da FCDL ainda ressaltou a importância e efetividade da estratégia utilizada pelo País. “Vamos torcer para que o Brasil tenha adotado todas as cautelas possíveis, já que o vírus tem entrado em todos os País. Mas o Brasil, no ponto da saúde, tem uma boa estrutura e seguindo as precauções necessárias”, disse.

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