Ontem, durante toda a manhã, este colunista visitou as atrasadas obras de construção da Linha Leste do Metrô de Fortaleza, o Metrofor, cuja primeira fase se estende desde a Estação Central Chico da Silva, localizada a 100 metros do Cemitério São João Batista, e a do bairro Papicu, numa extensão de 7,3 quilômetros. E o que viu é mesmo de entusiasmar.
Promete o governo do Estado, responsável pela obra, que ela estará pronta e em operação no dia 31 de dezembro de 2026. Mas o ex-diretor de uma empreiteira já extinta manda mensagem a esta coluna, sentenciando: “Não há a menor possibilidade de essa obra estar pronta no fim de 2026”.
Por quê? Ele e outro colega engenheiro, este empreiteiro de obras públicas, expõe alguns fortes argumentos. O primeiro deles diz respeito às tuneladoras, que são fabricadas e assistidas pela norte-americana Robbins, que as vendeu, novinhas, ainda na gestão do governador Cid Gomes.
“Não é fácil a manutenção desses equipamentos. É um trabalho extenso, demorado, minucioso, que tem a ver com o uso de tecnologia complicada. Está sendo prometido que uma máquina estará pronta em junho e a outra em julho. Como elas estão há três anos sem operar, o trabalho para a sua reparação exigirá atenção em dobro, porque a intempérie é, nesses casos, uma adversária dura de enfrentar”, diz ele.
O segundo é mais pragmático na sua observação:
“Falta muito tempo até dezembro de 2026, que será um ano eleitoral. Teremos eleição ou reeleição do governador e do presidente da República, e aí entra todo tipo de interesse. Um desses interesses é a revisão dos preços contratados para a execução da obra. E é aqui que vai aparecer o problema que atrasará, de novo, o cronograma dos serviços de construção da Linha Leste do Metrofor”, adverte ele, numa clara referência à tradição dos contratos celebrados entre a iniciativa privada e o Poder Público no Brasil.
Por enquanto, o que este colunista viu, pessoalmente, na visita que ontem fez às obras da Linha Leste do Metrofor recomenda uma aposta na execução do cronograma da Secretaria Executiva de Logística e Obras da Secretaria de Infraestrutura do Governo do Ceará.
Há uma azáfama no canteiro de obras da Linha Leste do Metrofor, administrada pelo consórcio FTS Linha Leste, integrado pela Construtora Ferreira Guedes S/A e pela Sacyr Construcción S/A, que pediu – e seu pedido foi aceito – R$ 1,47 bilhão para concluir a obra até 31 de dezembro de 2026.
A Linha Leste do Metrô de Fortaleza, quando estiver pronta, terá capacidade para transportar 150 mil passageiros por dia. Ela terá conexões, na estação do Papicu, com a linha do VLT Parangaba-Mucuripe, e, na estação central Chico da Silva, com as Linhas Sul (Maracanaú) e Oeste (Caucaia).
Isto significa que toda a cidade estará interligada por trens metropolitanos, faltando apenas o trecho da Linha Leste que ligará o Papicu ao Bairro Edson Queiroz, que será, provavelmente, o mais barato e o de mais fácil execução do ponto de vista da engenharia.
O grande problema da obra pública no Brasil – as do Ceará no meio – é o cronograma financeiro. Na iniciativa privada, é fácil planejar o início e o fim de um empreendimento, uma vez que, no seu caminho, não há a difícil legislação que obriga a realização do processo licitatório (muitas vezes eivado de corrupção). A empresa privada e seu gestor buscam, em primeiro lugar, a qualificação do empreiteiro, e só depois o preço do seu serviço.
Na área pública, não é assim. A atual legislação privilegia o preço menor, e aí reside o perigo porque, conforme registra a crônica, é no processo licitatório das prefeituras e dos governos federal e estaduais que entra o interesse da política e dos políticos (a imprensa já registra que, em alguns municípios brasileiros, o crime organizado comanda as licitações). Incrível!!
O que Fortaleza e sua população esperam do Governo do Estado – no caso da Linha Leste do Metrô de Fortaleza – é que os trens da Linha Leste do Metrofor comecem a circular no Natal e no Fim do Ano de 2026. Não será fácil realizar esse sonho, mas, como há dinheiro para as obras, cresce a esperança de que, dentro de menos de três anos, a capital do Ceará venha a ter a melhor e maior rede de trens metropolitanos da região Nordeste.
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