Lichia: o que é, como plantar e quais os benefícios

De cor vermelha e sabor adocicado, a lichia é conhecida pelos benefícios à saúde

Escrito por Mylena Gadelha , mylena.gadelha@svm.com.br
Legenda: A lichia é consumida após a retirada da casca e o descarte do caroço
Foto: Shutterstock

Seja pelo sabor adocicado ou pela versatilidade de preparo na cozinha, a lichia virou comum no Brasil desde 1970, quando saiu do mercado chinês, se expandiu na Península da Malásia, Bornéu e Filipinas para ganhar consumidores em solo brasileiro. 

Denominada cientificamente como Litchi chinensis, ela é uma fruta da espécie do gênero botânico Litchi, pertencente à família Sapindaceae, conforme explica a bióloga Rayanne Ribeiro*. "É um fruto que vem da mesma família do nosso guaraná, por exemplo, que é tipicamente brasileiro", pontua ela.

Foto de suco de lichia em copo
Legenda: Lichia pode ser usada em sucos, geleias e outros produtos
Foto: Shutterstock

Atualmente, a lichia é cultivada em mais de 20 países, além de ser conhecida pelas propriedades benéficas ao corpo humano e pela alta quantidade de nutrientes, compostos fenólicos e ações antioxidantes. 

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Características 

Para falar da lichia, claro, é importante falar sobre a planta que a produz. A lichieira, como é chamada, pode atingir de 10 a 12 metros de altura, com uma copa arredondada e galhos que, frequentemente, apresentam formato em V. 

Além disso, a árvore da qual o fruto é proveniente tem a tendência de desenvolver ramos voltados para baixo. As folhas são compostas com 4 a 7 folíolos e têm uma coloração verde-escuro na superfície superior e verde-acinzentado na superfície inferior.

"Já o fruto é uma drupa vermelha de formato, em geral, redondo que tem um sabor doce, suculência e é nutricionalmente muito rica. Pode ser consumida fresca, mas é, também, utilizada para fabricação de sucos, geleias, sorvetes, compotas, iogurtes e bebidas", explica Rayanne. 

Quais os benefícios da lichia

Rico nutricionalmente, a lichia possui atividades antioxidantes, anticancerígenas, hiperlipidêmicas e até mesmo imunológicas. Repleta de compostos fenólicos como antocianinas e flavonoides, a lichia também possui minerais como potássio, magnésio, fósforo e vitamina C.

Além disso, têm propriedades antioxidantes que auxiliam no combate à obesidade e diabetes, também protegendo contra doenças cardiovasculares.

Frutos da lichieira
Legenda: A lichieira deve ser plantada em locais espaçosos e abertos, por conta da exposição ao sol e à temperatura
Foto: Shutterstock

Nesse último ponto, por exemplo, os principais agentes auxiliadores são os flavonóides, proantocianidinas e antocianinas.

Por conta da alta potência antioxidante, o fruto ajuda a controlar o colesterol ruim, prevenindo a aterosclerose ou até mesmo reduzindo o risco de doenças cardiovasculares, como é o caso do infarto do miocárdio ou derrame cerebral. Entretanto, esses não são os únicos benefícios. Confira os demais:

  • Previne doenças do fígado por conter compostos fenólicos como epicatequina e a procianidina. Dessa forma, reduz danos causados por radicais livres nas células do órgão;
  • Consegue combater a obesidade porque ajuda a aumentar a queima de gorduras com a ação antioxidante;
  • A lichia também ajuda a melhorar a aparência da pele, já que tem na composição vitamina C e antioxidantes. Dessa forma, combate radicais livres que causam o envelhecimento da pele;
  • A vitamina C presente na lichia, em conjunto com o folato, também estimula a produção de glóbulos bracos, que previnem e combatem infecções no corpo humano; 
  • Além disso, também pode ser agente benéfico no combate ao câncer, segundo estudos de laboratório que apontaram eficácia contra células do câncer de mama, fígado, colo do útero, próstata e pele.

Ajuda na diabetes?

Apontada como uma grande aliada no tratamento da diabetes, a lichia utiliza compostos como o oligonol para regular a glicose no metabolismo, controlando os níveis de açúcar no sangue.

"Alguns efeitos foram verificados em estudos recentes, de 2018, em que se mostrou a regulação dos níveis de açúcares no sangue e nos músculos, por exemplo. Devido aos efeitos hipoglicêmicos, a fruta não deve ser consumida em excesso", reforça a bióloga. 

E no intestino?

No intestino, a ação da lichia é diversa. Na evacuação adequada, por exemplo, a fruta consegue auxiliar por ser rica em fibra alimentar.

Enquanto isso, é importante no combate aos vermes intestinais, já que possui propriedades adstringentes, e elimina bactérias nocivas do intestino por conta da vitamina C. 

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Como plantar

Por conta do porte elevado, os locais pequenos não são recomendados para o cultivo da lichieira, o que impossibilita a plantação em espaços como apartamentos, por exemplo.

Em espaços maiores, é muito importante o contato com o sol, além de que também é interessante a utilização de uma muda já enraizada obtida em viveiros. A adubação, vale lembrar, precisa ser realizada na maneira correta
Rayanne Ribeiro
Bióloga

Os cuidados, claro, também são bastante específicos. "A planta, no entanto, exige temperaturas adequadas, em geral, até 25ºC, variável para o período de floração e frutificação", continua a profissional. A colheita, ela revela, ocorre geralmente entre dezembro e janeiro, sempre em um curto período. 

Como comer

Ainda segundo Rayanne Ribeiro, comer a lichia não é uma tarefa complicada. Retirada a casca, pode-se consumir a polpa, lembrando sempre descartar o caroço.

"Apesar disso, também é comum mencionar que o caroço pode ser seco e consumido em pó em preparações como chás", lembra. O recomendado, por conta da capacidade de diminuir o açúcar no sangue, é comer de três a quatro furtos desse por dia. 

Confira receita de suco de lichia:

Ingredientes

  • 3 lichias descascadas;
  • 1 copo de água filtrada;
  • 5 folhas de hortelã;
  • Gelo.

Modo de preparo

Retirar a parte branca da fruta, que é a polpa da lichia. Logo depois, coloque todos os ingredientes no liquidificador e bata para servir em seguida. 

*Rayane de Tasso Moreira Ribeiro é Bióloga (UFC), Mestra (USP), Doutora e Pós-Doutora em Botânica (UFRPE). Além disso, é professora (SEDUC-CE) e coordenadora assistente da Iniciativa de Guias de Campo do Museu Field de História Natural (Keller Science Action Center, Chicago, EUA).

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