Praias de Amontada voltam a registrar manchas de óleo um mês após primeira ocorrência

Oceanógrafo indica que retorno do material pode estar relacionado ao fenômeno swell, como é conhecida a ressaca do mar.

Escrito por Redação ,
Legenda: Pescadores descobriram o material na manhã desta segunda-feira (30).
Foto: Foto: Reprodução

Um mês após as últimas manchas na região, entre a noite do último domingo e a manhã desta segunda-feira (30), as praias de Caetanos de Cima e Caetanos de Baixo, no município de Amontada, e da Barra do Poço Velho, no limite com Itapipoca, voltaram a apresentar manchas de petróleo cru. A região fica no Litoral Oeste, a cerca de 200 km de Fortaleza.

No litoral do Ceará, os primeiros indícios de petróleo cru apareceram há quase quatro meses, no início de setembro.

Nas redes sociais, pescadores divulgaram vídeos mostrando o acúmulo do material misturado a pedras e algas. “Já tinha aparecido no início de novembro, só que era em pouquíssima quantidade. Dessa vez, tem mais”, explica a Rede de Turismo Comunitário de Caetanos de Cima, que confirmou as informações. 

A comunidade é formada por pescadores artesanais e agricultores tradicionais. Atualmente, cerca de 200 pessoas sobrevivem na localidade com atividades de pesca artesanal, agricultura camponesa, turismo comunitário e manifestações culturais.

A Marinha do Brasil e a Autarquia de Meio Ambiente de Amontada já foram informadas. “Estamos à espera dos órgãos responsáveis e orientando os visitantes e comunitários a não tomarem banho de mar nem a limparem sem equipamentos”, diz a Rede.

Ressaca do mar

Rivelino Cavalcante, professor do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), avalia que o reaparecimento do material evidencia a quantidade de óleo à deriva no oceano. “Já era para ele estar mais decomposto, no nível de micropartículas, ou até no nível molecular, num tamanho que não seria visto tão fácil a olho nu”, destaca.

Segundo o especialista, o material pode ter retornado por conta do fenômeno “swell”, como é conhecida a ressaca do mar. “Provavelmente, esse material está sendo remobilizado. Ele pode estar no fundo do assoalho oceânico. Nossa plataforma é carbonácea, ela tende a precipitar esse material, ou seja, ele fica no fundo por conta do carbonato. Depois, com esse evento extremo de ressaca, ele suspende o material, que volta a aparecer na praia”, explica.

Monitoramento oficial

A Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), no início de dezembro, já havia informado que manterá “posição de alerta” para novas manchas de óleo no litoral até o mês de março, período de maior frequência do swell na área do Oceano Atlântico que corresponde ao Nordeste.

Em 27 de dezembro, três pontos do Ceará ainda apresentavam “vestígios" com até 10% de contaminação por óleo, segundo o último mapa das áreas com localidades oleadas elaborada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Eram elas: Praia do Cumbuco, em Caucaia; Lagoinha, em Paraipaba; e Pontal do Maceió, em Fortim. Na última visita dos órgãos ambientais, outras 38 localidades cearenses não reapresentaram manchas.

Marinha

Na noite dessa segunda-feira (30), o Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado pela Marinha do Brasil (MB), Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), informa que foram encontrados resíduos de óleo na praia de Caetanos de Cima, no município de Amontada, e na praia de Apiques, em Itapipoca.

Conforme a nota, amostras do material estão sendo enviadas para análise no Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM). "Participam do recolhimento dos vestígios de óleo, militares da MB, membros do IBAMA, da Defesa Civil e voluntários, sob coordenação do GAA. Mais militares estão sendo mobilizados para limpeza das áreas não habitadas das praias". 

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