‘Virose da mosca’ atinge quase 5 mil pessoas por semana no CE em 2024; veja sintomas e como prevenir

Doença tem levado centenas de pacientes todo dia às unidades de atendimento médico

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Maioria dos casos de
Legenda: Maioria dos casos de "virose da mosca" tem sintomas leves, mas alguns quadros podem evoluir com desidratação
Foto: Alex Pimentel

A volta às aulas e o período de chuvas trazem consigo um problema já conhecido pelos cearenses: a doença diarreica aguda (DDA), popular “virose da mosca”. Neste ano, só até o dia 20, mais de 14,5 mil casos foram registrados no Ceará, de acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).

Os sintomas da virose da mosca, que podem variar de leves a mais graves, têm levado os cearenses à busca por atendimento médico. Só nos postos de saúde de Fortaleza foram 1.431 casos na primeira quinzena, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS).

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Já nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), a média é de 160 atendimentos por dia, como estima o médico Tarcylio Esdras, diretor-clínico das unidades geridas pelo Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (UPAs da Praia do Futuro, Messejana, Autran Nunes, Canindezinho, José Walter, Conjunto Ceará, Itaperi, Jangurussu e Cristo Redentor).

Tarcylio explica que “o aumento do número de casos de viroses e quadros diarreicos agudos já é esperado” no início de cada ano, e que os atendimentos devem avançar ainda mais nas próximas semanas. Nas 2 primeiras semanas do ano, já foram quase 3 mil atendidos nas 9 unidades.

Virose da mosca é transmissível?

Legenda: Cenários de aglomeração favorecem proliferação do vírus
Foto: José Leomar

Rui de Gouveia, gerente da célula de epidemiologia da SMS, explica que o período chuvoso favorece “situações de aglomerados de pessoas”, aumentando o risco de proliferação do vírus. Portanto, a virose da mosca é, sim, transmissível por alguém infectado.

“Outro fator importante é o retorno das atividades dos principais carreadores desses vírus, que são as crianças”, pontua Rui, frisando ainda que “também há DDAs causadas por alimentos ou água potável contaminados”.

E a “mosca”? “Condições de higiene precárias contribuem para aumentar o risco de contaminação dos alimentos e da água, bem como atrair moscas. Na verdade, elas são apenas consequência dos maus hábitos de higiene”, explica Rui.

As causas, portanto, são diversas, como complementa Tarcylio Esdras. “O quadro é causado por uma variedade de condições, de vírus a bactérias. A que chamamos de virose da mosca não tem remédio específico.” 

Sintomas da virose da mosca

O diretor clínico das UPAs de Fortaleza observa que a maioria dos casos de virose da mosca são de leve a moderados, e ocorrem em todas as faixas etárias. Apenas em casos mais pontuais é que a doença pode evoluir e levar à internação.

“Nos geral, é ter paciência, manter hidratação e dieta equilibrada, e aguardar os sintomas passarem”, recomenda Tarcylio.

No geral, os sintomas da virose da mosca são:

  • Náuseas;
  • Vômitos;
  • Diarreias;
  • Febre (média de 3 a 5 dias);
  • Cólicas abdominais;
  • Desidratação;
  • Prisão de ventre;
  • Tonturas ou vertigens.

Sinais como vômitos repetidos, sede excessiva, recusa de alimentos, sangue nas fezes e diminuição da urina são alertas para o agravamento da doença, gerando necessidade de busca por atendimento médico.

Prevenção da virose da mosca

As doenças diarreicas são evitadas com medidas públicas, como a instalação de saneamento básico nas cidades, mas também por meio de ações individuais, como destaca o Ministério da Saúde:

  • Lavar as mãos com água e sabão antes da alimentação e após ir ao banheiro;
  • Desinfetar as superfícies, os utensílios e equipamentos usados na preparação de alimentos;
  • Guardar os alimentos em recipientes fechados;
  • Tratar a água para consumo (filtrar, ferver ou colocar duas gotas de solução de hipoclorito de sódio a 2,5% para cada litro de água, aguardar por 30 minutos antes de usar);
  • Guardar a água tratada em vasilhas limpas e com tampa;
  • Não usar água de riachos, rios, cacimbas ou poços contaminados para banhar ou beber;
  • Evitar o consumo de alimentos crus ou mal cozidos;
  • Ensacar e manter a tampa do lixo sempre fechada;
  • Evitar o desmame precoce, uma vez que manter o aleitamento materno aumenta a resistência das crianças contra as diarreias.

Rui Gouveia, da SMS, acrescenta que manter a vacinação das crianças atualizadas também é uma estratégia importante para prevenir as viroses, sobretudo a diarreia causada pelo rotavírus.

O que fazer se tiver virose da mosca

Caso os sintomas sejam leves, Tarcylio orienta manter uma dieta equilibrada “mesmo que não sinta fome” e ingerir bastante líquido para manter a hidratação. Caso necessite de atendimento, o ideal é buscar um posto de saúde.

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