Vestibular para curso de Medicina na Unilab Ceará será em abril; veja detalhes

Ministério da Educação deve investir R$ 7 milhões para a compra do terreno; primeira turma pode iniciar em maio

Escrito por Lucas Falconery , lucas.falconery@svm.com.br
Legenda: Novo curso é criado no contexto de movimentação para greve de servidores
Foto: Unilab/Divulgação

O novo curso de Medicina na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), autorizado pelo Ministério da Educação (MEC) na segunda-feira (25), deve ter o primeiro vestibular já em abril deste ano. A turma inicial será formada por 43 alunos e a “cerimônia do jaleco” está marcada para o dia 27 de maio.

Os detalhes sobre a distribuição de vagas, compra do terreno, desafios orçamentários e concurso público para a contratação de professores foram repassados pelo reitor da Unilab, Roque do Nascimento Albuquerque, em entrevista à Rádio Verdinha FM 92.5.

As atividades do curso serão realizadas em definitivo em um novo Campus em Baturité, na região do Maciço de Baturité, que será construído no antigo Colégio das Irmãs Salesianas, em Baturité. A instalação acontece após quase 10 anos do processo para a criação do curso de Medicina na Unilab, aberto em 2005.

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O reitor contextualiza que a negociação está avançada, que já foram elaborados estudos e um contrato. O Ministério da Educação deve fazer uma transferência direta para a Unilab.

"Os recursos que nós já temos entram no custeio do orçamento, que por sinal ainda está negativo, nós estamos esperando uma suplementação do governo. Para a compra (do terreno), estamos falando em um pouco mais de R$ 7 milhões”, completa.

A seleção dos estudantes de medicina será feita num vestibular próprio, previsto para o final de abril, mas ainda sem uma data divulgada. “É muito pouco para o que a gente precisa atender a região, precisamos do dobro, mas o Ministério da Saúde aprovou inicialmente esse número", completa.

As vagas serão divididas assim:

  • Estudantes internacionais (de países de língua portuguesa): 25%
  • Estudantes da comunidade LGBT+, ciganos, indígenas, quilombolas e pessoas em situação de privação de liberdade: 15%
  • Ampla concorrência: demais vagas

Existe ainda uma possibilidade de reserva de vagas para alunos de escolas públicas da região, como acrescenta o reitor.

"O governador pediu para que, pelo menos nesse primeiro ingresso, nós criássemos uma resolução que pudesse colocar 15% das vagas para alunos de escola pública do Maciço de Baturité, como uma maneira de ter reparação de uma região esquecida", pontua.

Em relação aos professores, já há profissionais habilitados para as aulas dos dois primeiros anos do curso.

“No momento, nem vamos mais fazer porque todos os médicos, enfermeiros e todos os que precisam no corpo docente já foram contratados para os primeiros dois anos e os demais a gente vai contratando à medida que vamos progredindo", pondera Roque.

O reitor explica que há uma pactuação com o Ministério da Educação para a criação de 25 códigos de vagas para professores e 20 para técnicos administrativos. Não há uma definição de quando a seleção de novos docentes será criada.

Impasses orçamentários

A Unilab lida com dificuldades orçamentárias para investimentos estruturais e o déficit atual dos recursos está próximo de R$ 4 milhões. 

“Nós precisamos de R$ 13,9 milhões para manter tudo na normalidade e conseguirmos terminar o ano de forma positiva, atendendo todas as necessidades para o funcionamento da pesquisa e da manutenção”, contextualiza Roque.

O reitor frisa que a Unilab lida com estudantes em situação de vulnerabilidade social e, por isso, merece uma atenção especial, como avalia o gestor.

Ainda estamos numa situação delicadas, mas estamos em constante diálogo com o Ministro da Educação, que tem uma sensibilidade para esta universidade e os parlamentares estão cientes que a Unilab está com o orçamento negativo por causa dos repasses regrados
Roque Albuquerque
Reitor da Unilab

Greve na Unilab

As universidades federais no Ceará estão articulando uma greve em reivindicação ao reajuste salarial das categorias. A Unilab acompanha o movimento.

"Todos estão em greve na Unilab, mas responsavelmente escolheram os serviços essenciais e mesmo que o curso de medicina inicie, conhecendo os técnicos, percebo um movimento responsável", explica Roque.

O gestor considera que o atual cenário fez com que as vagas para servidores da Unilab deixassem de ser atrativas entre estudantes e a comunidade externa devido à defasagem salarial.

"Estamos perdendo mais de 40% de todos os aprovados em concurso. Só no ano passado, fizemos concurso para mais mais de 50 (vagas) e nós já perdemos quase metade do que passam em outros concursos com carreiras mais promissoras e isso afeta a Universidade como um todo", conclui.

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