Em depoimento ao STF sobre o caso Marielle, Chiquinho Brazão chora, nega crime e acusa Ronnie Lessa
A vereadora Marielle Franco e o seu motorista Anderson Gomes foram mortos em março de 2018
O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) prestou depoimento nesta segunda-feira (21) ao Supremo Tribunal Federal (STF) na condição de réu na ação penal que trata do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em 2018, no Rio de Janeiro. Na sessão, o parlamentar chorou, alegou não conhecer Ronnie Lessa, autor dos disparos, e disse ser inocente.
"Não tenho dúvida de que ele poderia me conhecer, mas eu não tenho lembrança de ter estado com essa pessoa", afirmou Brazão, que foi ouvido por videoconferência. Sobre Marielle Franco, o parlamentar disse que possuía uma "excelente" relação com a vereadora
"Foi maldade o que fizeram. Marielle tinha um futuro brilhante. Ela era uma vereadora muito amável", disse.
Brazão está preso na penitenciária federal em Campo Grande (MS). O deputado é apontado nas investigações como um dos mandantes do assassinato, de acordo com a delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa, réu confesso de realizar os disparos de arma de fogo contra a vereadora.
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No depoimento prestado ao juiz Airton Vieira, magistrado auxiliar do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal, Chiquinho Brazão chorou ao falar de seus familiares e afirmou que nunca teve contato pessoal com Lessa.
Outros réus
Além de Chiquinho, são réus no STF o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão, irmão de Chiquinho, o ex-chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro Rivaldo Barbosa e o major da Polícia Militar Ronald Paulo de Alves Pereira.
Todos respondem pelos crimes de homicídio e organização criminosa e estão presos por determinação de Alexandre de Moraes.
Relembre o crime
Marielle Franco, vereadora pelo Psol, foi assassinada no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, na noite de 14 de março de 2018. Ela voltava de um encontro de mulheres negras no bairro da Lapa quando o carro em que estava foi alvejado com vários disparos. O motorista dela, Anderson Gomes, também foi atingido.
Uma assessora da parlamentar foi ferida por estilhaços. O crime ganhou atenção internacional e foi considerado um ataque à democracia.
O assassinato deu início a uma complexa investigação, envolvendo várias instâncias policiais. Depois de muitas reviravoltas, chegou-se à prisão dos ex-PMs Ronnie Lessa e Élcio Queiroz. Em 2024, foram presos os irmãos Chiquinho e Domingos Brazão, apontados como mandantes dos assassinatos, além do ex-chefe da Polícia Civil Rivaldo Barbosa. O processo que envolve os supostos mandantes tramita no STF.