Brasil lidera o Brics pela quarta vez e promove expansão e cooperação global

O foco do mandato brasileiro, que segue até 31 de dezembro de 2025, será o lema “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global por uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”

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Bandeiras de países do Brics
Legenda: Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e Arábia Saudita ingressaram no Brics em 2024, e pelo menos nove países devem entrar no bloco neste início de 2025
Foto: Brics/Divulgação

A partir desta quarta-feira (1º), o Brasil assume pela quarta vez a presidência rotativa do Brics, bloco que agrupa Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, além de outros membros recém-admitidos. O mandato brasileiro segue até o dia 31 de dezembro de 2025 e terá como eixos principais de atuação a cooperação do sul global e a reforma da governança global.

Como país anfitrião, o Brasil vai organizar e coordenar as reuniões dos grupos de trabalho que compõem o bloco e reúnem os representantes dos países-membros. Em comunicado, o Planalto afirmou que há mais de 100 reuniões previstas para o período de fevereiro a julho, em Brasília. Além disso, o Rio de Janeiro vai sediar a Cúpula do Brics, espaço de deliberação entre chefes de Estado e Governo, prevista para julho.

O Brasil elencou cinco prioridades para o mandato:

  1. Facilitação do comércio e investimentos entre os países do agrupamento, por meio do desenvolvimento de meios de pagamento.
  2. Promoção da governança inclusiva e responsável da Inteligência Artificial para o desenvolvimento.
  3. Aprimoramento das estruturas de financiamento para enfrentar as mudanças climáticas, em diálogo com a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30).
  4. Estímulo aos projetos de cooperação entre países do Sul Global, com foco em saúde pública.
  5. Fortalecimento institucional do Brics.

Ampliação do Brics

O Brasil assume o mandato em meio ao ingresso de pelo menos nove países como membros do bloco neste início de 2025. Segundo informações da Agência Brasil, a Rússia, que ocupou a presidência em 2024, confirmou Cuba, Bolívia, Indonésia, Bielorrússia, Cazaquistão, Malásia, Tailândia, Uganda e Uzbequistão como novos membros.

À Agência Brasil, o professor de direito internacional Paulo Borba Casella, do Grupo de Estudos sobre o Brics (Gebrics) da Universidade de São Paulo (USP), apontou a criação de uma dinâmica para o bloco, nessa nova configuração, como um dos desafios para a presidência brasileira.

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Treze países foram convidados para participar do Brics, mas ainda é aguardada a confirmação da participação da Nigéria, da Turquia, da Argélia e da Indonésia. A inclusão de novos membros foi definida durante a presidência russa, na 16ª cúpula do Brics, em 2024, quando foi criada a nova categoria de parceiros do bloco.

Ainda segundo a Agência Brasil, o Itamaraty ainda não confirmou se os nove países vão ingressar como membros efetivos ou como parceiros, que podem participar das reuniões e dos encontros, mas não têm poder de voto ou veto.

Em 2024, houve a entrada de novos membros efetivos — Irã, Emirados Árabes Unidos, Egito e Etiópia. A Arábia Saudita ainda não assinou a adesão ao grupo, mas tem participado de todos os encontros. A Argentina também foi convidada para integrar o Brics, mas  o presidente Javier Milei recusou a proposta.

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Substituição do dólar

O Brasil terá ainda outro desafio durante a presidência do Brics. No grupo, existe uma discussão sobre a substituição do dólar norte-americano por outra moeda nas transações entre os países, o que tem provocado reações por parte do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

Trump tem feito ameaças de estabelecer tarifa de 100% sobre produtos da nação que adotar a substituição da moeda estadunidense. O dólar norte-americano foi adotado como padrão no comércio internacional em 1944, com o Acordo de Bretton Woods. Com isso, transações entre países envolvem a conversão de moedas locais, gerando vulnerabilidade em relação às flutuações do dólar.

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