Javier Milei anuncia que Argentina não participará do Brics

Documento enviado a países do bloco afirma que entrada no grupo "não é oportuna" para país sul-americano

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(Atualizado às 12:37)
Presidente da Argentina Javier Milei
Legenda: Milei pretende rever decisões tomadas pelo ex-presidente argentino, como a participação ativa do país no Brics
Foto: Shutterstock

Após a Argentina ser convidada para integrar o Brics, o presidente Javier Milei enviou, nesta semana, uma carta aos governantes dos cinco países que compõem o grupo recusando a proposta. Conforme o jornal O Globo, a decisão não foi uma surpresa para o governo brasileiro, que já esperava a negativa da nova gestão argentina. 

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Enviado às autoridades brasileiras através da embaixada do Brasil no país, o documento explicava que, assim como outras decisões tomadas pelo governo anterior, a decisão de fazer parte do Brics foi revista.

“Como sabem, a marca da política externa do governo que presido há alguns dias difere em muitos aspectos da do governo anterior. Nesse sentido, algumas decisões tomadas pela gestão anterior serão revistas. Entre elas, está a criação de uma unidade especializada para a participação ativa do país no Brics, conforme indicou o ex-presidente Alberto Fernández em carta datada de 4 de setembro. A este respeito, gostaria de informar que, nesta fase, a incorporação da República Argentina ao Brics como membro pleno a partir de 1º de janeiro de 2024 não é considerada oportuna", afirmou carta redigida por Diana Mondino, ministra das Relações Exteriores da Argentina.

Fontes consultadas pelo O Globo afirmaram que as palavras não surpreenderam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que não haverá reação oficial ao documento, pois “não entrar no Brics é uma decisão soberana da Argentina”.

NOVOS INTEGRANTES

Em agosto, os países membros do Brics aprovaram a entrada de Argentina, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos no grupo. Além das nações convidadas, mais de 30 países solicitaram adesão ou demonstraram interesse em fazer parte do agrupamento.

Na época, o chefe de Estado brasileiro aproveitou para demonstrar apoio ao governo do ex-presidente argentino Alberto Fernández, apostando na eleição de seu aliado, Sergio Massa.

No entanto, com a vitória de Milei, o governo brasileiro passou a esperar que a vizinha sul-americana recusasse o convite, já que o novo presidente desaprova posicionamentos adotados por China, Rússia e Irã. 

O QUE É O BRICS?

Reunindo as maiores economias emergentes do planeta, o Brics é composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Juntos, eles representam cerca de 23% do PIB global e 18% do comércio internacional, e tem, como principal objetivo, alterar o sistema de governança global, segundo informações do Planalto.

O grupo atua com base em três pilares principais: cooperação em política e segurança, cooperação cultural e pessoal, e cooperação financeira e econômica. O Brasil, por exemplo, mantém um comércio intenso com os parceiros, chegando a obter 99,4 bilhões de dólares em exportações para os membros do Brics, somente em 2022.

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