Após homem morrer sem atendimento em UPA do RJ, 20 funcionários da unidade de saúde são demitidos
Entre os demitidos, estão médicos, enfermeiros e recepcionistas

Vinte funcionário da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, foram demitidos após a repercussão do caso de homem que faleceu enquanto aguardava atendimento do local. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ao Diário do Nordeste.
Entre os demitidos, estão médicos, enfermeiros e recepcionistas. Todos estavam no plantão quando a vítima, o garçom José Augusto Mota Silva, de 32 anos, deu entrada na unidade de saúde.
Após a morte do homem, o secretário de saúde Daniel Soranz anunciou, através de um post no X (antigo Twitter), que demitiria os funcionários que trabalhavam na UPA quando José morreu, na última sexta-feira (13).
"Todos os profissionais que estavam no plantão da UPA da Cidade de Deus, na noite de ontem, serão demitidos, responderão sindicância e serão denunciados nos seus respectivos conselhos de classe. É inadmissível não perceberem a gravidade do caso", escreveu o secretário no sábado (14).
O caso é investigado pelo 41º Distrito Policial do Rio, conhecido como Tanque. Em nota à imprensa, a Secretaria de Saúde do Município afirmou que ele sofreu uma parada cardiorrespiratória, mas ainda não há detalhes sobre a causa da morte.
Segundo testemunhas, José Augusto deu entrada na UPA com muitas dores pelo corpo. Ele passou pela triagem da classificação de risco e se sentou em uma das cadeiras na sala de espera para esperar o atendimento. Neste momento, ele teria perdido a consciência, e só aí a equipe se mobilizou para realizar os atendimentos, mas ele não resistiu.
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Família se sensibiliza com a morte
O velório de José Augusto aconteceu no último domingo, em Mogi Guaçu (SP), cidade em que ele nasceu e onde a família mora. Em declaração ao g1, o pai do garçom revelou que o filho chegou à UPA "gritando de dor", mas que mesmo assim demorou a ser atendido.
"Ele chegou pedindo atendimento e ninguém atendeu. Foi ficando lá, sentado. Até que morreu com o pescoço tombado", disse o pai. "Ele não merecia morrer daquele jeito, sentado. Ninguém merece morrer que nem bicho, daquela forma. É desumano", declarou a irmã, Meiriane Mota Silva.
Ao portal da TV Globo, a família também compartilhou que José sentia dores constantes no estômago e que semanalmente ia até a unidade de saúde para buscar alguma solução.
"A ex-companheira dele ligava pra gente chorando falando: 'eu não sei mais o que eu faço, eu levo ele todos os dias no UPA. Eles não dão moral para ele. São de três a cinco horas para atender naquele hospital. Eles atendem, dão injeção ou dipirona na veia e pronto, tá liberado'", contou a sobrinha de José, Emily Larissa Souza Mota.
*Sob supervisão da jornalista Mariana Lazari