Após homem morrer sem atendimento em UPA do RJ, 20 funcionários da unidade de saúde são demitidos

Entre os demitidos, estão médicos, enfermeiros e recepcionistas

Escrito por
Paulo Roberto Maciel* paulo.maciel@svm.com.br
Após homem morrer sem atendimento em UPA do RJ, 20 funcionários da unidade são demitidos
Legenda: Vítima já reclamava de fortes dores no estômago antes de morrer
Foto: Reprodução/Redes Sociais

Vinte funcionário da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, foram demitidos após a repercussão do caso de homem que faleceu enquanto aguardava atendimento do local. A informação foi confirmada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ao Diário do Nordeste.

Entre os demitidos, estão médicos, enfermeiros e recepcionistas. Todos estavam no plantão quando a vítima, o garçom José Augusto Mota Silva, de 32 anos, deu entrada na unidade de saúde.

Após a morte do homem, o secretário de saúde Daniel Soranz anunciou, através de um post no X (antigo Twitter), que demitiria os funcionários que trabalhavam na UPA quando José morreu, na última sexta-feira (13).

"Todos os profissionais que estavam no plantão da UPA da Cidade de Deus, na noite de ontem, serão demitidos, responderão sindicância e serão denunciados nos seus respectivos conselhos de classe. É inadmissível não perceberem a gravidade do caso", escreveu o secretário no sábado (14).

O caso é investigado pelo 41º Distrito Policial do Rio, conhecido como Tanque. Em nota à imprensa, a Secretaria de Saúde do Município afirmou que ele sofreu uma parada cardiorrespiratória, mas ainda não há detalhes sobre a causa da morte.

Segundo testemunhas, José Augusto deu entrada na UPA com muitas dores pelo corpo. Ele passou pela triagem da classificação de risco e se sentou em uma das cadeiras na sala de espera para esperar o atendimento. Neste momento, ele teria perdido a consciência, e só aí a equipe se mobilizou para realizar os atendimentos, mas ele não resistiu.

Veja também

Família se sensibiliza com a morte

O velório de José Augusto aconteceu no último domingo, em Mogi Guaçu (SP), cidade em que ele nasceu e onde a família mora. Em declaração ao g1, o pai do garçom revelou que o filho chegou à UPA "gritando de dor", mas que mesmo assim demorou a ser atendido.

"Ele chegou pedindo atendimento e ninguém atendeu. Foi ficando lá, sentado. Até que morreu com o pescoço tombado", disse o pai. "Ele não merecia morrer daquele jeito, sentado. Ninguém merece morrer que nem bicho, daquela forma. É desumano", declarou a irmã, Meiriane Mota Silva.

Ao portal da TV Globo, a família também compartilhou que José sentia dores constantes no estômago e que semanalmente ia até a unidade de saúde para buscar alguma solução.

"A ex-companheira dele ligava pra gente chorando falando: 'eu não sei mais o que eu faço, eu levo ele todos os dias no UPA. Eles não dão moral para ele. São de três a cinco horas para atender naquele hospital. Eles atendem, dão injeção ou dipirona na veia e pronto, tá liberado'", contou a sobrinha de José, Emily Larissa Souza Mota.

>> Acesse nosso canal no Whatsapp e fique por dentro das principais notícias.

*Sob supervisão da jornalista Mariana Lazari

Assuntos Relacionados