Anvisa é notificada para suspender produto utilizado em preenchimento após morte de influenciadora
Segundo o Cremesp, o componente é o PMMA, que teria sido aplicado na influenciadora Aline Maria Ferreira da Silva
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foi notificada pelo Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp) para realizar a suspensão da distribuição e comercialização de produtos à base de polimetilmetacrilato.
O componente é conhecido popularmente como PMMA e pode ser utilizado para realizar procedimentos de preenchimento, como o que resultou na morte da influenciadora Aline Maria Ferreira da Silva no último dia 2 de julho.
Aline faleceu no Distrito Federal, aos 33 anos, após permanecer internada desde o dia 29 de junho. O procedimento em que o componente foi utilizado aconteceu no dia 23 do mesmo mês, em uma clínica de estética de Goiânia, em Goiás.
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A influenciadora realizou o procedimento estético para aumentar o bumbum, com a aplicação de PMMA. Ao todo, segundo as investigações, ela recebeu aplicações de 30 ml da substância em cada glúteo.
Agora, segundo o Cremesp, a Anvisa tem 48 horas para responder à notificação "sob pena de encaminhamento ao Poder Judiciário". As informações são do g1 São Paulo.
O polimetilmetacrilato é um componente plástico utilizado de formas diversas na área da saúde em outros setores produtivos. É caracterizada como uma matéria-prima com vários tipos de aplicações, com variações que diferem conforme o processamento e desenvolvimento.
Dessa forma, o Cremesp aponta que o PMMA, como é conhecido, não é indicado para fins estéticos, já que possui "elevado risco de complicações graves, irreversíveis, e até óbito dos pacientes, especialmente se administrados em grandes quantidades".
A Anvisa, entretanto, permite atualmente a venda de produtos à base de PMMA para preenchimento cutâneo e muscular com finalidade corretiva estética ou reparadora. O que muda na comercialização desse componente são as diferentes concentrações.
Obrigatoriedade de registro
Ainda que a venda seja permitida, a Anvisa exige registro para o uso do PMMA para preenchimento subcutâneo em solo brasileiro. Ele pode ser usado apenas em duas situações, que estão descritas abaixo:
- Correção de lipodistrofia: quando há alteração no organismo com concentração de gordura em partes do corpo provocada pelo uso de antirretrovirais em pacientes com síndrome da imunodeficiência adquirida;
- Correção volumétrica facial e corporal: uma forma de tratar alterações, como irregularidades e depressões no corpo.
Profissionais treinados e habilitados podem aplicar o produto, mas a dose utilizada vai depender de cada avaliação médica e paciente. Ainda assim, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) não recomenda o uso de PMMA para fins estéticos.
O PMMA é apontado como fator de risco para causar complicações graves como necroses, cegueiras, embolias, podendo levar à morte, e ainda não é reabsorvível pelo organismo.