Ucrânia relata dois soldados mortos em bombardeio de separatistas
Autoridades separatistas acusaram a Ucrânia no site de mídia social Telegram de bombardear áreas controladas por eles e disseram que tinham de responder de acordo
Os militares ucranianos disseram que dois soldados foram mortos e quatro feridos em bombardeios por separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia neste sábado, 19, onde uma explosão de violência nesta semana provocou temores de que poderia ser o gatilho para uma ação militar russa. "Dois soldados morreram como resultado do bombardeio naquela região", disse o comunicado. Estas são as primeiras baixas para as forças ucranianas em mais de um mês de tensão.
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Oficiais militares ucranianos de alto escalão também foram forçados a buscar um abrigo antiaéreo neste sábado após um ataque de bombardeio no leste. Os oficiais militares estavam visitando a zona de conflito, assim como um grupo de legisladores e jornalistas, que também buscaram abrigo.
Os militares ucranianos disseram em sua página no Facebook que registraram 70 violações do cessar-fogo por separatistas desde o início do dia, em comparação com 66 casos nas 24 horas anteriores. Separatistas abriram fogo em mais de 30 assentamentos ao longo da linha de frente usando artilharia pesada, o que foi proibido por acordos destinados a esfriar o conflito de longa data, disseram os militares.
Autoridades separatistas acusaram a Ucrânia no site de mídia social Telegram de bombardear áreas controladas por eles e disseram que tinham de responder de acordo. Incidentes de bombardeios na linha que divide as forças do governo e os separatistas aumentaram acentuadamente nesta semana, no que o governo ucraniano chamou de provocação.
Kieve negou veementemente as sugestões da Rússia de que poderia lançar uma ofensiva no leste da Ucrânia.
O serviço de segurança russo FSB disse que dois projéteis caíram em território russo perto da fronteira, informou a agência de notícias russa Tass. Um atingiu um prédio na região de Rostov, mas ninguém ficou ferido, disse.
Os militares ucranianos acusaram a Rússia de falsificar fotos de projéteis para provar que eram ucranianos e disseram que mercenários chegaram ao leste da Ucrânia, controlado pelos separatistas, para fazer provocações em colaboração com os serviços especiais da Rússia.
O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia exigiu uma investigação internacional independente dos supostos incidentes e os militares disseram que dois soldados foram mortos em bombardeios por separatistas pró-Rússia no leste da Ucrânia.
Agências de notícias russas disseram que 10 pessoas retiradas chegaram até agora na Rússia. As autoridades separatistas dizem que pretendem retirar 700 mil pessoas.
Armas proibidas
O comunicado de Kiev disse que os rebeldes usaram obuses de 82 e 120 milímetros proibidos em seus ataques a cidades da linha de frente nas regiões de Luhansk e Donetsk, no leste da Ucrânia. "As forças armadas controlam a situação e continuam cumprindo sua missão de rejeitar e conter a agressão armada da Federação Russa", indica o texto, antes do anúncio das mortes dos soldados
De acordo com o lado ucraniano, os separatistas usaram artilharia, morteiros e lançadores de granadas durante o ataque. Os militares ucranianos garantiram que não abrem fogo contra a infraestrutura civil dos separatistas e respeitam as normas do direito internacional humanitário.
O centro de imprensa da Operação de Forças Conjuntas afirmou que as forças de ocupação russas realizaram 19 violações do cessar-fogo, 16 das quais com o uso de armas proibidas pelos acordos de Minsk. "As forças conjuntas controlam a situação e respondem adequadamente a possíveis ameaças do inimigo", disse em comunicado.
Em meio à crescente tensão, os líderes das regiões separatistas de Donetsk e Luhansk ordenaram neste sábado a mobilização geral. Rússia nega qualquer envolvimento no conflito com o leste da Ucrânia e descreve-o como um assunto interno desse país.
Posições internacionais
O Presidente da Ucrânia Volodmir Zelenski participou neste sábado da Conferência de Segurança em Munique, na Alemanha ao lado de outros líderes, como a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, o chanceler alemão, Olaf Scholz, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, com quem já esteve nas últimas semanas em Kiev. Em seu discurso, Zelenski exigiu novas garantias de segurança do Ocidente.
Por outro lado, o presidente russo, Vladimir Putin, terá uma conversa telefônica no domingo, 20, com seu colega francês Emmanuel Macron.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, explicou que a chamada "está na agenda de domingo do presidente". Na noite da última sexta-feira, 18, a Presidência francesa anunciou este apelo com o objetivo de "evitar o pior" na Ucrânia.
Teste de mísseis balísticos
A Rússia testou neste sábado mísseis balísticos e de cruzeiro, descrevendo o ato como um exercício estratégico de dissuasão. Foi um lembrete da capacidade do país de causar uma guerra nuclear em meio ao conflito com o Ocidente em torno da Ucrânia.
O presidente Vladimir Putin supervisionou pessoalmente os lançamentos de um centro de comando junto com seu aliado e homólogo de Belarus, Alexander Lukashenko, afirmou comunicado do Kremlin.
Uma combinação de mísseis balísticos e de cruzeiro estavam programados para ser lançados como parte das manobras, que envolve os mísseis estratégicos do país no Mar Negro, informou o Kremlin, de acordo com o canal de televisão do Ministério da Defesa da Rússia, Zvezda.
Os exercícios acontecem enquanto os Estados Unidos e a Otan alertam que a Rússia, que acumulou entre 169 mil e 190 mil militares perto da Ucrânia e da Crimeia, está preparando um ataque maciço ao país vizinho. O presidente Biden afirmou nesta sexta-feira esperar que Putin invada a Ucrânia nos próximos dias, com alvos incluindo a capital do país, Kiev.
Com agências internacionais e informações do Dow Jones Newswires.