Procura por vistos para viagem internacional aumenta no Ceará
Hoje, 57 países exigem vistos dos brasileiros. Maior oferta de voos de Fortaleza para EUA favorece mercado de consultoria para obter autorização de viagem
Quem planeja uma viagem ao exterior precisa, inicialmente, checar as exigências do país de destino para autorizar a entrada. Além de conseguir o passaporte na Polícia Federal, o turista de sua primeira viagem internacional tem, em muitos casos, de enfrentar a burocracia para obter o visto. Em Fortaleza, há um mercado de consultoria de vistos, que ajuda o visitante em todo o processo, do preenchimento dos formulários ao pagamento de taxas.
Atualmente, 57 países exigem visto dos brasileiros, segundo o monitoramento online da Henley & Partners, consultoria canadense de obtenção de cidadania e residência.
O passaporte nacional garante a entrada livre em 169 nações, segundo o ranking trimestral do famoso Índice Henley de Passaportes mais Poderosos (que dispensam vistos) do mundo. O Brasil ocupa a 18ª posição nessa lista. Hoje os passaportes que mais abrem portas são o do Japão e o de Singapura - ambos permitem o ingresso livre em 189 países.
Os brasileiros pagam uma taxa de emissão de passaporte de R$ 257,25. O processo é feito pela Polícia Federal. Em Fortaleza, o posto da PF funciona no Iguatemi. Além desse custo com a PF, o turista tem de arcar ainda com as despesas das taxas consulares.
"Em Fortaleza, os destinos mais solicitados de visto são os EUA, Canadá, China e Japão. A principal solicitação é a do visto de turismo tanto para EUA como para o Canadá. Para China, há muita solicitação de visto de negócios", conta Lívia Semião, assessora de visto da Casablanca Turismo.
O gerente comercial da ForVistos Assessoria, Shoghi Andrade, nota uma maior demanda dos cearenses pelo documento. "O aumento nas ofertas de voos para os EUA, saindo de Fortaleza, contribuiu para a redução nos custos das passagens aéreas, impulsionando a procura dos cearenses por vistos americanos. Em alguns casos, está mais barato comprar uma passagem para Miami/Orlando do que para São Paulo", diz.
O último país que liberou o visto para os brasileiros foi os Emirados Árabes Unidos, em junho do ano passado, graças à assinatura de um acordo bilateral entre os dois países, facilitando o fluxo de turistas.
Desde dia 17 de junho, passou a vigorar o decreto assinado pelo presidente Jair Bolsonaro determinando a isenção de vistos para cidadãos americanos, australianos, canadenses e japoneses que desejam entrar no Brasil. A medida, no entanto, não foi acompanhada de reciprocidade, ou seja, os brasileiros ainda são obrigados a obter autorização para entrar nesses quatro países.
Reciprocidade
Relatório da Henley & Partners, divulgado neste mês, elogia a decisão do Brasil, depois de anos de oposição à isenção de vistos sem reciprocidade.
"O Brasil deu um passo para a abertura aos principais países exportadores de capital como Canadá, Japão e EUA", cita o documento, destacando a necessidade de retomada da economia brasileira.
"Deveria ter reciprocidade, uma vez que os custos para os brasileiros são altos para solicitarem os vistos para esses países", defende Lívia.
Indagado se deveria ter reciprocidade na isenção de vistos aos brasileiros, Shoghi Andrade afirma ser otimista em relação à aproximação dos povos e ao conceito de que "a Terra é um só país, e os seres humanos, seus cidadãos".
"O Brasil, porém, ainda está um pouco distante disso. Nossas desigualdades sociais são gigantescas, e isso exige um rigor/controle muito maior de fronteira, bem diferente da realidade desses países que recentemente ganharam a isenção de visto para visitar o Brasil", avalia Andrade.
O ritmo da demanda por vistos em Fortaleza segue o calendário típico de planejamento das férias. "Estamos no período de férias no Brasil. Muita gente solicitou antes para viajar em julho. Os meses mais procurados para obter visto são fevereiro, março, maio, junho, agosto, setembro, outubro e novembro", cita Lívia.