Mujica revela que câncer de esôfago se espalhou para fígado e nega possibilidade de tratamento: 'Estou morrendo'
Ex-presidente uruguaio, de 89 anos, foi diagnosticado com a doença em abril de 2024, e, desde então, viu o estado de saúde gradualmente piorar
"Estou morrendo", confessou, com olhos marejados, o ex-presidente do Uruguai José "Pepe" Mujica, de 89 anos, ao jornal local Búsqueda nesta semana. O câncer de esôfago, diagnosticado em abril de 2024, se espalhou para o fígado e, devido à idade avançada e aos problemas crônicos de saúde, não há possibilidade de tratamento.
Na entrevista, publicada nesta quinta-feira (9), o político revelou que os médicos que o acompanham o informaram sobre a metástase e destalharam não ser possível submetê-lo a uma cirurgia ou a procedimentos como quimioterapia. "O câncer no esôfago está colonizando meu fígado. Não consigo pará-lo. Por quê? Porque sou um idoso e porque tenho duas doenças crônicas. [...] Não há espaço para tratamento bioquímico ou cirurgia porque meu corpo não aguenta", declarou ao periódico.
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Em dezembro de 2024, ele chegou a passar por uma intervenção bem sucedida para corrigir um estreitamento do esôfago, que estava dificultando a alimentação. No mesmo mês, recebeu do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, considerada a mais alta condecoração do Brasil.
Devido ao estado de saúde, Mujica contou que pediu à equipe médica que apenas não o deixe "sofrer demais".
“Deixem me escolher, e quando chegar a minha vez de morrer, eu morro". E acrescentou: "O que peço é que me deixem em paz. Que não me peçam mais entrevistas, nem nada. Meu ciclo já terminou. Sinceramente, estou morrendo. E o guerreiro tem direito ao seu descanso."
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Considerado o político mais popular do Uruguai, o ex-presidente, líder do Movimento de Participação Popular (MPP) e que auxiliou na vitória do candidato Yamandú Orsi ao Executivo do país, descartou a possibilidade de integrar o novo governo, que tomará posse em 1º de março. Ao jornal, disse se sentir "orgulhoso" da trajetória pública e que isso lhe permite "partir tranquilo e agradecido".
Na ocasião, Mujica se definiu como um velho no fim da vida e contou que deseja “despedir-se de seus compatriotas e simpatizantes”.
"É fácil ter respeito por aqueles que pensam de forma parecida com a nossa, mas é preciso aprender que o fundamento da democracia é o respeito por quem pensa diferente. Por isso, a primeira categoria são meus compatriotas, e deles me despeço. Dou um abraço a todos", disse e, em seguida, acrescentou: “Em segundo lugar, despeço-me de meus companheiros e simpatizantes. Tudo o que quero agora é me despedir”.
Por fim, o ex-presidente enalteceu o sistema democrático: "Não há nada como a democracia. Quando jovem, eu não pensava assim, é verdade. Me enganei. Mas hoje luto por isso. Não é a sociedade perfeita, é a melhor possível".