Governo do Reino Unido determina deportação de filhos de brasileiros após divórcio dos pais

Irmãos nasceram nos EUA, vivem no Reino Unido há quase seis anos e não falam português

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Redação producaodiario@svm.com.br
Imagem de família que recebeu o informe de que o filho pode ser deportado para o Brasil
Legenda: Família vive legalmente no país, mas filhos tiveram residência negado
Foto: Reprodução

Um casal de brasileiros, que moram no Reino Unido há seis anos, foram surpreendidos por uma carta do Ministério do Interior britânico. Após o divórcio deles, o filho mais velho dos dois, Guilherme Serrano, de 11 anos, recebeu uma notificação oficial determinando que ele deixe o Reino Unido

Conforme revelado pelo jornal The Guardian, o irmão mais novo, Luca, de 8 anos, também pode ser deportado. No entanto, os dois nasceram nos Estados Unidos, foram criados no Reino Unido e nunca moraram no Brasil. Eles também não falam português. 

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Os pais, Ana Luiza Cabral Gouveia e Hugo Barbosa, têm autorização legal para morar e trabalhar no país, mas os filhos não tiveram o mesmo direito reconhecido. Desde 2019, vivem na Inglaterra, com a mãe trabalhando como enfermeira, e o pai atuando como professor de computação da Universidade de Exeter. 

"Eles tinham 2 e 5 anos quando nos mudamos para cá. Ignoraram completamente o impacto emocional, cultural e educacional dessa decisão", disse Hugo ao Globo.

O Ministério do Interior britânico foi procurado pelos jornais The Guardian e Globo, mas ainda não se pronunciou sobre o caso. A família segue aguardando uma solução.

Carta recebida no começo de junho

A carta chegou para Guilherme no dia 4 de junho. Ao longo do texto, a criança foi informada de que, caso ficasse ilegalmente no país, poderia ser detido, processado e impedido de trabalhar ou alugar imóvel no futuro.

O visto inicial da família era vinculado ao trabalho do pai, que solicitou residência permanente após seis anos no país. O pedido dele foi aprovado, mas o dos filhos, não.

Isso, porque, segundo a legislação atual, ambos os pais precisam ter direito à residência para que os filhos também recebam o benefício automático. Ana ainda não completou o tempo exigido com seu novo visto.

Hugo tentou reverter a decisão com base em "razões sérias ou convincentes", afirmando que os filhos estão totalmente adaptados ao país. Ele argumentou ainda que a deportação causaria prejuízos sociais, educacionais e emocionais.

Porém, o governo britânico negou o apelo e sugeriu que Guilherme volte ao Brasil com a família. O pai lembrou que os filhos nunca moraram no Brasil e nasceram nos Estados Unidos. O documento oficial também afirmou que as crianças poderiam ser matriculadas em uma escola de língua inglesa no Brasil.

Para o governo, a medida é proporcional ao objetivo de manter o controle imigratório. Se permanecerem no Reino Unido até janeiro de 2026, os irmãos completarão sete anos no país. Nessa condição, poderão solicitar residência permanente, mesmo sem os pais terem o mesmo status.

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