Energia verde traz poucas perdas
As medidas contra efeito estufa iriam desacelerar o consumo mundial em 0,06% ao ano, diz relatório
Berlim. Uma mudança radical de combustíveis fósseis para energia de baixa emissão de carbono só reduziria o crescimento econômico mundial em uma pequena porcentagem, mostrou na última sexta-feira o rascunho de um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre maneiras de lidar com o aquecimento global.
Muitos governos se queixaram de que uma versão anterior não deixou clara sua estimativa dos custos da energia alternativa, que inclui solar ou eólica, nuclear e de combustíveis fósseis, cujas emissões causadoras do efeito estufa são capturadas e preservadas no subsolo.
Novo relatório
O novo rascunho, que está sendo editado por autoridades do governo e cientistas em Berlim antes de sua publicação neste domingo, indica que as perdas econômicas globais seriam pequenas se comparadas aos custos projetados de ondas de calor, enchentes, tempestades e elevações no nível dos oceanos.
O estudo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) é um guia essencial para os governos que trabalham em um pacto na Organização das Nações Unidas (ONU) previsto para ser acordado em Paris no fim de 2015 para frear o aquecimento global, que muito provavelmente é causado pelo homem, segundo o painel.
O novo texto, obtido pela Agência Reuters, diz que ações duras para cortar as crescentes emissões causadoras do efeito estufa iriam desacelerar o consumo mundial de bens e serviços em 0,06 por cento ao ano neste século, em um intervalo de 0,04 a 0,14 por cento.
Economistas dizem que as mudanças no consumo medidas pelo IPCC são quase idênticas às mudanças segundo o padrão mais tradicional de Produto Interno Bruto. O consumo exclui investimentos incluídos no PIB.
O rascunho anterior dizia que as perdas de consumo poderiam chegar a 12 por cento até 2100.
O rascunho do IPCC diz que mudanças em investimentos na casa dos trilhões de dólares são necessárias para tornar a energia de baixa emissão de carbono, que hoje representa 17 por cento da matriz energética, a fonte dominante de energia mundial até o ano de 2050.