Com início da imunização na América Latina, Brasil fica para trás na corrida pela vacina
Ainda sem data oficial para começar a vacinar a população contra Covid-19, Brasil vê países vizinhos pelo menos dois meses à frente na imunização de suas populações
Enquanto o Brasil projeta o início de sua campanha de vacinação contra a Covid-19 para meados de fevereiro, ainda sem datas definidas, três países latino-americanos começaram a imunizar suas populações nesta quinta-feira (24). México, Chile e Costa Rica se juntaram a uma lista que já tem China, Emirados Árabes, Rússia, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos, Bahrein, Arábia Saudita, Israel e Suíça, todos com os programas de vacinação já iniciados em 2020.
Entre os países com maior número de óbitos causados pelo vírus SARS-CoV-2, Estados Unidos, Reino Unido e Rússia iniciaram a vacinação ainda na primeira quinzena de dezembro. Enquanto os dois primeiros iniciaram a aplicação do imunizante desenvolvido pelas farmacêuticas Pfizer e BioNTech após a realização de todos os testes clínicos, a Rússia iniciou a aplicação antes da última etapa do processo de testagem da Sputinik V.
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No próximo domingo, mais três países fortemente atingidos pela pandemia irão começar a imunização da população: Itália (com quase 2 milhões de casos e mais de 70 mil mortes), França (com 2,5 milhões de casos e mais de 60 mil mortes) e Espanha (com 1,8 milhão de casos e quase 50 mil mortes).
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Com mais de 7,4 milhões de casos confirmados, o Brasil se aproxima da marca de 190 mil mortes causados pela Covid-19. Com isto, é o segundo mais mais atingido pela pandemia, tanto em número de registros da doença como em óbitos. Contudo, o país só deve iniciar a vacinação antes do Irã, que ainda não definiu data para o início da vacinação. No caso do país do Oriente Médio, no entanto, as sanções impostas pelos Estados Unidos ao governo, o Irã tem enfrentado dificuldades para realizar transferências internacionais e negociar a compra de vacinas.
Apesar disso, o Irã já anunciou que irá receber lotes de vacinas ainda neste mês, com a aquisição via Covax Facility, consórcio da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Brasil
Por aqui, pressionados pela opinião pública e obrigados por uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o presidente Jair Bolsonaro apresentaram o Plano Nacional de Vacinação no dia 16 de dezembro, com previsão de início em fevereiro. O ministro, porém, já deu outras declarações dizendo que a vacinação poderia começar em dezembro deste ano, em janeiro ou até março de 2021. Contudo, ainda não há um calendário definido.
Segundo a pasta, a definição das datas depende da análise da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre os pedidos de uso emergecial. A agência tem até dez dias para analisar solicitações referente ao uso emergencial de vacina contra a Covid-19. Contudo, até o momento, não houve nenhum pedido.
Nesta quinta-feira, o quarto lote de vacinas desenvolvidas pela Sinovac em parceria com o Instituto Butantan chegou a São Paulo. São 2,1 milhões de doses já prontas para aplicação e mais 2,1 mil litros de insumos, correspondentes a 3,4 milhões de doses. Este é o maior lote de imunizantes recebido até o momento.
Nesta semana, o secretário da Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Arnaldo Medeiros, afirmou que a pasta receberá pelo menos 150 milhões de doses no primeiro semestre, entre vacinas da Sinovac/Butantan (46 milhões), Pfizer/BioNTech (8 milhões) e Oxford/AstraZeneca (100,4 milhões).
América Latina
O Chile foi o primeiro país sul-americano a iniciar a vacinação nesta quinta-feira (24). Uma auxiliar de enfermagem de 46 anos recebeu a primeira de 10 mil doses fabricadas pelos laboratórios Pfizer/BioNTech. O presidente Sebastián Piñera fechou contrato para a aquisição de 10 milhões de doses e acompanhou hoje a chegada do primeiro lote.
O governo pretende vacinar 80% da população no primeiro semestre de 2021. A prioridade inicial será para os profissionais de saúde. O país está na casa dos 593 mil casos e 16 mil mortes.
O México deu início à campanha imunizando uma enfermeira de 59 anos, também com a vacina da Pfizer/BioNTech. O país presidido por López Obrador recebeu as primeiras 3.000 doses nesta semana, de um total de 1,4 milhão que devem chegar até o final do próximo mês. No México, já morreram mais de 120 mil pessoas vítimas do novo coronavírus (o quarto do mundo em óbitos) e foram confirmados 1,3 milhão de casos.
Também nesta quinta-feira, a Costa Rica deu início à campanha, a partir de asilos. Uma moradora de um lar de idosos, de 91 anos, foi a primeira vacinada no país.
Já a Argentina recebeu um carregamento de 300 mil doses da vacina russa Sputnik V, e o governo anunciou que a campanha já começa na semana que vem. A previsão é de que o país receba mais 5 milhões de doses em janeiro. Equador (janeiro) e Colômbia (fevereiro) também estão na frente do Brasil na corrida para imunizar seus cidadãos. Assim como o Brasil, Nicarágua, Uruguai e Peru também não têm previsão oficial para começar a vacinar.