Sara Mariano: o que se sabe até agora sobre a morte da cantora gospel
Cantora gospel foi encontrada morta, carbonizada, na tarde de sexta-feira (27), à beira de uma rodovia na Bahia. Ela era dada como desaparecida desde terça. Marido foi preso e confessou o crime
Sara de Freitas Souza Mariano, de 35 anos, foi encontrada morta à beira de uma rodovia na Região Metropolitana de Salvador, na Bahia. O corpo foi achado carbonizado na tarde da última sexta-feira (27), na altura do trevo de acesso ao Povoado de Leandrinho, em Dias D'Ávila, poucos dias após a cantora gospel ser dada como desaparecida pelo marido, o produtor Ederlan Mariano, 38.
Na quarta-feira (25), Ederlan foi às redes sociais se mostrar preocupado com o sumiço da pastora que, supostamente, um dia antes, teria ido a um encontro de mulheres promovido por uma igreja em Dias D'Ávila. Contudo, a Polícia descobriu que, naquele dia, não houve nenhum evento religioso do tipo na cidade, especialmente com a presença de Sara, e foi aí que família, amigos e colegas de trabalho da cantora começaram a questionar a versão apresentada pelo marido.
Na própria quarta, fãs e seguidores de Sara questionaram Ederlan sobre o nome da instituição religiosa que teria organizado o encontro de mulheres em Dias D'Ávila, mas o homem se mostrou irritado com as perguntas e chegou a chorar falando que ele e a filha do casal, de 11 anos, estavam em sofrimento, e que o casal não havia tido briga recente. "Tenho uma filha de 11 anos que está triste e chorando comigo. Tem gente ligando só por ligar. Sara foi para um evento ontem, dia 24, em Dias D'Ávila, e não retornou mais. [...] Sei que tem muita gente de coração bom, como tem gente que quer se aproveitar do momento. Eu não tenho o cartaz do evento, não sei o nome da igreja", declarou ele.
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Descoberta do corpo e suspeita do marido
Quando o corpo de Sara foi achado carbonizado à beira da rodovia BA-093, foi Ederlan quem o reconheceu. Próximo à vítima, estavam uma sandália e uma aliança.
Mas, àquele momento, a Polícia já sabia que a versão apresentada pelo marido de que a cantora havia ido para um evento em Dias D'Ávila na terça-feira não era verdadeira. Sara chegou a gravar um vídeo no Instagram informando que estava a caminho do município naquele dia, porém não citou nenhum compromisso específico e não foi registrado nenhum evento religioso ou "encontro de mulheres" na cidade.
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As suspeitas de que Ederlan estava envolvido no desaparecimento e na morte da cantora se intensificaram quando a irmã da vítima, Soraya Correia, desconfiada do cunhado, compartilhou um áudio em que Sara dizia ter flagrado uma conversa no celular entre o marido e um traficante de drogas, na qual ele mostrava interesse em adquirir uma arma. Ela também disse que a pastora teria dito para a mãe, Dolores Freitas, que tomaria uma decisão importante no dia em que desapareceu.
Além disso, familiares e amigos de Sara afirmaram que a relação entre os dois era abusiva, que as brigas estavam cada vez mais constantes e que Ederlan, além de ser agressivo e possessivo, já havia chegado a violentar sexualmente a esposa.
"O que eu sabia do relacionamento da Sara com o Ederlan é que não estava bom. Ela chegou a falar para mim que não estava mais aguentando e até disse: 'Mãe, vou tomar uma decisão, que não queria tomar porque falei perante a Deus, até que a morte nos separe, mas ele está impossível'", relatou Dolores.
Confissão do crime
Ederlan foi preso na madrugada desse sábado (28). O delegado Euvaldo Costa, à frente das investigações, já suspeitava, àquela altura, que o homem era perigoso e que estaria tentando destruir provas de que havia cometido o crime.
"As evidências apontam que o investigado não só mantinha controle emocional da vítima, sobretudo dos fatos ora investigados, o que se iniciou com a notícia do desaparecimento e evoluiu para homicídio qualificado com ocultação de cadáver", escreveu Costa na representação pela prisão temporária enviada à Justiça. "O investigado deixava claro sua intenção de destruir as possíveis provas que estavam armazenadas no celular da vítima e prejudicar as investigações dos fatos", acrescentou.
Preso, Ederlan confessou o crime à Polícia, mas as investigações continuam para apurar se outras pessoas estariam envolvidas, qual foi a motivação e qual foi o método utilizado pelo criminoso para assinar a esposa. "Inicialmente, tenho que informar que o planejamento da morte da pastora começou um mês antes da execução. Então, é possível que tenha participação de mais autores. Pelas investigações, pelas informações já coletadas no inquérito, o planejamento começou no dia 24 de setembro", compartilhou o delegado.
Família faz 'vakinha' para ir à Bahia
A irmã e a mãe de Sara moram no Ceará e no Maranhão, respectivamente. As duas estão fazendo uma campanha nas redes sociais para angariar recursos para irem à Bahia resolver os trâmites do enterro da cantora. De acordo com o perfil de Soraya no Instagram, elas precisam levantar, no mínimo, R$ 6 mil.