Tendinite: o que é, causas e como tratar
O problema de desgaste relativamente frequente resulta, muitas vezes, de um estresse repetido exercido sobre o tendão
A tendinite é a inflamação de um tendão, parte final do músculo que faz a fixação dele com os ossos. Quando essa estrutura é lesionada, a transmissão de força para contrair um músculo e mover um osso fica debilitada, e a dor na movimentação é um sinal de que algo está errado. Com o envelhecimento, os tendões começam a perder força e elasticidade, aumentando o risco de tendinopatias.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma a cada 100 pessoas sofre com a tendinite. Como o corpo humano tem mais de quatro mil tendões — e a tendinite é a inflamação de algum deles —, fica fácil entender porque os números são tão altos.
Esse problema de desgaste relativamente frequente resulta habitualmente de um estresse repetido exercido sobre o tendão. A maioria das lesões é resultado de desgaste gradual do tendão por utilização excessiva ou envelhecimento.
“Na origem deste problema, pode estar uma lesão ou o uso excessivo do tendão afetado, quer por gestos repetitivos, quer por excesso de peso. A idade, por sua vez, é um fator de risco conhecido. Esta complicação pode atingir diferentes tendões do corpo, tornando-se muitas vezes numa dor incapacitante”, afirma o médico ortopedista e traumatologista Eduardo Figueiredo*.
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O que é tendinite?
É a inflamação do tendão, que é a estrutura que liga o músculo ao osso. Temos também a tenossinovite, a qual é a inflamação do tendão e de sua cobertura, a bainha sinovial, explica o médico. “Essa inflamação pode acontecer em qualquer tendão do corpo humano, desde os pés até a cabeça. Como a função dos tendões é movimentar as articulações, a doença pode causar muito desconforto nos movimentos”, acrescenta.
A parte do corpo envolvida pode dar o nome à lesão, por exemplo: Tendinite de Aquiles, Joelho do Saltador e Ombro do Arremessador.
Quais os tipos de tendinite?
- Tendinite de Aquiles
O tendão de Aquiles está entre o calcanhar e o músculo da panturrilha. “Trata-se de uma lesão esportiva comum. Também pode ser causada por sapatos que se encaixam mal ou não apoiam adequadamente o pé. É mais provável entre pacientes com artrite reumatoide ou lesões esportivas”, explica o ortopedista.
- Tendinite supraespinhal
Com este tipo de tendinite, o tendão ao redor da parte superior da articulação do ombro fica inflamado, causando dor quando o braço é movido, especialmente para cima. “Alguns pacientes podem achar doloroso deitar no ombro afetado à noite. Se outros tendões na mesma área também forem afetados, a pessoa pode ter síndrome do manguito rotador”, adiciona o especialista.
- Tenossinovite estenosante de De Quervain
A bainha que envolve os tendões do polegar, entre o polegar e o punho, fica inflamada. Com a localização espessa e o inchaço na área, torna-se doloroso mover o polegar.
- Dedo ou o polegar em gatilho
O dedo ou o polegar "clica" quando se endireita. Torna-se fixo em uma posição dobrada porque a bainha do tendão na palma da mão está espessa e inflamada e não permite que o tendão se mova suavemente. Às vezes, um nódulo se forma ao longo do tendão.
- Tendinite do punho ou LER
Pode afetar os trabalhadores da linha de produção, que usam repetidamente o mesmo movimento com o pulso. Tendinopatia é um termo que engloba tendinite e outras patologias do tendão.
O que causa tendinite?
A principal causa é o esforço repetitivo. Mas podemos ter por trauma também, avalia o médico.
As causas comuns incluem:
- Lesão súbita
- Repetição de um movimento ao longo do tempo
Outros fatores de risco incluem:
- Idade: os tendões tornam-se menos flexíveis com a idade e mais suscetíveis a lesões
- Profissão: uma pessoa cujo trabalho envolve movimentos repetitivos, posições desajeitadas, atingindo frequentemente sobrecarga, vibração e esforço forçado, tem um risco maior
- Esportes: aqueles que envolvem movimentos repetitivos podem levar a tendinites
- Algumas condições de saúde: pessoas com diabetes e artrite reumatoide são mais propensas a desenvolver tendinite.
Quais os sintomas?
Dor local, com piora quando há movimentos, podendo apresentar edema, vermelhidão e inchaço no trajeto do tendão. Se houver uma ruptura, poderá ser sentida uma lacuna na linha do tendão e o movimento será difícil. Os sintomas podem durar de alguns dias a várias semanas ou meses, alerta o médico.
Como a tendinite é diagnosticada?
Um médico perguntará sobre os sintomas e fará um exame físico. Quando o profissional tenta mover o tendão, um som estridente pode ser ouvido. Isso acontece porque a bainha do tendão se tornou mais espessa e inflamada. Se houver sensibilidade em um ponto específico do tendão, isso pode indicar tendinite.
“Se o problema não desaparecer com repouso, compressas e medicamentos, o médico poderá recomendar alguns testes. Um raio-x pode mostrar depósitos de cálcio ao redor do tendão, o que pode ajudar a confirmar um diagnóstico. Outros exames de imagem, como ultrassom ou ressonância magnética, podem revelar inchaço da bainha do tendão”, explica o ortopedista.
Como evitar a tendinite?
Realizar fortalecimento e alongamentos, principalmente para quem executa atividades repetitivas, é forma de evitar a doença. “Esta pessoa deve se alongar a cada uma hora de trabalho, para tirar a tensão dos tendões e músculos”, avalia o médico.
"Faz-se necessário também prestar atenção à postura no trabalho. No caso das mãos, quando o mais comum é trabalhar com computador, o punho deve ficar em posição neutra ou extensão leve, nunca fletido e nem em extensão máxima. O antebraço deve ficar apoiado e o cotovelo próximo de 90 graus”, detalha o especialista.
“Usualmente o que a gente vê no consultório são pacientes que trabalham digitando bastante em posições erradas ou o uso excessivo do celular. Isso leva a tendinites do punho e das mãos. A ergonomia deve ser corrigida e é preciso passar a fazer alongamentos diários para evitar ou minimizar a chance de desenvolver a tendinite”, alerta o ortopedista.
*Eduardo Figueiredo é ortopedista e traumatologista. Especialista em cirurgia da mão e microcirurgia. Formado pela Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte, com residência em Ortopedia e Traumatologia pela Universidade Federal da Bahia e residência em Cirurgia da Mão e Microcirurgia pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Atuação em traumas, doenças ortopédicas das mãos, punhos e microcirurgia.