Saiba mais sobre o que é a febre oropouche e o mosquito pólvora

Rearranjos genéticos do vírus podem ter motivado as duas mortes registradas no Brasil

Escrito por Redação ,
Mosquito Culicoides paraenses, popularmente conhecido como maruim ou mosquito-pólvora. Ministério da Saúde investiga quatro mortes suspeitas por Febre Oropouche; conheça doença e sintomas
Legenda: A condição é geralmente transmitida pelo mosquito Culicoides paraenses, popularmente conhecido como maruim ou mosquito-pólvora
Foto: Divulgação/Agência Pará

Após confirmar as duas primeiras mortes por febre oropouche no Brasil, na última quinta-feira (25), o Ministério da Saúde acompanha os casos da doença que é transmitida, principalmente, pelo mosquito conhecido como ‘maruim’ ou ‘mosquito-pólvora’ e tem sintomas parecidos com os da dengue. 

Os óbitos foram confirmados em pacientes do interior da Bahia. As vítimas eram mulheres com menos de 30 anos e sem comorbidades. Essas foram as primeiras ocorrências de mortes registradas no mundo pela doença. 

De acordo com a Pasta, estão em andamento três grupos de pesquisa sobre a febre do oropouche. Um deles, com foco em informações laboratoriais, tais como a linhagem do vírus e características genômicas. Outro acompanha as manifestações clínicas dos pacientes e o terceiro grupo investiga qual o ciclo da doença nos mosquitos transmissores. 

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Conforme noticiado pelo jornal O Globo, o oropouche pode ter sofrido rearranjos genéticos – mudanças no genoma maiores do que as mutações – e adquirido sequências de outros dois tipos de vírus amazônicos. Os cientistas vão investigar se essas alterações podem ter motivado o espalhamento da doença no país e os casos de morte.

Em 2024, já foram anotadas 7.236 ocorrências da febre do vírus oropouche, espalhadas em 20 estados, incluindo o Ceará. Por isso, é importante entender a doença e reforçar os cuidados contra a transmissão.

O QUE É A FEBRE OROPOUCHE?

O vírus Orthobunyavirus oropoucheense (OROV) provoca a doença. A transmissão é feita principalmente por mosquitos, sendo o Culicoides paraenses, comumente chamado de ‘maruim’ ou ‘mosquito-pólvora’, o principal vetor, tanto no ciclo selvagem quanto no urbano. 

Em geral, o inseto é pequeno e voa em zigue-zague. Depois de picar uma pessoa ou animal infectado, o OROV permanece no sangue do inseto por alguns dias. Quando o transmissor pica outra pessoa saudável, pode infectá-la.

De acordo com o Ministério da Saúde (MS), o vírus foi isolado pela primeira vez no Brasil em 1960, a partir da amostra de sangue de uma bicho-preguiça capturada durante a construção da rodovia Belém-Brasília. Desde então, casos isolados e surtos foram relatados no Brasil, principalmente em regiões silvestres

SINTOMAS DA FEBRE OROPOUCHE

Conforme o MS, os sintomas da febre oropouche são parecidos com os da dengue e da chikungunya. Os sinais incluem:

  • febre;
  • dor de cabeça; 
  • dor muscular;
  • dor nas articulações;
  • náusea;
  • diarreia.

COMO IDENTIFICAR

Por ter os sintomas similares a outras arboviroses, a diferenciação clínica torna-se difícil. Por isso, o exame laboratorial é recomendado, principalmente por conta que a febre oropouche não tem um sintoma característico que se expresse com mais intensidade, como as manchas vermelhas nos casos de zika ou as dores articulares nos diagnósticos de chikungunya.

O diagnóstico, elucida a Secretaria da Saúde do Ceará, é clínico, epidemiológico e laboratorial. Portanto, são vários elementos que fazem com que os profissionais da saúde possam identificar a doença. 

De acordo com o MS, todo caso de infecção pelo OROV deve ser notificado. A febre do oropouche compõe a lista de doenças de notificação compulsória e imediata, em função do potencial epidêmico e da alta capacidade de mutação, podendo se tornar uma ameaça à saúde pública.

TRATAMENTO

O Ministério da Saúde aponta que não existe tratamento específico para a doença. A recomendação é que os pacientes permaneçam em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico. 

Mesmo sem um medicamento próprio, o tratamento passa pelo monitoramento e a reposição de líquidos, como nos casos de dengue. A Sesa orienta ainda que, em caso de sintomas suspeitos, a pessoa deve procurar uma unidade de saúde imediatamente. É recomendado também que informe sobre sua exposição potencial à doença.

COMO SE PREVENIR DA FEBRE OROPOUCHE

É importante evitar áreas onde há muitos mosquitos, principalmente em locais silvestres. Conforme o Ministério da Saúde, outros cuidados importantes são:

  • Usar roupas que cubram a maior parte do corpo e aplique repelente nas áreas expostas da pele.
  • Manter a casa limpa, removendo possíveis criadouros de mosquitos, como água parada e folhas acumuladas.
  • Se houver casos confirmados na sua região, siga as orientações das autoridades de saúde local para reduzir o risco de transmissão, como medidas específicas de controle de mosquitos.
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