Doenças crônicas não transmissíveis são responsáveis por 74% das mortes no mundo
Relatório da OMS indica que é preciso agir contra os fatores de risco para salvar vidas
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), como doenças cardíacas, câncer e diabetes, são responsáveis por 74% das mortes em todo o mundo, e ações decisivas contra fatores de risco podem salvar milhões de vidas, alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira (21).
Um relatório da organização revelou que as DCNTs, muitas vezes evitáveis e causadas por estilos de vida pouco saudáveis, matam 41 milhões de pessoas a cada ano, incluindo 17 milhões com menos de 70 anos.
Doenças cardíacas, câncer, diabetes e doenças respiratórias superam as doenças infecciosas como as principais causas de morte no mundo, revelou o relatório "Números Invisíveis".
"A cada dois segundos alguém com menos de 70 anos morre de uma DCNT", afirmou à imprensa Bente Mikkelsen, chefe da divisão da OMS que vigia essas doenças. "No entanto, uma quantidade mínima de financiamento local e internacional destina-se às DCNTs. Isso é realmente uma tragédia", acrescentou.
As DCNTs não são somente as maiores causas das mortes, mas também impactam como as pessoas evitam as doenças infecciosas, como comprovado pela pandemia de Covid-19. As pessoas que vivem com DCNTs, como obesidade ou diabetes, enfrentam um risco maior de adoecer gravemente e morrer pelo vírus, segundo o relatório.
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Impacto nos países pobres
Esses males não são um problema particular dos países ricos. O estudo revela que 86% das mortes prematuras por DCNTs acontecem em países de baixa ou média renda. "Os dados traçam um retrato claro. O problema é que o mundo não está olhando para eles", alerta o relatório.
Assim, enfrentar o problema não é apenas uma questão de saúde, mas de "equidade", disse Mikkelsen, observando que muitas pessoas em países pobres não têm acesso à prevenção, tratamento e cuidados de que precisam.
Novo portal de dados de DCNTs lançado nesta quarta pela OMS revela a maior prevalência de mortes por doenças cardiovasculares em países como Afeganistão e Mongólia. Por conta disso, a OMS indicou que muitos fatores de risco das DCNTs estão fora do controle das pessoas.
"Com muita frequência, o ambiente em que vivemos restringe nossas decisões e torna difícil, se não impossível, tomar decisões saudáveis", afirma o relatório.
Fatores de risco são conhecidos
Mas a OMS insiste que é um problema com solução, já que os principais fatores de risco das DCNTs são conhecidos, assim como a forma de abordá-los.
O consumo de tabaco, uma dieta pouco saudável, o uso nocivo de álcool, o sedentarismo e a poluição do ar são considerados as principais causas das DCNTs.
O tabaco sozinho causa mais de oito milhões de mortes por ano e uma quantidade semelhante deve-se a dietas pouco saudáveis, seja por comer muito pouco, comer demais ou consumir alimentos de má qualidade, afirma o relatório.
O consumo nocivo de álcool mata cerca de 1,7 milhão de pessoas anualmente, enquanto o sedentarismo é responsável por quase 830 mil mortes.
Segundo a OMS, um investimento relativamente pequeno, de 18 bilhões de dólares anuais, faria uma diferença enorme na prevenção e tratamento das DCNTs.