Afta na boca: o que é e como tratar

Lesões podem ser decorrentes da debilidade do sistema imunológico e deficiência de vitaminas

Escrito por Redação ,
afta na boca
Legenda: Aftas são mais comuns em mulheres
Foto: Shutterstock

Aftas são pequenas úlceras que ocorrem na mucosa e recobrem boca, gengivas e língua. Os sintomas mais frequentes são ardor e dor no local das aftas, que por vezes atrapalham o ato de deglutir, informa o médico gastroenterologista Gustavo Benevides*.

"Normalmente, as pessoas têm o hábito de denominar toda e qualquer lesão ulcerada em boca, especialmente as pequenas, como afta. As aftas verdadeiras, porém, são diferentes das úlceras traumáticas - aquelas que surgem após morder o lábio, queimar a língua ou traumatizar a gengiva com escova de dente", acrescenta a cirurgiã-dentista Joyce Magalhães**.

Ao Diário do Nordeste, os especialistas comentaram as causas da lesão, esclareceram dúvidas e dão dicas de tratamento. 

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Quais os sintomas?

Essa condição pode ser assintomática, mas geralmente é bastante incômoda, gerando dor e desconforto, podendo, inclusive, dificultar a ingestão de alimentos e bebidas ou até mesmo a fala. "A depender do fator associado, o paciente também pode apresentar febre, inchaço dos gânglios linfáticos e lentidão física", explica a profissional.

O que causa a afta na boca?

As aftas são mais comuns em mulheres, sendo que 30% delas têm histórico familiar. Podem ser decorrentes de traumas de escovação, debilidade do sistema imunológico, deficiência de vitaminas e, muitas vezes, são multifatoriais.

Entre os fatores que podem influenciar no seu aparecimento estão: ansiedade, estresse, alteração hormonal, deficiências hematínicas (ferro, folato, vitamina B6 e B12), trauma, predisposição genética, bem como alergia a componentes de cremes dentais e produtos de higiene bucal ou alimentos, como canela, queijo, frutas cítricas, figos ou abacaxi.

Como curar afta na boca?

No geral, as aftas cicatrizam em até duas semanas. "Quando há dor local, prescrevemos pomadas de uso oral, com analgésicos e, às vezes, anti-inflamatórios", destaca o médico.

afta na língua
Foto: Shutterstock

Segundo Joyce Magalhães, há opções de tratamento disponíveis com intuito de reduzir a dor, melhorar a cicatrização e prevenir a recorrência, que incluem o uso de corticosteróides tópicos e sistêmicos, extratos à base de camomila e terapia a laser.

"Vale ressaltar que o tratamento para afta ainda é muito controverso e precisa ser individualizado, uma vez que nem todos os pacientes respondem ao tratamento da mesma forma, requerendo do cirurgião-dentista atenção e experiência clínica", ressalta.

A profissional ainda orienta que, durante o tratamento, deve ser evitado o consumo de alimentos e bebidas ácidas, muito quentes ou muito frias.

Quanto tempo dura afta na língua?

No geral, o período de duas semanas é suficiente para a cicatrização. Contudo, algumas formas mais profundas e maiores (geralmente com 2 cm a 3 cm de diâmetro), podem levar muitas semanas ou meses para cicatrizar, às vezes deixando cicatrizes.

Afta na boca é imunidade baixa?

Nem sempre, mas pode, sim, estar relacionada à baixa imunidade, uma vez que as aftas têm sua iniciação ativada pelo sistema imunológico.

É transmissível?

"Devemos diferenciar as aftas das lesões orais decorrentes de infecção por herpes vírus. As aftas não são transmissíveis, enquanto as lesões por herpes são", informou Gustavo Benevides.

O que fazer com afta na língua que vai e volta?

Na recorrência de aftas, persistência por mais de duas semanas, dor que não melhora com analgésicos simples ou dificuldade de engolir, deve-se procurar um médico gastroenterologista ou estomatologista (dentista com especialidade em lesões da cavidade oral).

"Algumas terapias vêm sendo propostas como eficazes para casos recorrentes, como a terapia a laser e a manutenção de uma boa higiene, além do tratamento medicamentoso base. Nessas situações, busca-se estabelecer a relação causa-efeito e diminuir ou eliminar os fatores causadores de modo a evitar recorrências", finaliza a especialista Joyce Magalhães.

*Gustavo Benevides é médico endoscopista com formação no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina na Universidade de São Paulo (USP).

**Joyce Magalhães é graduada em Odontologia pela Universidade de Fortaleza (Unifor), mestra em Ciências Odontológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) com área de concentração em Estomatologia e Patologia Oral.

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