Cistite: o que é, sintomas e tratamento

Causada principalmente pela bactéria E. coli, a doença é prevalente em mulheres

Escrito por Redação ,
mulher que sofre de cistite
Legenda: A doença é mais comum em mulheres devido às características anatômicas femininas
Foto: Freepik

A cistite é uma inflamação ou infecção que afeta a bexiga, provocando sintomas como ardência ao urinar e dor na região pélvica. O problema pode ser provocado por bactérias, como a Escherichia coli (E. coli), infecção urinária ou fungos. Essa bactéria é encontrada naturalmente no intestino, mas pode se multiplicar e chegar até a bexiga, explica o médico urologista Caio Quental*.

A doença pode afetar homens e crianças, mas é mais comum em mulheres devido às características anatômicas femininas, ressalta o médico. Isso acontece porque a uretra da mulher é mais curta, além de estar mais próxima do ânus, aumentando as chances de migração da bactéria.

O que é cistite?

Em uma definição simples, a cistite é considerada uma infecção e/ou inflamação do tecido que recobre a bexiga, nosso reservatório de urina, fazendo parte de um grupo de doenças chamado Infecções do Trato Urinário o qual pode acometer desde a uretra, bexiga até os rins.

Na imensa maioria das vezes (cerca de 85% dos casos), é resultado de uma infecção causada pela Escherichia coli, uma bactéria que normalmente está presente no nosso intestino. Ela se multiplica e coloniza o trato urinário, causando a cistite, avalia o urologista.

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Quais são os sintomas?

Os principais sintomas vão desde dor ou ardor ao urinar, aumento da frequência de idas ao banheiro, dor ou sensação de peso na parte inferior da barriga, vontade urgente de urinar até febre baixa, sangue na urina e dor nas relações sexuais.

Quais as causas?

Dentre as possíveis causas, podemos citar:

  • relações sexuais (principalmente o sexo anal);
  • diabetes;
  • pedras nos rins ou na bexiga;
  • aumento da próstata;
  • má higiene íntima (realizando a limpeza do ânus em direção à vagina/pênis) ou higiene íntima em excesso (retirando a flora natural protetora);
  • uso de produtos íntimos que causam irritação e baixa hidratação.

Dentre outras causas menos comuns estão:

  • uso de sonda vesical por longos períodos;
  • atrofia vaginal em mulheres menopausadas;
  • presença de fístulas vesicais, que são comunicações da bexiga com outros órgãos como a vagina e o intestino.

Cistite masculina e feminina

As cistites são comuns em homens e mulheres, mas, devido à proximidade anatômica do ânus e da uretra feminina, a bactéria tem maior facilidade de migrar e colonizar essa região. “Por essa razão, cerca de 60% das mulheres terão pelo menos um episódio de infecção urinária durante a vida, que tendem a se intensificar com o início da vida sexual”, pontua Caio Quental.

Como evitar a cistite?

Algumas orientações podem ser fundamentais para evitar a cistite como:

  • ingerir bastante água;
  • evitar segurar a urina por longos períodos;
  • não fazer uso de tabaco, álcool ou cafeína em excesso;
  • urinar após as relações sexuais;
  • tratar a atrofia vaginal, em mulheres menopausadas;
  • tratar as doenças da próstata.

Cistite, o uso do cranberry e de chás

O uso do fruto cranberry tem baixa comprovação científica, mas pode ajudar na prevenção das infecções de repetição, diz o urologista. Porém, acrescenta, não há provas do seu uso nas fases de cistites já instaladas. “Alguns chás conhecidos pela população, como o chá verde, também não possuem estudos que estabeleçam sua eficácia comprovada”, diz Caio Quental.

Como é realizado o diagnóstico?

Na grande maioria dos casos, é clínico, ou seja, na presença de sintomas clássicos o médico já deve iniciar o tratamento com antibiótico adequado sem a necessidade de exames complementares, diz o urologista. Em casos de dúvida no diagnóstico, infecções de repetição, pacientes homens e em situações complicadas, pode-se realizar, inicialmente, o exame de análise de urina, também conhecido como Sumário de Urina, que fornece dados mais rápidos para ajuda no diagnóstico.

O exame confirmatório é a Cultura de Urina ou Urocultura, que além de informar a bactéria causadora da infecção, ajuda a guiar o tratamento com o antibiótico correto. Porém, é um exame que necessita de mais tempo para ficar pronto (em torno de dois a quatro dias).

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Como deve ser feito o tratamento? Tem cura?

É realizado com antibióticos associados a outras medicações que melhoram os sintomas do paciente, e deve sempre ser prescrito obedecendo o tempo e quantidade determinada pelo médico, visto que o uso de forma incorreta pode causar uma resistência da bactéria.

Após o início do tratamento, os sintomas tendem a melhorar prontamente e pode-se afirmar que a cura é conseguida na imensa maioria dos casos. “Nas situações em que o paciente não apresenta melhora, pode-se estar diante de uma bactéria resistente ao tipo de antibiótico utilizado. Nesses casos, o exame de urocultura é de extrema importância, podendo guiar o tratamento correto para a bactéria específica”, detalha o médico.

O que é a cistite intersticial?

Também chamada de síndrome da bexiga dolorosa, é menos comum, ressalta Caio Quental. “Acomete em torno de 3% da população feminina e, proporcionalmente, cerca de cinco mulheres para cada homem”, adiciona.

Os sintomas são semelhantes aos da cistite aguda, porém, são mais crônicos e uma das principais características da Cistite Intersticial é a ausência de infecção nos exames de urina. O tratamento costuma ser mais complexo e individualizado para cada caso e deve sempre ser avaliado por um especialista.

Dr. Caio Milfont Quental é médico, cirurgião geral formado pela Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, e urologista pelo Hospital Geral de Fortaleza. Possui pós-graduação na área de Cirurgia Minimamente Invasiva pela UNICHRISTUS. Atualmente, faz parte do corpo clínico da urologia do Hospital Geral de Fortaleza e realiza atendimentos em seu consultório na cidade de Fortaleza, no Scopa Platinum, localizado no bairro Aldeota.

 

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