Suspeitos de estelionato são presos em flats de luxo na Beira-Mar, em Fortaleza

Grupo criminoso realizava a negociação de compra de cargas e não efetuava o pagamento, além de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica

Escrito por Raísa Azevedo e Messias Borges ,
viatura da Polícia Civil
Legenda: Uma das vítimas comprovou, com notas fiscais e conversas via WhatsApp com golpistas, um prejuízo de cerca de R$ 40 mil
Foto: Divulgação / PC-CE

Três homens foram presos e um cofre foi apreendido durante a operação "De grão em grão" da Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) nos bairros Meireles e Panamericano na manhã desta quarta-feira (21). A ação tem foco em desarticular grupos criminosos com atuação em lavagem de dinheiro, corrupção ativa, estelionato e falsa identidade, além do cumprimento de mandados de prisão e de busca e apreensão contra alvos envolvidos em crimes cometidos na cidade de Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza.

De acordo com a PCCE, dois dos suspeitos foram capturados em flats de luxo, localizados na Beira-Mar de Fortaleza. Um deles se passava por um empresário do ramo de produtos alimentícios, e abria, inclusive, vários comércios, enquanto os outros fingiam ser funcionários. Um cofre foi apreendido com um dos alvos, e passará por uma vistoria. 

As investigações, que ocorrem há cerca de um ano, apontam que o grupo criminoso realizava a negociação de compra de cargas e não efetuava o pagamento, além de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

Na manhã desta quarta-feira (21), os investigadores cumpriram três mandados de prisão e 14 de buscas e apreensões durante a operação.

Modus operandi

Conforme informações do delegado Marcos Renato, titular do 29 Distrito Policial de Pajuçara, as vítimas enviavam mercadorias, que em maioria eram grãos como feijão e milho, queijo, alho, e os golpistas armazenavam os produtos em galpões alugados, dando credibilidade ao golpe. A quadrilha fez vítimas em Fortaleza, Maracanaú, Eusébio e outros estados como Piauí.

"Uma vez que as vítimas entregavam essas mercadorias nos galpões, eram chamados para efetuar o pagamento no banco. Os criminosos acabavam disfarçando os locais onde eles iam, e quando as vítimas percebiam que tinham caído no golpe e voltavam para os galpões para recuperar a mercadoria, descobriam que não tinha mais nada lá. A quadrilha tinha outros membros que já se articulavam", explicou o delegado.

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Segundo Marcos Renato, o cabeça da quadrilha, que foi preso nesta quarta, responde por crime nesse mesmo modus operandi desde 2012. Os integrantes do grupo criminoso tinham poucos antecedentes criminais na área de estelionato.

"O que conseguimos apurar é que eles eram um grupo criminoso que estava voltado exatamente a esse tipo de crime, eles eram bem articulados, com um quadro de tarefas bem configuradas, onde um deles negociava com as vítimas, conseguia ludibriar. Também tinha um tesoureiro que abria as empresas, emitia as notas fiscais e mandava os terceiros para dar um ar de credibilidade para que as vítimas achassem que estavam lidando com uma empresa séria e confiavam em enviar a mercadoria. Tinha um pessoal responsável por receber essa mercadoria nos galpões como se fossem funcionários do golpista. Assim que a vítima saia para receber o pagamento, ai vinha o restante da quadrilha, que pegava a mercadoria. Eles trabalhavam alugando galpões em diferentes pontos da cidade", detalhou.

Prejuízo de R$ 40 mil

Uma das vítimas comprovou, com notas fiscais e conversas via WhatsApp com golpistas, um prejuízo de cerca de R$ 40 mil. Outros denunciantes também alegaram golpes nos valores de R$ 10 mil, R$ 20 mil e R$ 30 mil.

"Eles abriam o comércio e quando as vítimas começavam a perceber que estavam caindo em golpes, eles se mudavam e deixavam o prejuízo para o dono do estabelecimento, porque ele pagava aluguel até um momento que era interessante ele se manter naquele local, onde ele conseguia fazer novas vítimas. Também fazia ameaças às vítimas que cobravam os aluguéis", afirmou o delegado.

De acordo com a PCCE, os suspeitos e todo o material apreendido foram levados para o 29° DP. O trio foi colocado à disposição da Justiça.

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