Promotor de Justiça que matou idoso em Fortaleza tem doenças mentais, conclui Perícia Forense

Membro do Ministério Público do Ceará segue preso, desde agosto do ano passado, e foi denunciado por homicídio qualificado

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
camera flagrante promotor homicidio
Legenda: Antônio Ricardo Brígido Nunes Memória foi preso em flagrante instantes após os disparos que mataram o autônomo Durval César Leite de Carvalho
Foto: Reprodução

A Perícia Forense do Ceará (Pefoce) concluiu, em exame pericial, que o promotor de Justiça Antônio Ricardo Brígido Nunes Memória, de 66 anos, acusado de matar o profissional autônomo Durval César Leite de Carvalho, 72, tem doenças mentais. O membro do Ministério Público do Ceará (MPCE) segue preso, desde agosto do ano passado.

"Em face dos elementos analisados, os signatários entendem que o quadro do periciado é compatível com Transtorno Mental e Comportamental por Uso de Álcool - Síndrome de Dependência (CID-10 - F10.2) e Transtorno Delirante (CID-10 - F22.0), tendo este último implicado em comprometimento completo da capacidade de autodeterminação do periciado no período de interesse", apontou a Pefoce, no Corpo de Delito em Sanidade Mental, anexado ao processo criminal na última sexta-feira (10).

Veja vídeos do crime:

Ricardo Memória confessou que cometeu o crime por ciúmes da esposa com Durval de Carvalho, com quem ela teve um relacionamento quando ainda namorava com o acusado, que utilizava remédios antipsicóticos e que tinha dependência alcoólica.

"(Pensamentos sobre o caso amoroso) Estavam vindo quase todo dia, eram muito recorrentes, não sei se agravados pela bebida, o fato é que esses pensamentos vinham", disse o promotor de Justiça, em documentos da Pefoce obtidos pelo Diário do Nordeste.

A Pefoce respondeu a perguntas elaboradas pelo MPCE - como órgão acusador - e pela defesa do acusado. Em uma das perguntas da defesa, os peritos responderam que "há elementos indicativos de ciúme patológico, decorrente de Transtorno Delirante".

Procurada pela reportagem, a defesa de Ricardo Memória, representada pelo advogado Daniel Maia, afirmou que "a defesa nunca teve dúvidas de que se tratava de uma doença e não de um crime". "Agora, não resta outro caminho que não o da absolvição sumária, a qual desde o início defendemos", finalizou.

O Ministério Público do Ceará informou que não pode se pronunciar sobre o caso, porque o processo está sob segredo de justiça.

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Como aconteceu o crime

O acusado ia viajar, quando se deslocava pela BR-116 e decidiu passar na casa de Durval, localizado no bairro Cidade dos Funcionários, em Fortaleza, na tarde de 18 de agosto do ano passado. "A minha intenção era conversar com ele, saber dele o que aconteceu. Eu tinha uma verdadeira obsessão por esse fato", revelou o acusado aos peritos forenses.

Explica que, em decorrência de sua 'obsessão', havia descoberto o endereço de Durval usando a internet, e observa que inclusive já havia passado em frente à casa do mesmo cerca de três vezes, em outras decisões, mas não chegou a descer do carro."
Perícia Forense do Ceará
Em exame pericial

Conforme testemunhas, Ricardo Memória se identificou como amigo de Durval e teve a entrada na residência autorizada por um familiar da vítima. Ao se encontrarem, os dois homens discutiram, e Ricardo sacou uma arma de fogo e atirou contra a vítima, que morreu no local.

O advogado Daniel Maia, que representa a defesa do promotor de Justiça Ricardo Memória, espera que o cliente seja absolvido, após o laudo pericial constatar as doenças mentais
Legenda: O advogado Daniel Maia, que representa a defesa do promotor de Justiça Ricardo Memória, espera que o cliente seja absolvido, após o laudo pericial constatar as doenças mentais
Foto: Reprodução

O promotor de Justiça fugiu em um veículo, mas foi perseguido por policiais e preso em flagrante. Em depoimento à Polícia, o acusado afirmou que se arrependeu do crime: "Acabei com minha carreira, envergonhei a minha família e pus a minha família em risco".

A prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva. Há mais de 5 meses, o promotor de Justiça segue detido na 4ª Companhia do 1º Batalhão dos Bombeiros Militares, no bairro José Walter.

Ricardo Memória foi denunciado pelo MPCE pelo crime de homicídio qualificado, utilizando arma de fogo, por motivo fútil e pelo uso de recursos que dificultaram/impossibilitaram a reação de defesa da vítima, com incidência da causa de aumento de pena correspondente à idade avançada da vítima.

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