Policiais rendidos por homens encapuzados e sem armas em motim no Ceará são denunciados pelo MP

Os militares do Batalhão de Polícia do Meio Ambiente (BPMA) são acusados por crimes como: prevaricação, omissão de lealdade militar e atentado contra viatura

Escrito por Emanoela Campelo de Melo , emanoela.campelo@svm.com.br
VIATURA MOTIM BPMA
Legenda: O MP apontou que os PMS se deixaram render por homens encapuzados que não estavam armados.
Foto: Camila Lima

Dois oficiais e três praças da Polícia Militar do Ceará (PMCE) foram denunciados pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) nessa segunda-feira (16). Conforme a acusação, todos os agentes são lotados no Batalhão de Polícia do Meio Ambiente (BPMA) e estiveram envolvidos indiretamente no motim ocorrido no Estado em 2020, porque se deixaram render por homens encapuzados que sequer estavam armados.

A Promotoria de Justiça Militar e Controle Externo da Atividade Policial Militar acusa o tenente-coronel Fábio Lessandro Sena Lima e o 2º tenente Antônio Alves Braga Júnior pelo crime de prevaricação, enquanto que os soldados Felipe Martins da Silveira, José Sérgio da Silva Júnior e Felipe da Conceição Alves são denunciados por omissão de lealdade militar e crime de atentado contra a viatura.

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Consta nos autos que no dia 19 de fevereiro do ano passado, por volta de 1h, a base de Policiamento do Rio Maranguapinho, no Bairro Bom Sucesso, foi atacada por homens encapuzados. O bando chegou ao local vindo em motocicletas e, conforme o soldado José Sérgio, não estava armado, "mas, na verdade, faziam com os dedos uma posição tática" imitando estar em posse de armas.

Os praças se disseram surpreendidos pelos criminosos que faziam gestos com as mãos e gritavam para que eles não reagissem. "Não consta a razão pela qual os policiais militares só foram solicitar apoio de rádio após terem entregue a viatura. Não consta por qual motivo os comandantes militares deixaram de adotar as providências legais nas suas esferas de atribuição de Polícia Judiciária Militar", de acordo com o MPCE.

A inanição dos denunciados, que se filiaram mentalmente à revolta, impõe uma mancha na honra dos seus bravos camaradas, maioria na Polícia Militar"
Promotoria de Justiça Militar e Controle Externo da Atividade Policial Militar

A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos cinco denunciados. Em um ano e meio desde o fim do motim, o órgão ministerial acusou, pelo menos, 500 PMs por participar direta ou indiretamente do movimento, e 400 já estão na condição de réu no Judiciário.

Pausa para o lanche

Na semana passada, o Diário do Nordeste noticiou outra denúncia recente relacionada ao motim. Cinco PMs atuantes em Caucaia foram acusados por crimes como  prevaricação, descumprimento de missão, atentado contra viatura e omissão de lealdade militar. A composição teve a viatura tomada quando parou para lanchar em uma padaria.

Nessa quinta-feira (12) uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi instalada pela Assembleia Legislativa do Ceará para apurar um suposto financiamento de Associações de Policiais Militares ao motim ocorrido em 2020. Os partidos com representação na Assembleia têm até 120 dias para indicar membros a compor a CPI.

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