Justiça solta duas mulheres acusadas de participação em chacina

Cinco integrantes de uma família foram assassinados, em uma diferença de poucos minutos, em Fortaleza e Maracanaú. A motivação da matança seria a disputa entre facções criminosas pelo território para o tráfico de drogas

Escrito por Redação , seguranca@svm.com.br
Legenda: Quatro homens foram mortos em uma residência na Capital, e um quinto, dentro de um veículo, em Maracanaú
Foto: Foto: Leábem Monteiro

Duas mulheres acusadas de participação em uma chacina ocorrida no bairro Mondubim, em Fortaleza, e em Maracanaú, na Região Metropolitana, foram soltas pela Justiça Estadual. Cinco membros de uma família foram assassinados na madrugada de 29 de março de 2019. Conforme as investigações, a motivação da matança seria a guerra por território para o tráfico de drogas entre as facções Comando Vermelho (CV) e Guardiões do Estado (GDE).

Ana Karolina de Sousa Xavier foi solta pela 2ª Vara do Júri, no último dia 15 de abril. O juiz considerou que "não restou evidenciada de forma concreta a periculosidade da denunciada" e, assim, a ordem pública "não estará ameaçada com sua liberdade, sobretudo por ser ré primária, portadora de bons antecedentes e ainda não observo, pelo menos até o momento, indícios suficientes que demonstrem a participação da acusada em organização criminosa".

Além disso, a defesa de Ana Karolina alegou que ela está grávida, e o juiz ponderou o risco de contágio pelo vírus da Covid-19. O magistrado substituiu a prisão preventiva por aplicação de medidas cautelares, como o uso de tornozeleira eletrônica, recolhimento noturno e comparecimento aos atos do processo.

Já Fernanda de Andrade Rabelo foi colocada em liberdade, também pela 2ª Vara do Júri, no dia 4 de março deste ano. O juiz afirmou que a acusada "não demonstra colocar em risco a instrução criminal, uma vez que é ré primária e não possui antecedentes criminais e não pretende, em tese, obstruir a finalidade do processo. Não resta demonstrado nos autos ainda, de forma concisa, o envolvimento da representada em organização criminosa". Ela terá apenas que comparecer à Justiça nos atos do processo.

Matança

Conforme a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), criminosos chegaram em dois veículos a uma residência, na Rua Luiz Gonzaga, no bairro Mondubim, na Capital, e arrombaram o portão, na madrugada de 29 de março do ano passado. No local, eles mataram a tiros os irmãos Heryaldo Bezerra da Silva, Francisco Welton Bezerra da Silva e Francisco Wellington Bezerra da Silva e o pai deles, João Ferreira da Silva.

Em outro imóvel próximo, a quadrilha raptou João Paulo Fernandes da Silva, filho de Heryaldo da Silva, e o colocou dentro de um carro. Horas depois, o corpo dele foi encontrado carbonizado, dentro do automóvel, em Maracanaú.

Os autores da matança são apontados pela investigação como membros da GDE. Além das duas mulheres, foram acusados pelo MPCE, pelos homicídios, Edgly Dutra Barros, o 'Dudeca', e Wanderson dos Santos Freitas, o 'Vanvan'. Enquanto João Paulo e o pai Heryaldo seriam ligados à facção Comando Vermelho e já tinham tentado matar 'Dudeca', com o objetivo de tomar o domínio do tráfico de drogas em Maracanaú. Na ação criminosa, foram mortas três outras pessoas. Desde então, a família de João Paulo começou a receber ameaças de morte e precisou se mudar para o Mondubim, em Fortaleza.

Ana Karolina, sobrinha de 'Dudeca', e a amiga Fernanda Rabelo, segundo o Ministério Público, fizeram levantamentos sobre a rotina das vítimas, através de passeios de carro na região, na tarde anterior à chacina, e passaram as informações para os executores do plano. Após a matança, a primeira ainda teria iniciado um relacionamento amoroso com o irmão de João Paulo, que também era alvo dos assassinos naquele dia 29, mas não foi encontrado.

Prisão

Na contramão das solturas, o juiz da 2ª Vara do Júri recusou os pedidos de relaxamento e de revogação da prisão preventiva de 'Dudeca', no último dia 27 de abril. O magistrado considerou que o preso tem extensa ficha criminal e não está nos grupos de risco para contrair a Covid-19. A defesa queria a extensão do benefício concedido às duas acusadas no processo.