Justiça do Ceará nega prisão de advogado indiciado por matar e omitir socorro a idoso atropelado
Veja vídeo do momento em que a vítima é atingida pela Hilux
A Justiça do Ceará indeferiu na última semana o pedido de prisão temporária feito pela Polícia Civil contra o advogado Marcelo Queiroz de Moraes. Marcelo foi indiciado pelos crimes de homicídio por dolo eventual e omissão de socorro. Até o momento, o Ministério Público do Ceará (MPCE) não apresentou denúncia contra o suspeito.
A vítima, Raimundo Gomes Pluma, de 67 anos, caminhava a caminho do trabalho no bairro Cais do Porto quando foi brutalmente atropelado por um veículo de luxo. O caso aconteceu no último dia 28 de julho e, segundo a investigação, o advogado voltava de uma festa open bar, onde ficou cerca de nove horas.
A reportagem entrou em contato com a defesa do indiciado e aguarda retorno
A 4ª Promotoria de Justiça do Júri do MPCE entendeu que não é mais necessária a prisão temporária, já que o suspeito foi interrogado, confessou o ato e o veículo foi fotografado.
O juiz da 2ª Vara do Júri do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) disse não vislumbrar que estão presentes os requisitos para prisão temporária, mas que a apreensão do veículo é necessária.
"Considerando a possibilidade de que no veículo indicado podem ser encontradas evidências que demonstrem a dinâmica do homicídio de Raimundo Gomes Pluma, o que, certamente, auxiliará na elucidação do fato investigado"
O IMPACTO
De acordo com documentos a que a reportagem teve acesso, a Polícia considerou que a vítima caminhava em uma área destinada à pedestre, "totalmente fora da pista" quando foi atingida.
"Marcelo, portanto, assumiu risco de uma tragédia ao dirigir embriagado seu veículo Hilux, veículo de grande tamanho e potência, capaz de causar desastre nas mãos quando alguém o dirige imprudentemente", segundo a Polícia.
Os investigadores também destacam que Marcelo passou mais de nove horas em um evento open bar "com bebida alcoólica totalmente liberada e não restam dúvidas do mesmo ter se embriagado, pois conforme vídeos de chegada em sua residência apresentava lentidão ao andar, cambaleando, sem equilíbrio movimentando-se de forma descoordenada".
Já a defesa considera que as deformidades no veículo após o impacto revelam "um baixo grau de avarias na sua parte frontal".
O MP diz que não há condições ainda de oferecer denúncia e que há necessidade de mais diligências, como a perícia sobre a velocidade desenvolvida pelo veículo no momento do crime.
SOCORRIDO POR POPULARES
Raimundo estava a caminho do trabalho e após atropelado foi socorrido por populares. O idoso chegou ao Instituto Doutor José Frota (IJF) com múltiplos ferimentos, traumatismo e hemorragia interna. Não resistiu e morreu horas depois.
Cintya Rodrigues Pluma, filha de Raimundo, conta que o pai saía todos os dias por volta das 4h para trabalhar: "ele trabalhava há mais de 14 anos nessa empresa e essa era a rotina dele. O motorista estava em alta velocidade e o meu pai estava na calçada. Ele foi lançado a 15 metros de distância e agora estamos nesta busca por Justiça".