Homem vai a julgamento por matar técnico de futebol que o expulsou de areninha em Fortaleza

O crime ocorreu no mesmo local, enquanto a vítima assistia a um jogo, meses após o desentendimento

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Pé de Jambo
Legenda: Francisco gostava de conversar com os jovens, e conscientizar sobre questões como o descarte correto de lixo
Foto: VC Repórter

Um jovem de 22 anos vai a julgamento, na Justiça Estadual, pela acusação de ter assassinado um técnico de futebol amador, aos 45 anos, que o expulsou da Areninha da Barra do Ceará, em Fortaleza. O crime ocorreu no mesmo local, enquanto a vítima assistia a um jogo, meses após o desentendimento.

A 2ª Vara do Júri de Fortaleza pronunciou (isto é, decidiu levar a julgamento) Yuri Richard de Oliveira Dantas por homicídio qualificado (por motivo fútil e recurso que dificultou a defesa da vítima), no dia 9 de dezembro do ano passado. Mas a decisão foi publicada no Diário da Justiça (DJ) somente na última segunda-feira (9), ao fim do recesso do Poder Judiciário. O julgamento ainda não tem data para ocorrer.

"Com efeito, a materialidade encontra-se consubstanciada no laudo cadavérico, e autoria dos crimes está evidenciada nos depoimentos prestados perante a autoridade policial pelos policiais civis, bem como pelos depoimentos das testemunhas em fase de instrução judicial", considerou o juiz Antonio Josimar Almeida Alves, na Sentença de Pronúncia.

O magistrado também decidiu manter a prisão preventiva de Yuri Richard, por entender "subsistentes os motivos para a segregação cautelar dele". A defesa pediu a soltura do réu, visto que ele já estava preso há mais de 21 meses (quase 2 anos), à espera de julgamento.

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Vítima assistia a jogo de futebol

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), Yuri matou a tiros Francisco José Ferreira, na noite de 23 de novembro de 2020, na Areninha da Barra do Ceará, na Rua dos Abolicionistas.

Conforme informações contidas nos autos, no dia do fato, a vítima estava assistindo a um jogo de futebol na areninha daquele bairro, quando foi surpreendido pelo denunciado e um comparsa não identificado em posse de armas de fogo, que chegaram em uma motocicleta de cor preta. Ao identificarem o alvo, os indivíduos dispararam diversas vezes na direção da vítima e, em seguida, fugiram do local. O vitimado foi socorrido à UPA do Bairro Cristo Redentor, mas não resistiu face a gravidade dos ferimentos."
Ministério Público do Ceará
Em denúncia

Segundo o MPCE, a vítima "não tinha antecedentes criminais, trabalhava como zelador de uma escola particular eera técnico de um time de futebol do bairro, sendo uma pessoa respeitada por todos nacomunidade".

Já o acusado, conforme as investigações, é membro de uma facção criminosa de origem cearense, que exerce controle sobre a região onde aconteceu o homicídio. Yuri Richard foi treinado por Francisco José, em um time de futebol amador. Mas o homicídio teria sido motivado pelo técnico ter expulsado o ex-jogador da Areninha da Barra do Ceará, ao vê-lo utilizar drogas no local.

"Desse modo, infere-se que este acontecimento que deu causa à ação homicida, porque o acusado sentiu-se contrariado com a conduta de censura da vítima ao percebê-lo utilizando drogas na quadra onde jogavam muitas crianças", concluiu o Ministério Público do Ceará.

A defesa de Yuri Richard afirmou, no processo criminal, que o réu não foi responsável pela morte. Nos Memoriais Finais, a defesa afirmou que a denúncia "não contém (reiteramos) os indícios necessários e muito menos as provas cabais que possam levar o réu a responder aos termos da presente ação (homicídio), haja vista que numa rápida análise dos autos, simplesmente se depreende que o acusado não teve nenhuma participação no evento criminoso a ele imputado (homicídio)".

"Em breve análise dos autos, no seu início, nota-se que no inquérito policial, após as oitivas das testemunhas, ficaram bem esclarecidas que ninguém, absolutamente, ninguém, viu o acusado na cena do crime, muito menos quem tenha participado desse bárbaro homicídio", reforça.
Defesa do acusado
Nos Memoriais Finais

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