Caseiro e membros de facção tramaram sequestro de médico no Ceará em rede social; veja diálogos

Três suspeitos foram presos em flagrante e tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça Estadual

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
A Polícia Militar do Ceará (PMCE) foi até a chácara das vítimas e realizou a prisão em flagrante do caseiro
Legenda: A Polícia Militar do Ceará (PMCE) foi até a chácara das vítimas e realizou a prisão em flagrante do caseiro
Foto: José Leomar

Um caseiro de uma chácara e membros de uma facção criminosa cearense tramaram o sequestro de um casal - um médico e uma enfermeira - em Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), através de mensagens trocadas por uma rede social. Três suspeitos foram presos em flagrante e tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça Estadual, no último sábado (7).

Conforme documentos obtidos pelo Diário do Nordeste, a Coordenadoria de Inteligência (Coin) da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS) teve acesso a conversas realizadas pelo caseiro Francisco Pontes Miranda Filho, de 32 anos, e homens apontados como integrantes de uma facção, suspeitos de participarem do sequestro.

Na manhã da última quarta-feira (4), o caseiro avisou a um homem ainda não identificado, pelo WhatsApp, que "o homem vem hoje, o homem daqui vem hoje, umas 4 horas". O suspeito respondeu, mas a mensagem foi apagada do aplicativo.

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Francisco Pontes se referia à chegada dos patrões à chácara, que fica na localidade de Coité Pedreiras. Na noite anterior, ele havia trocado mensagens com o médico, que garantiu que ia ao imóvel, por volta de 16h, para tratar de obras que precisavam ser realizadas no local.

No início da noite de quarta (4), o casal foi surpreendidos por cerca de 8 criminosos, que invadiram a residência, armados e encapuzados. O bando rendeu as vítimas e começou a extorsão, com agressões físicas. A enfermeira foi obrigada a transferir R$ 36 mil entre contas bancárias, via Pix.

Também foram roubados um veículo Toyota Hilux, cartões bancários e aparelhos celulares. A quadrilha ainda vendou as vítimas e as levou para outro local, há cerca de 10 minutos de distância, onde ficaram até por volta de 2h, na madrugada.

R$ 200 mil
ainda seriam transferidos para as contas dos criminosos, mas as vítimas conseguiram cancelar a transferência, depois que foram liberadas.

Na manhã seguinte ao sequestro, o caseiro questionou outro comparsa - também não identificado - pelo WhatsApp: "Deu bom com o cara aí ou não deu?". E ouviu uma reclamação: "Cadeia! Perdemo foi a Hilux pros verme. Diabo é isso, o homem só dá fita pra nós dos caras que não têm dinheiro (sic)".

"Como é tu diz que esse amaldiçoado chegou aí um tempo com trinta mil (reais), homem? Nós abrimos a carteira do desgraçado e só tinha 2 reais dentro, homem! P*, homem! Só dá fita pra nós maiado (sic)”, completou.

A Polícia Militar do Ceará (PMCE) foi até a chácara das vítimas e realizou a prisão em flagrante do caseiro Francisco Pontes Miranda Filho, que confessou participação no crime. Ele alegou que precisava de dinheiro, por causa de uma dívida, e aceitou a proposta criminosa feita por membros de uma facção - para dar informações privilegiadas sobre as vítimas.

Dois suspeitos utilizavam tornozeleira eletrônica

As investigações realizadas pela Polícia Civil do Ceará (PC-CE) chegaram a dois suspeitos de participarem do sequestro: Denílson Filomeno da Silva, 25, e David Régis de Lima Rabelo, 36. Ambos eram monitorados pelo Sistema de Justiça por tornozeleira eletrônica.

Denílson - que já tinha passagem pela Polícia por porte ilegal de arma de fogo - sustentou que não participou dos crimes e que estava em casa, nos últimos dias. Com ele, foram apreendidos comprovantes de dois saques bancários de R$ 1 mil e outro, de R$ 970.

Já David - que responde por homicídio e porte ilegal de arma de fogo - afirmou que empresta dinheiro em espécie para pessoas que querem realizar o pagamento através de cartão de crédito, motivo pelo qual os cartões das vítimas teriam sido utilizados em uma maquineta que estava em sua posse. Foram efetuados três pagamentos, nos valores de R$ 1,9 mil, R$ 1,1 mil e R$ 1 mil, o que totalizou R$ 4 mil.

Prisões preventivas decretadas

O Plantão do 4º Núcleo Regional, da Justiça Estadual, converteu as prisões em flagrante de Francisco Pontes, Denílson da Silva e David Régis em prisões preventivas, como solicitou o Ministério Público do Ceará (MPCE), no último sábado (7). As defesas pediram pela liberdade provisória dos presos, mas não foram atendidas.

O juiz considerou que "materialidade do delito está presente, bem como há indícios suficientes de autoria, conforme consta nas declarações do condutor, testemunhas e vítimas".

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