Família presta homenagem a Alanis Maria 10 anos após o assassinato da menina

O condenado pelo crime, Antônio Carlos dos Santos Xavier, o ‘Casim’, continua preso

Escrito por Redação ,
Legenda: Alanis Maria teria 15 anos de idade hoje.
Foto: Foto: Arquivo

No perfil de uma rede social de Adairton Oliveira, pai de Alanis Maria, assassinada em janeiro de 2010 após ser sequestrada de uma missa e sofrer um abuso sexual, a criança ainda guarda o rosto ameno e angelical que se tornou eterno por causa de uma tragédia. Em dez anos, para a família dela, pouca coisa mudou. A perversidade não conseguiu matar o amor pela garota. Nesta terça-feira (7), exatamente uma década desde sua morte, a família da menina a homenageia em uma celebração na Igreja onde a tragédia se iniciou. 

A ‘Paz de Cristo’, às 20 horas daquele dia, marcou o tormento do casal. Alanis, raptada após uma celebração na Igreja Nossa Senhora da Conceição, no Bairro Conjunto Ceará, onde estava com os pais e a avó, foi violentada sexualmente e morta por Antônio Carlos dos Santos Xavier, o ‘Casim’, de 40 anos, segundo a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE).

Legenda: "É um vazio na alma que nunca irá ser preenchido" , desabafa mãe de Alanis
Foto: Alana Araújo

Apesar das buscas incessantes dos agentes, da família e dos amigos, e do rosto de Alanis estampado em diversos panfletos espalhados pela cidade, a menina só foi encontrada já morta às margens de um canal, entre arbustos, no dia seguinte ao desaparecimento, no início da noite de sexta-feira (8), na Rua Rui Monte, no Bairro Antônio Bezerra. Segundo a Polícia, ela estava sem as vestimentas próximo a uma camiseta vinho e um par de sapatos. 

Naquele dia, no qual foi encontrado o corpo de Alanis, a mãe e o restante da família, ao reconhecerem a menina, entraram em desespero. Hoje, após 3.650 dias de luto, a promotora de vendas, Ana Patricia Laurindo, narra o sentimento de perda da filha. “O sentimento é de saudade. Como eu digo a todos, é um vazio na alma  que nunca irá ser preenchido. Sinto saudade do tempo que passei com ela. Ela faz muita falta. Se passaram dez anos, mas, para mim, foi ontem que tudo aconteceu”, disse.

Ana Patricia, mãe de um casal de filhos, afirmou ainda sentir o mesmo peso da perda de Alanis diariamente. “Eu tive dois filhos desde a morte dela e pensei que, ao ser mãe novamente, o vazio pudesse ser preenchido, a dor ia passar. Mas não. Eu percebi que cada filho tem um lugar especial em você. Eu enxergo nos meus dois filhos uma nova forma de encarar a vida, um motivo para viver, porém a falta e o vazio que eu sinto dela será para sempre. A perda de um filho é algo que nunca superamos. Eu tenho Deus em minha vida e ele me dá forças para seguir, mas a saudade vai passar só quando eu morrer”, desabafou. 

A promotora de vendas, que se prepara para a homenagem de dez anos da morte de Alanis, na Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição, às 19 horas, afirmou temer a liberdade de Antônio Carlos, condenado a 66 anos de prisão, por quem tem sentimentos conflitantes desde o crime. 

“Eu tenho meus momentos de raiva. Eu fico revoltada, mas há momentos em que Deus me consola e eu entrego nas mãos de Jesus.Ele está preso, mas eu temo que, um dia, ele saia. Minha filha foi a terceira vítima dele e tenho medo que possa acontecer novamente.”

Julgamento e condenação

Antônio Carlos, de acordo com a Polícia, havia, antes de violentar e matar Alanis, estuprado uma garota de cinco anos, em 2000, e foi condenado a 23 anos de prisão, na época. Porém, ao receber progressão de regime, foi transferido para uma unidade prisional de regime semi-aberto. Em maio de 2008, ao fugir da prisão, cometeu outro abuso sexual antes de matar a vítima. 

Diagnosticado como psicopata, Antônio foi preso após cinco dias do assassinato de Alanis, no Terminal do Siqueira, em Fortaleza. Depois de sete meses, em um julgamento de cerca de 7 horas, no dia 25 de agosto de 2010, o abusador e assassino foi condenado por homicídio triplamente qualificado, estupro de vulnerável e ocultação de cadáver, por um júri popular, a 66 anos e cinco meses reclusão, conforme o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE).

O delegado Lira Ximenes, à frente das investigações do ‘Caso Alanis’ na época, relembrou os momentos decisivos da prisão de Antônio e da repercussão da morte da menina. “Havia uma tumultuação enorme da população sobre o caso. Após informações, nós conseguimos capturá-lo em um terminal da cidade. Por se tratar de uma criança, o crime me marcou minha carreira profissional. Acredito realmente que ele tenha problemas. Alguém normal não é capaz de fazer o que ele fez”, relembrou.

Conforme a Secretaria de Administração Penitenciária (SAP), Antônio Carlos dos Santos Xavier está preso no Sistema Prisional do Ceará, desde 2010, em regime fechado.

  
 

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