Estado volta a ter ataques a bancos após um mês e meio

Escrito por Redação ,
Legenda: Moradores de Amontada viveram momentos de terror, na madrugada de ontem. Dois bancos foram explodidos e residências vizinhas também foram afetadas

Moradores de dezenas de cidades do Interior sofrem com sucessivas investidas criminosas contra agências bancárias, no Estado. Na madrugada de ontem, foi a vez da população de Amontada (a 157 km de distância de Fortaleza), na Região Norte, lamentar o ataque a dois bancos. A ação criminosa encerrou a trégua de 44 dias sem registros de crimes contra os equipamentos.

Cerca de 15 homens fortemente armados explodiram as duas únicas agências bancárias de Amontada, do Banco do Brasil e do Bradesco, no Centro, por volta de 2h. Segundo um policial militar do Município, que preferiu não se identificar, a quadrilha invadiu os dois prédios simultaneamente e roubou uma quantia de dinheiro não divulgada pelos investigadores.

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS), três veículos foram incendiados pelos criminosos, na fuga. Um Fiat Uno em chamas foi deixado na estrada que liga o Município à Itapipoca, enquanto um Chevrolet Prisma e um Volkswagen Gol estavam no caminho para Aracatiara.

Houve troca de tiros entre o bando e a Polícia Militar, mas nenhum suspeito foi preso até o fechamento desta matéria. Conforme a SSPDS, equipes policiais de Itapipoca, Amontada, Miraíma e Itarema, além do Comando Tático Rural (Cotar) e do Batalhão de Policiamento de Choque (BPChoque), participaram das buscas durante o dia de ontem.

Moradores da cidade viveram momentos de terror. Temerosas, poucas pessoas quiseram falar com a reportagem. Um homem que mora próximo aos bancos contou que escutou barulhos estrondosos, seguidos de vários tiros, mas não viu quantos criminosos estavam envolvidos na ação. Pela manhã, o movimento no Município ficou aquém do normal, apesar da forte presença policial nas ruas. "Agora, não sei como vai ser", resumiu o morador, quando perguntado sobre as alternativas para sacar dinheiro no local.

A Secretaria da Segurança informou que a Delegacia Municipal de Amontada, da Polícia Civil, iniciou as investigações do caso, que serão repassadas para a Delegacia de Roubos e Furtos (DRF). A Perícia Forense do Ceará (Pefoce) realizou levantamentos nos bancos explodidos.

Mortes

No fim do mês passado, em Amontada, três criminosos que eram especialistas em roubos a bancos e planejavam novas ações foram mortos em confronto com policiais civis da DRF, da Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco) e da Unidade Tático Operacional (UTO).

No tiroteio, morreram Francinei Nobre da Silva, conhecido como 'Gangão'; José Sílvio dos Santos Vieira, o 'Silveira'; e Francisco Adriano Martins da Silva, o 'Macumbeiro'. Todos tinham extensas fichas criminais, que incluíam roubos, tráfico de drogas, homicídios e furtos.

A morte do trio, integrante da facção criminosa Comando Vermelho (CV), foi apontada como o estopim de uma série de ataques a ônibus e prédios públicos e privados, na Capital e no Interior, na semana passada. Pelo menos 30 ações criminosas foram registradas, em cinco dias.

Redução

O último ataque a um banco no Ceará havia sido registrado no dia 26 de junho deste ano. Na madrugada, criminosos tentaram arrombar uma agência do Bradesco, no município de Quixelô, na região Centro-Sul do Estado. Eles não conseguiram violar os caixas eletrônicos, mas deixaram dinamites armadas na agência, antes de trocarem tiros com a Polícia e fugirem.

Segundo dados do Sindicato dos Bancários do Estao do Ceará (Seeb-CE), o ano corrente apresenta uma redução no número de ataques a instituições financeiras, no Estado, em comparação a igual período de 2017. Foram 38 crimes no ano passado, contra 29 ocorrências neste ano, o que representa uma redução de 23,6%.

A lista revela que, nas ações criminosas, as instituições financeiras foram dinamitadas, arrombadas ou assaltadas, ou tiveram os caixas violados por maçaricos ou pés de cabra. Entre os crimes registrados neste ano pela Polícia, apenas 19 tiveram agências bancárias como alvo, enquanto dez miraram carros-fortes. No ano passado, 35 agências foram atacadas, e houve três ações criminosas contra veículos blindados transportadores de dinheiro, neste período.