Esquema milionário com participação de empresários no 'jogo do bicho' é desarticulado no Ceará
Foram cumpridos nesta sexta-feira (28) 10 mandados de prisão temporária
Mais um esquema milionário relacionado ao 'monopólio do jogo do bicho' foi desarticulado no Ceará. Nesta sexta-feira (28), o Ministério Público do Ceará (MPCE) e a Polícia Civil do Ceará (PCCE) deflagraram a 'Operação Jogo Incerto', cumprindo 10 mandados de prisão temporária e quatro mandados de busca e apreensão.
A reportagem apurou que entre os alvos estão, pelo menos, três empresários supostamente ligados a uma facção criminosa carioca. Dentre os mandados de prisão cumpridos, parte dos investigados já estava preso.
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De acordo com fonte da PCCE que participou das buscas, a movimentação financeira do bando era milionária: "um dos presos nos relatou que o repasse semanal dele girava em torno de R$15 a R$20 mil, isso somente um gerente de uma banca. Eles estavam tentando o monopólio em Pentecoste e Apuiarés, além de outras cidades como a região do Acaraú e Itapipoca", disse.
Os alvos da operação foram investigados em inquérito que apura a prática de associação criminosa e vários outros crimes conexos, incluindo tentativas de homicídio, roubos, ameaças e incêndio criminoso
QUEM SÃO OS ALVOS
Foram cumpridos mandados contra: Marco Antônio Bastos Gomes, João Victor Feitosa Rodrigues Rebouças, Paulo Laércio Basto Gomes, Márcio José de Lima Sousa, Wallacy Bruno Oliveira Góes, Pedro Gadelha Góes, Antônio Gleiberson Rosa de Sousa, Wivo Pinto de Freitas, Ian Pinto de Freitas e Antônio Francileudo Saldanha de Sousa.
Conforme o promotor de Justiça Jairo Pequeno Neto, os mandados de prisão e busca e apreensão se baseiam em uma investigação de mais de um ano. Jairo Pequeno acrescenta que o grupo cobrava de 10 a 15% das vítimas para permitir que demais loterias, não aliadas da facção carioca, funcionassem.
"Eles atuavam na monopolização dos jogos por meio de extorsões. A Polícia Civil e o Ministério Público vem mapeando e desestruturando a união de uma determinada organização criminosa com os jogos de azar na capital e interior do Estado. Nosso objetivo é desestruturar financeiramente a organização criminosa"
OS EMPRESÁRIOS
- Marco Antônio Bastos Gomes - Sócio administrador de uma loteria
- João Victor Feitosa Rodrigues Rebouças - empresário e sócio de loteria
- Paulo Laércio Bastos Gomes. Ex-sócio da loteria, desvinculando-se aparentemente após a aliança com a facção, mas as investigações apontam que ele continua exercendo gerência
O trio e Márcio José de Lima Souto, homem de confiança da empresa que lidava diretamente com a facção, sendo usado como meio de blindar os reais, já tinham sido alvos da 'Operação Saturnália', em outubro de 2022.
Na Operação Saturnália, a PCCE informou que criminosos movimentaram pelo menos R$ 25 milhões. Ainda no ano passado foram apreendidos 17 veículos (avaliados em quase R$ 5 milhões), cerca de R$ 800 mil em espécie, jóias, armas de fogo, documentos, computadores, máquinas e cadernos de contabilidade.
Na época, a defesa de Marco Antônio, João Victor e Paulo Laércio disse que eles já foram interrogados e prestaram relevantes esclarecimentos à Autoridade Policial, os quais estão sendo aprofundados pela atuação da defesa e "revelarão que as suspeitas que ainda recaem sobre si decorrem de incompreensões e de duelos de narrativas fomentadas por desafetos e concorrentes".